Cap.02 A casa na floresta

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•Nuank•

Estava em sua casa, sua casa grande e bonita na Vila do Caires. Da sala conseguia avistar ela na cozinha, sua mãe, linda, a pele negra refletia a luz como se fosse prata, seus olhos eram escuros, grandes e cheios de amor, na cabeça ela usava um lenço vermelho para prender os cabelos, estava sovando uma massa, provavelmente era pra alguma torta salgada. Ele se levantou e foi ajudar ela, era assim que fazia desde pequeno, lavou as mãos em uma bacia com água e foi para a mesa sovar massa, ela sorriu para ele, seu sorriso podia iluminar o mundo. Até que aquele assobio agudo e terrível soou nos ouvidos, eram eles, haviam chegado, era o início do fim o prelúdio da morte...

Nuank acordou assustado, mãos seguravam seus ombros, havia alguém sobre ele, os olhos ainda ardiam de sono não conseguia ver nada além de uma silhueta escura, mais os ouvidos já estavam despertos e atentos, reconhecia aquela voz que chamava seu nome baixo, era Cosmi.

—Cosmi?!. A voz saiu pesada e falhando.

—sou eu acorde!. Dizia o garoto, era ele, de fato era ele.

Nuank pulou em seu pescoço e lhe envolveu em um abraço desesperado e aliviado ao mesmo tempo.

—onde você estava, o que aconteceu? Eu... Eu pensei... Pensei em tantas coisas. A voz carregada de emoção.

—me desculpe ter sumido, é uma longa história, mais você tem que vir comigo e depois eu te explico. Disse ele saindo do abraço.

—é bom mesmo.

A julgar pelo céu pouco definitivo de Torbelário, imaginava que aquela hora era madrugada, o raiar do dia estava próximo, as nuvens estavam tingidas de um azul muito pálido e logo se tornariam cinzas de novo. Nuank se levantou, uma pontada de dor na nuca o fez se alongar, pegou seu saco de maçãs e seguiu Cosmi para fora da praça.

—então, já pode começar a me explicar, quero saber aonde esteve, e o que estava fazendo. Declarou sentido ainda aquele misto de irritação e alívio por Cosmi estar bem e vivo.

—tá aconteceu uma coisa meio difícil de explicar, e eu espero que você acredite em mim. As ruas ao redor da feira ainda estavam um pouco escuras então não dava para ler muito das expressões do garoto.

—eu também tenho uma dessas pra você, então comece você primeiro.

—tá é... Por onde eu começo... Bem, nós nos separamos, você foi pela esquerda e eu pela direita certo?.

—sim. Concordou para que ele continuasse.

—então eu fui pela direita e continuei indo, estava olhando as barracas e não estava encontrando nada, eu nem reparei muito pra onde estava indo até entrar nessa rua. Cosmi gesticulou mostrando a rua ao redor. As casas ali eram velhas porém melhores que àquelas no Penico de Jó. —durante o dia a feira se estende até essa rua, tinha algumas barracas e carroças por aqui também, e eu fui indo, quando dei por mim estava lá no final.

A rua era longa e larga, havia bastante espaço ali para colocar barracas.

—e o que há lá no final?. Perguntou Nuank.

—a mata. Ele falou como se fosse algo óbvio, mais Nuank não conhecia tão bem essa região, não sabia que a mata ficava tão perto da cidade assim, Cosmi continuou. —daí quando cheguei bem lá no final e me deparei com as árvores e o mato, eu ouvi uma coisa.

—não faça suspense como se estivesse contando uma fábula Cosmi, fale tudo de uma vez. Falou com impaciência.

—ok, ok, calma, então eu ouvi a voz de uma garotinha, parecia que estava vindo de dentro do mato, então eu fui dar uma olhada pra ver se de fato havia uma garotinha no mato, só que não tinha.

Arautos do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora