Capítulo 6: O cativeiro

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Aviso de gatilho: violência e tortura psicológica

P.s: chorei escrevendo esse, em!

Bom capítulo 🥳

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Arrancaram o pano que cobria os olhos de Stenio com força, fazendo com que sua cabeça fosse pra frente com a brutalidade. Acostumados com a escuridão, seus olhos arderam e queimaram por alguns segundos até se acostumar com a luz que entrava pelos buracos na madeira irregular da casa pitoresca no interior da Espanha.

— Bom dia, advogadozinho. — saudou seu captor com deboche — O que o doutor vai querer para o café da manhã? Ovos Porsche? Bacon? Panquecas? Cappuccino ou café gelado do Starbucks?

A boca de Stenio tinha gosto de ferro, amargo como o medo que sentiu durante todo o tempo em que ficou dentro do porta malas do carro até ali. Ele cuspiu no chão, tentando tirar o gosto ruim da boca antes de falar:

— Eu aceito todas as opções! — E deu um sorriso cafajeste, do jeito que usava em seu dia a dia para flertar ou manipular alguém. — Será que rola um pãozinho de queijo e um suquinho também?

E levou uma cotovelada em resposta.

Autch! — Reclamou com a dor do impacto enquanto sua cabeça voou para trás com a violência, batendo na parede de madeira atrás de si.

— Isso é pra você aprender que aqui você não é nada, doutorzinho de merda! Acha que pode ficar de deboche comigo? Acha que aqui teu dinheiro vale de alguma coisa? — o captor deu um soco na boca do estômago do advogado, que se encolheu de dor, caindo no chão duro. — Tu não é nada. Não passa de um pedaço de merda que vai ser nosso saco de pancada particular nos próximos dias! — cuspiu em seu rosto logo em seguida.

A venda foi colocada de novo nos olhos de Stenio e ele foi meio levantado meio arrastado para outro lugar, ainda mais escuro, mais frio e mais úmido do que o primeiro e jogado no chão de qualquer jeito.

-/-

Stenio não sabia quanto tempo tinha se passado desde que chegara ali. Os dias e as noites pareciam iguais quando usava uma venda pela maior parte dele e não tinha como olhar em um calendário...

Stenio só sabia que deveria ser um bom tempo!

Talvez uma semana, talvez um mês...

Quando se era acordado com baldes de água cheios de gelo e socos na barriga todos os dias, que forçavam as correntes que mantinha seus tronco erguido pelos braços a meio centímetro do chão por uma corrente enferrujada... dias, meses e anos não eram tão diferentes.

Deveria ter feito o que seu instinto dizia! Devia ter abandonado o caso antes mesmo de viajar até a Espanha, sabendo que aquele cliente era mais problema do que benefício... mas a raiva de Helô por suas palavras crueis misturadas a sua vaidade de sempre ganhar e a sua ganância, o levara até ali...

Sentado em uma poça de sua própria urina, no escuro de uma casinha que parecia abandonada por fora e por dentro, se não fosse os homens que a guardavam fortemente armados, acorrentado ao chão frio, sentindo tanto frio que seu queixo tremia e seus dentes batiam um no outro com força. Sentindo tanta fome, mas tanta fome que seu estômago se retorcia de dor e parecia prestes a se engolir... E tanta, mais tantaaaaa sede que sua boca estava rachada e seus olhos secos.

Amigo... — chamou o guarda mais próximo com a voz áspera por conta da garganta seca, que arranhava dolorosamente — Amigo! — Tentou novamente mais alto ao ser ignorado.

Where's My Love - Steloisa Onde histórias criam vida. Descubra agora