Cap.16 A espreita da presa

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•Onisciente•

O dia do festival chegou, era um momento histórico e memorável para Torbelário, pelo menos para os Altos deveria ser. O Duque Michell Armstrong chegou pelos portões ao leste da cidade com pompa e circunstancia, uma carruagem imponente trazida por cavalos brancos seguida de duas  intermináveis fileiras com sua comitiva. O local de recepção do Duque não foi aleatório, a zona mais ao leste de Torbelário era o que se tinha de mais moderno na cidade, havia uma muralha em estágio inicial de construção e portões grandiosos na entrada.

O primeiro a receber o Duque foi o Lorde da Guarda da cidade, Rikardo, esse montou um destacamento especial meramente cerimonial para escoltar o Duque até o local onde ocorreria as festividades de fato. Não muito distante dali uma praça nova recém construída frequentada pelos Altos seria o local definitivo do festival. Os humanos participavam da festa apenas trabalhando, foram eles que montaram a maioria das estruturas presente no local, como por exemplo as grandiosas tendas nas quais os nobres Altos iriam passar a maior parte do dia bebendo e fofocando, do lado de fora um palco com bardos e trupes musicais, algumas barracas de comida e arenas para as mais diversas modalidades de competição, tiro ao alvo, malabarismos e acrobacias, corridas de animais e a mais terrível de todas, a arena de luta corpo a corpo entre humanos e Altos. O festival estava previsto para durar cinco dias, o tempo exato que duraria a visita do Duque Armstrong.

O governador de Torbelário era um Alto chamado Angelos Archelar, orgulhoso, superficial e prepotente, seu maior trunfo político era pertencer a um ramo pouco relevante de uma família que traçava sua linhagem até a família real. Fora esse fato supérfluo, Angelos era uma figura completamente patética, não era de se espantar que a maioria da população de Altos de Torbelário que ia da plebe a nobresa mantivesse um respeito postiço pela figura de Angelos, o homem não entedia profundamente de política, de economia e nem administração, o único ponto ao seu favor era a diplomacia, já que gostava de falar como um papagaio e tinha grande apreço pelas aparências mesmo que por trás fosse tudo oco.

Enquanto isso na mansão do caos Nuank se revirava de ansiedade na cama, estava louco para ir a cidade ver com seus próprios olhos aquela patifaria que os Altos prepararam, mas havia combinado com seus colegas que não agiriam durante o festival e isso lhe castigava a mente. Não devia ter concordado com isso. Pensou durante o jantar cercado pelos colegas. Naquela noite quando foram se deitar, Kay quis ir para o quarto dele ter uma daquelas noites quentes e prazerosas, mais Nuank não permitiu e alegou indisposição, entrou e fechou a porta atrás de si. Mais tarde naquela mesma noite por volta da meia noite, Nuank foi até a varanda de seu quarto respirou profundamente e então explodiu em mil pétalas de flor que subiu rodopiando para o céu noturno.

•Nuank•

Nunca tinha voado durante a noite, as correntes de vento pareciam mais fortes e o ar era bem mais frio, mais nada disso atrapalhava, na verdade estava sendo um tanto emocionante. Já tinha sobrevoado Torbelário durante o dia e tinha um vislumbre geral da cidade, mais durante a noite o clima era um pouco diferente, as luzes de tochas nas ruas e lanternas dentro das casas faziam a iluminação noturna da cidade. Do alto quase parecia um lugar bonito, quase. O céu como de costume era uma massa impenetrável de nuvens por tanto não havia lua e nem estrelas, o destaque ficava realmente no chão. Ainda de longe Nuank conseguiu perceber a agitação que vinha daquela praça ao leste, havia mais iluminação nela do que nas outras, sons e ruídos ecoavam pelo ar, era ali que acontecia a festa.

Um formigueiro barulhento e colorido, era isso que parecia visto do alto, Altos alegres e bêbados cantando e dançando nas ruas, humanos gerenciavam fervorosamente suas barracas de comida, uma trupe de homens humanos tocavam instrumentos em cima de um palco, a música alegre deles era o que dava o clima de letargia do ambiente. Na parte mais ao norte da praça, cinco grandes tendas vermelhas abrigavam a nobresa de Torbelário, havia guardas armados na entrada de cada uma delas. Uma movimentação estranha nos fundos de uma das tendas lhe chamou a atenção, Nuank viu que havia algumas pessoas saindo, dois Altos bem arrumados eram escoltados por alguns guardas até uma carruagem discreta, uma mulher Alta também estava na companhia deles, os três entraram na carruagem e um cocheiro sentado na frente deu a partida, a escolta de guardas foi a cavalo, uma formação de defesa ao redor daquela carruagem, cinco guardas seguiam junto com eles.

Arautos do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora