Cap.14 Olhando de cima

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•Onisciente•

Haviam se passado duas semanas desde o ataque dos Arautos. Os ataques aos postos de vigilância foram bem sucedidos na quilo que se pretendia, ascender uma fagulha de caos no amontoado de palha que era Torbelário.

Desde que tomou ciência dos fatos ocorridos, Rikardo, Lorde da Guarda da Cidade, iniciou uma caça as bruxas. Quatro guardas mortos e dois gravemente feridos foi o saldo final da investida dos Arautos, um número chocante e inacreditável, afinal como meros humanos teriam cometido uma barbárie dessas, esse era o principal pensamento do Lorde da Guarda nos últimos dias. Desde então deu a Ravina a missão de investigar esse ultraje, precisavam urgentemente descobrir quem teria o poder e a audácia de matar guardas Altos armados assim, esse era um fenômeno novo até então na história deles. E para complementar as dores de cabeça do Lorde da Guarda, o governador estava disposto a oferecer um festival comemorativo na cidade, isso porque em breve Torbelário receberia a visita do Duque Armstrong, um importante nobre da capital que viria junto com toda a sua família e uma comitiva legionária.

Ventos estranhos estavam se aproximando, Torbelário que por natureza já era opressora e sinistra estava vivendo dias de pesadelo. Isso porque a capitã Ravina era uma verdadeira águia, feroz e sanguenolenta, e estava comandando as investigações dos atentados com mão de ferro.

Centenas de humanos foram presos e torturados na esperança de conseguirem alguma confissão, algum relato que pudesse elucidar as investigações, mais ninguém sabia de nada, pelo menos era isso que a maioria deles alegava. Mas mais cedo ou mais tarde algum deles iria falar, algum dos malditos humanos tinha que ter alguma resposta, e as sessões de interrogatório sádico de Ravina começaram a surtir efeito. Encontrando os indivíduos certos eles trouxeram dados interessantes sobre o que ocorreu. Segundo eles teriam visto dois homens humanos usando magia na luta contra os guardas, outros também alegaram terem visto coisas estranhas no Penico de Jó, um vulto branco que corria como o vento e umas estranhas pétalas de flores voando por aí. Levou quatro dias de interrogatórios até Ravina descobrir o suposto nome do grupo que teria cometido os atentados. Arautos do Caos. Um nome bastante ridículo, pensou a capitã. Tudo era muito esquisito, naturalmente humanos não possuem o dom da magia, e os relatos de alguns dos presos diziam terem visto coisas inacreditáveis, como explicar isso?. Foram dois ataques em dois locais diferentes da cidade, fazia sentido ser um grupo, e ao que tudo indicava eles eram pelo menos quatro, mais no meio de uma cidade cheia de humanos como iriam descobrir seus nomes, seus rostos?. A investigação continuava.

Enquanto isso na mansão do caos, os Arautos viviam belos dias e noites de amor. O treinamento com Estin continuava, era diário, afinal ainda havia muito o que aprender sobre suas habilidades. Emet estava iniciando seus estudos de anulação de feitiços, e em contrapartida à isso Nuank estava o ensinando a ler.

Kay também estava trabalhando na sua habilidade de invocação, e descobriu que através de um feitiço poderia aprisionar almas dentro das suas criaturas de sombras, seu lobo foi o primeiro teste desse feitiço. Como nos velhos tempos ele saiu em uma caçada, junto com Estin ele encontrou um jovem lobo cinzento sem matilha nas redondezas da floresta em volta da mansão, teve de capturar e sacrificar o bicho, e então aprisionou sua alma dentro do grande lobo de sombras.

Nuank estava indo frequentemente a Torbelário, dia sim, dia não sempre usando roupas que se camuflavam facilmente na multidão, ele andava pela cidade conversando com desconhecidos na busca por informação, queria saber das repercussões dos ataques. Em parte ficou animado ao saber da aceitação que a população teve com os ataques misteriosos, mas por outro lado a culpa lhe estraçalhou ao saber do clima de apreensão da cidade por conta das investigações da capitã Ravina, pessoas inocentes foram presas e torturadas por conta das ações dele, e isso lhe deu mais lenha para adicionar a fogueira de ódio aos Altos. Certo dia em uma de suas visitas a Torbelário descobriu sobre os preparativos para o festival que iria acontecer na cidade. No mercado do peixe enquanto comprava salmão e casualmente conversava com o vendedor, descobriu que um nobre de alta patente iria visitar a cidade e por isso o governador iria oferecer esse festival, nesse dia Nuank voltou pra casa com mais do que salmões.

Cosmi além de seguir também com seus treinamentos passou a sentir uma inquietação interna que não sabia dizer o que era. Quando o pátio de treinamento na parte dos fundos da casa passou a ficar pequeno para ele, Cosmi começou a correr pela floresta, depois de dois dias ele jurava já ter ido a todos os cantos da Floresta Azul. Foi em uma manhã durante sua corrida que Cosmi desvendou sua inquietação, ele podia percorrer quilômetros em poucos minutos, poderia ir para onde quisesse. De alguma forma essa ideia sempre esteve em sua cabeça, só não tinha os meios para realizá-la, Cosmi decidiu visitar o lugar de onde ele veio, a Vila do Caires.

Arautos do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora