parte X

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Jiwoo

Como combinado, eu iria jantar com Ha Sooyoung e suas filhas gêmeas, o que se você tivesse me dito uma semana atrás, logicamente riria na sua cara. No entanto, foi um involuntário convite feito por mim, que aparentemente estava sofrendo de algum tipo de surto alucinógeno e propus um jantar num dia útil quando eu mal tenho tempo de dormir.

Não queria pedir favores para Jungeun. Não que ela fosse negar trabalhar uma hora por mim, mas ela já faz muito desde que vim trabalhar no Bonne Vue. Ela é uma ótima companheira apesar de eu ter me fechado completamente após... Bem, você sabe bem o quê. Me tornei um pouco mais reclusa e discreta, e eu preferia pedir ajuda para Jungeun quando fosse uma ocasião mais importante, eu poderia sair rapidamente do trabalho em meu horário habitual e fazer tudo às pressas para estar pronta para o jantar.

No entanto, aparentemente nada na minha vida acontece para dar certo.

Antes de sair do trabalho, vi as gêmeas descendo daquele grande carro preto com o auxílio de recepcionistas do hotel. Apenas Yerim deu um sorriso para o funcionário, Yeojin estava ocupada com fones de ouvido a segurar o iPad entre as mãozinhas. Apesar de irritantemente esnobes, elas eram uma gracinha!

Gostaria de ter pego o ônibus para minha casa, pois economizaria dez minutos de caminhada, porém, ele não passou nos cinco minutos que fiquei plantada no ponto esperando. Quando estava a pelo menos três metros de distância, o ônibus parou, recolheu cinco passageiros e seguiu viagem, o que parecia ser um teste de paciência difícil de passar.

O plano era simples: pegaria Hyeju na casa da senhora Ahn, lhe daria banho, pentearia os cabelos, escolheria sua roupa mais bonita e a deixaria pronta, para que eu só precisasse de banho. Mesmo com todo o planejamento, nada estava indo ao meu favor. A começar pelo ônibus e, agora, pelo grande desencontro com a minha vizinha.

Assim que chego em minha rua, passo pela minha residência e vou direto para a casa da senhora Ahn. Toco a campainha a primeira vez e aguardo ansiosamente, olhando o horário em meu relógio de pulso. Espio pelo vidro ondulado nas laterais na porta, notando que tudo está escuro dentro da residência. A senhora Ahn não costuma dormir cedo, muito menos antes de eu buscar Hyeju. Sempre que chego, ela está assistindo a um programa de auditório, gargalhando e conversando besteiras com minha filha.

Começando a ficar nervosa, toco a campainha mais duas vezes; ninguém atende. Meu coração rapidamente dispara, me fazendo tocar a campainha três vezes. Saco o celular do bolso e disco para o telefone fixo da senhora Ahn, ouço-o tocar dentro da casa silenciosa e ninguém atender, apoio a mão livre na porta por sentir uma tontura. Acredito que seja o combo de aflição e não ter almoçado hoje; utilizei o horário que seria do almoço para fazer hora extra e garantir um pouco mais de dinheiro no final do mês, estava me mantendo de pé o dia inteiro com uma barra de cereal horrível.

Minha respiração acelera e eu desço os dois degraus que ligam o jardim à varanda da senhora Ahn, buscando em meus contatos o número de sua filha. Lembro-me que uma vez, a senhora Ahn teve uma queda brusca de pressão e sua filha, Hyojin, me deu o seu número, para caso ocorresse novamente, eu lhe ligasse. Antes de dormir, Chan sempre ia na janela da vizinha perguntar se estava tudo bem, e ela sempre dizia "vá, meu querido, avise a minha filha que você já me checou!".

Chan gostava de se certificar que os idosos da nossa rua estavam seguros, então sempre que podia, estava cuidando deles.

Ligo para Hyojin e aguardo chamar seis vezes até sua voz baixa atender solenemente:

- Olá! - ela diz.

- Hyojin?! Olá, tudo bem?! Aqui é Kim Jiwoo, vizinha da sua mãe!

- Oh, Jiwoo, claro! - ela faz uma pausa, como se estivesse indo para um local onde pudesse fazer barulho.

the loneliest time ✦ chuuvesOnde histórias criam vida. Descubra agora