Namorados.

Tio Kenny.

– Precisamos mesmo resolver isso agora?

– São oito da noite? — Ironizou com um tom de confusão/indignação.

– Você pode dormir às quatro da manhã, mas eu não! Tá, tá. — Mike concorda quando o amigo não parece ceder.

– É que... Eu prometi para mim mesmo que faria isso por ele, sabe? Se voltarmos até de manhã ele não vai perceber.

– Correr atrás de um lunático não parece a melhor decisão antes do seu casamento. E se ele te der um tiro sem nem ao menos conversar?? — Questionou.

– Ele não é um lunático quando se trata do filho da irmã, vamos Mike, vai ser rápido! — Insistiu.

– Rápido é a cabeça da minha... — Sussurrou. — Ok, vamos!

– Eu ouvi isso! — Reclamou.

Partiram não muito depois, indo até o quartel da polícia militar.

– Erwin? O que faz aqui tão tarde? — Nile os recebeu.

– Eu que te pergunto, brigou com a esposa? — Nile não mora no quartel.

– Ah, tipo isso... Mas e você?

– Vim ver Kenny, ele já está sabendo. — Foi direto.

– Kenny? Por quê?? — Perguntou confuso.

– Vou me casar com o filho dele, acho válido chamá-lo... Inclusive, você também está convidado.

– Você vai se casar??! Assim, do nada? — O Comandante pareceu surpreso.

– É uma história complicada... — Desviou o olhar. — Enfim, estamos indo.

– Claro... Vou levá-los até o quarto dele.

Passando pelos corredores do quartel, chegaram no esquadrão de Kenny e, por consequência, ao seu quarto.

– Kenny! Você tem visitas. — Estranhamente mudou seu tom, bom, fazia sentido o assassino de policiais militares e o comandante da polícia militar não serem amigos.

– Oh, meu genro chegou? — Riu do outro lado da porta.

Levou um tempo para abrir, impressionando os homens com a organização do quarto. Certamente esperavam uma bagunça imensa e um cheiro podre, mas encontraram o completo oposto.

De qualquer forma, Levi precisou aprender com alguém seu maior passatempo.

– Que cara de surpresa é essa?? Se vocês são porcos o problema é de vocês! — Notou os olhares. — Entrem, não vou fazer nada com os princesos.

Erwin reparou na decoração do quarto, o noivo não tinha um gosto tão diferente do pai, afinal.

Era realmente simples, de diferente, só um desenho na mesa cabeceira.

– Ah, você não o conheceu. Nem tente lembrar.

Era um senhor, tinha os olhos incrivelmente claros e os cabelos brancos, no desenho, era bem menor que o próprio Kenny.

– Bem, agora me diga, o que fez meu sobrinho mudar de ideia tão rapidamente? Quando era criança vomitava só de pensar em se casar. — Se sentou e indicou a poltrona a frente.

O Comandante da polícia militar se despediu dos outros, indo para seu escritório, segundo ele.

– Aconteceram algumas coisas para que o casamento fosse as pressas... Mesmo que já planejasse o pedir em algum momento.  — Falou se sentando.

– Hmm... — Pensou. — Sabe, sobrancelhas... Eu não sou o pai de Levi, então não sei exatamente o que você planeja vindo aqui. — Suspirou.

– E no entanto, até a forma de me apelidar dos dois é igual. — Erwin pensou.

– Bom, de qualquer forma, eu vou até lá, só não me faça fazer tradições entre pais e filhos, eu nunca tratei o garoto como tal. — Aceitou no fim. — Não faça essa cara de quem ganhou algo, idiota. Agora vão embora, detesto visitas essa hora da noite.

Foram praticamente enxotados do quarto, só tendo tempo para um "tchau" a Nile antes de partirem.

Entrou no quarto de fininho, tentando de verdade não fazer um único barulho, mas portas de madeira são, com certeza, seu maior inimigo nessas horas.

– Onde estava? — Levi estava acordado, não só isso, mas realmente ativo.

Estava experimentando algumas roupas, essa calça era especialmente apertada para ele.

– Quando foi que comprou uma calça de látex? — Olhou bem para as pernas do menor, como se estivesse vidrado naquilo. Bom, ele não reclamaria de ter aquela visão queimada em suas retinas.

– Responda a minha pergunta. — Disse em tom de ordem.

– Eu precisei ir resolver algo de último hora, estava no quartel da Polícia Militar com Mike. — Respondeu abraçando o moreno por trás.

– Erwin...

– Oi! — Disse simpático beijando o pescoço do outro.

– Se você me trair... — Colocou a mão sob o órgão genital do outro. — Eu juro que corto seu pau fora com a faca mais cega que encontrar. — Apertou um pouco o local antes de soltar. — E sem pegação antes do casamento, você já esqueceu??

– Podemos combinar de não ameaçar também?? — Levou suas mãos até a região, era um pequeno aperto do homem mais forte do mundo.

– Hm, não. — Olhou para algumas roupas dobradas e suspirou. — Eu tenho essas roupas a tanto tempo e nem servem mais, acho que por estarem bem no fundo do armário. — Bateu na própria coxa. — Por exemplo, essa calça era justa mas não assim!! — Fez alguns movimentos como se abaixar, rebolar ou andar. — Parece que vai rasgar a qualquer momento!

– Me parece boa ainda, por que não dá uma segunda chance? — Observou o moreno "testar" a calça.

– Hm... Bom, eu vou lavar, se ficar mais molinha eu guardo. — Retirou a calça com certa dificuldade. Vendo o maior desviar o olhar rapidamente, dando privacidade ao outro. — Erwin, pode olhar. — Riu anasalado.

– Melhor não... Eu vou... Tomar uma água. — Se decidiu a sair do local, deixando o noivo confuso.

Foi até o lado de fora do quartel, sentindo o clima gelado típico das muralhas.

– Ah, eu esqueci de treinar ontem. — Pensou enquanto olhava os calos de sua mão.

Já no dia seguinte, Levi se preparava para ir até as montanhas onde a tão necessária flor se encontrava.