Capítulo 16: A surpresa

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Helô adormeceu de novo.

Não devia.

Tinha tanto trabalho atrasado...

Tinha que levantar, tinha que ir para a delegacia! Tinha expulsar Stenio da sua cama, da sua casa, da sua vida! Mas a cama ficava tão convidativa com ele ao seu lado... Que ela não resistiu. Apesar de não estar mais em seus braços, ela não demorou muito pra adormecer.

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Helô acordou com um barulho e estava prestes a pegar sua arma quando a porta do seu quarto se abriu e um gritinho infantil soou alto pelo quarto da delegada.

— VOVÓ! VOVÔ!

Ela viu Stenio acordar em um ímpeto, como se tivesse tomado um susto, mas não teve muito tempo para reagir antes que a criança de quase nove anos se jogasse na cama entre os dois.

— QUE SAUDADE!

— Pietro? — Stenio questionou, ainda desorientado.

Vovô! — o menino praticamente se jogou em cima de Stenio e meu coração parou por um minuto, temendo que ele tivesse se machucado.

Apesar da careta de dor, Stenio retribuiu o abraço do neto com força, fechando os olhos para apenas sentir.

— Eu te amo muito muito muito muitão!

— É mesmo, querido?

— Sim! Não quero que você morra! — a voz de Pietro se tornou chorosa e meu coração se apertou.

— O vovô não vai a lugar nenhum, meu amor!

— Promete? — Questionou, sem desgrudar do avô.

Helô teria uma séria conversa com Drica sobre o que deveria ou não contar para o neto de quase 9 anos.

— Prometo! Sua avó não vai deixar!

Pietro se desgrudou do avô e encarou Helô.

— Vovó!

— Oi, mocinho! Lembrou que eu existo?

— Nunca esqueci, vovó! — riu e se jogou em seus braços. Helô pegou o menino parcialmente em seus braços e o apertou enquanto o enchia de beijos, depois o menino se desvencilhou dela e olhando sério, questionou:

— Você vai proteger o vovô, não vai? — com as mãozinhas na cintura. Helô não sabia a quem ele tinha puxado.

— É claro que eu vou, querido! Eu sou a polícia, lembra?

— Vovô! Vovô! Você tem uma policial exclusiva!

— Tenho mesmo, não é? — Stenio olhou pra Helô por sobre os ombros de Pietro com o semblante de flerte.

Helô revirou os olhos em resposta e Stenio riu.

— Tá doendo muito? — Questionou, apontando para o braço e para o rosto de Stenio.

O semblante de Stenio mudou, mas ele tratou de disfarçar rapidamente para o neto. Entretanto, Helô tinha visto e entendeu.

— Um pouquinho.

— Mamãe me dar um remedinho especial quando tô machucado, vovô!

— É mesmo? Qual é?

— Primeiro um chamado dipirona! — Helô riu e Stenio a seguiu com a inocência do neto — Depois ela enche de beijinhos pra curar mais rápido! Posso te encher de beijinhos, vovô?

— Eu pensei que você nunca fosse perguntar!

Pietro se jogou nos braços do avô novamente, enchendo o advogado de beijos por todo o rosto, tomando cuidado especial nas áreas machucadas. Helô viu o momento em que a primeira lágrima desceu pelo rosto do advogado e sentiu seus próprios olhos encherem de água quando o advogado segurou o neto mais firme, como se tentasse o manter pra sempre ali com ele.

Where's My Love - Steloisa Onde histórias criam vida. Descubra agora