parte XXXIV

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Jiwoo

O dia no hotel foi mais corrido do que em qualquer outro período do ano. Normalmente, não recebemos tantos hóspedes nessa estação, as pessoas preferem vir para Jeju no verão porque temos belas praias e um clima agradavelmente quente. No inverno, as pessoas costumam ficar em Seul para curtir a neve e a programação natalina.

Recebemos diversos hóspedes novos e o número de check-out ficou muito mais baixo do que programamos. Imaginei que ficaríamos com baixa na ocupação e me programei para relaxar e trabalhar com menos intensidade, no entanto, acho que alguém notou o meu plano e decidiu enviar todos os turistas para Jeju em pleno inverno sul-coreano. Para um todo, recebemos com alegria e atendemos aos seus pedidos com agilidade.

O Hotel Bonne Vue contratou alguns novos funcionários. Pelo que Chaewon me reportou, Kahei deu preferência aos que já possuíam experiência no ramo da hotelaria devido à grande demanda, e foram poucos aqueles contratados sem experiência alguma. Com a adesão do plano de saúde e o auxílio psicológico, acredito que a oferta de procura de funcionários foi grande, já que tínhamos um trânsito intenso de pessoas com seus currículos em busca de um emprego.

Tenho de admitir que o sucesso do Bonne Vue não se dá apenas por suas estrelas e pelos funcionários competentes que o faz funcionar, mas por Ha Sooyoung ser um nome realmente influente. Já tínhamos uma boa fama adquirida com os outros administradores, mas a forma como a sua chegada transformou esse hotel num grande evento fixo me deixou espantada.

Apesar de preferir ver tudo como se fossem flores, a realidade distancia dessa minha visão. Em meio aos inúmeros novos hóspedes que recebemos, uma visita nos chamou a atenção e só quando notei a expressão de Sooyoung misturada em raiva e espanto que pude entender de quem se tratava. Estávamos recepcionando os hóspedes quando nossa entrada foi tomada de fotógrafos, nossos seguranças se alinhavam para mantê-los longe da mulher que estaria saindo dele, e assim que ela o fez, pude entender do que se tratava.

Eu nunca fui muito amante de esportes como Chan era, normalmente, eu acompanhava bem de longe e incluía nos exercícios de Hyeju para ela gastar energia e não ficar parada em pleno sedentarismo, do pouco que conhecia, sabia que Chu Sojung era um nome forte no basquete, ela foi uma ótima jogadora quando mais jovem e, atualmente, atuava como técnica de um time norte-americano que rendeu muitas vitorias para o seu currículo.

Em algumas conversas que tive com Sooyoung, ela me alertou que sua antiga companheira era uma esportista muito famosa, mas eu nunca imaginei que era um dos ícones do basquete feminino na Coreia do Sul. Ela era um pouco mais alta do que o que eu via na televisão e muito, mas muito bonita. Ela tinha um ar sexy que se eu não soubesse de seu passado com Ha, com certeza cairia aos seus pés.

Ela me despertou alguns maus sentimentos e algumas inseguranças, mas nada se compara às expressões de Sooyoung. Quando Sojung chegou ao saguão e solicitou falar diretamente com ela, um grande silêncio se fez, as pessoas tiravam fotos dela à distância para poder provar que ela estava de volta, em casa, e ela sempre fazia poses estratégicas para parecer natural.

Não gostei nem um pouco de como ela me olhou de cima para baixo, mas eu também não julgo, a roupa que usamos de uniforme é bem feia e não vejo a hora de aderirmos aos novos modelos, preferencialmente, calças e que nos faça parecer ter a idade que temos.

Chaewon estava no mezanino, ela disse que ficaria ocupada no almoxarifado, mas óbvio que ela ficou escutando atrás da porta a intensa discussão criada entre Sooyoung e Sojung. Nada chegou a mim e isso me tornou curiosa. A parte importante é que a minha casa ainda está interditada e quando meu turno finalizou, pude subir para o meu quarto.

Hyeju está se adaptando bem à vida no hotel, e claro, quem não se adaptaria?! Um café da manhã incrível todos os dias, a distância muito menor de sua escola, piscina, parquinho e um ambiente melhor para estudo. Era o sonho de qualquer criança, mas assim como eu, ela também sentia falta de dormir em seu quarto, na sua cama, ter a sua casa para ir e voltar todos os dias depois de suas tarefas.

the loneliest time ✦ chuuvesOnde histórias criam vida. Descubra agora