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𝗔𝗱𝗱𝗮𝗺𝘀, 𝖶𝖾𝖽𝗇𝖾𝗌𝖽𝖺𝗒.

Estou terminando de fazer as minhas tranças quando Enid fala:

— Você está como sempre, Wandinha. Me deixe fazer uma maquiagem, coloque algo mais chamativo. É o seu primeiro encontro!

— Essa sou eu. - Me virei cruzando os braços. - Não irei me maquiar, e me recuso colocar roupas coloridas. Jamais quero parecer um arco-íris.

Eu estou com um vestido de mangas curtas meio rodado, e um tênis. Igualmente pretos.

Logo escuto algumas batidas na porta. Deve ser Xavier.

Acenei para o Mãozinha abrir a mesma.

— Oi, Enid. Wandinha, você está linda! - Sorriu me olhando de cima a baixo.

— Eu sei. Mas obrigada. - Peguei meu celular e caminhei em direção a porta. - Vamos, antes que eu desista.

— Tchau Enid. Ah, o Ajax quer te ver. - Falou e fechou a porta.

Descemos as escadas e atravessamos os portões de Nunca Mais em silêncio.

— Se produziu toda para mim? - Perguntou brincalhão.

— Fale isso novamente e vai sentir a minha fúria. Rasgarei a sua pele sem nenhum remorso. - O fuzilei.

— Vai com calma. - Me encarou tentando fingir naturalidade.

— Calma não é minha especialidade. - Fui fria.

Quando chegamos no cinema, fomos até a fila para comprar os ingressos.

— Qual o gênero do filme? - Indagou vendo que seríamos os próximos.

— O melhor. Terror, obviamente. - Dei um mini sorriso, quase impossível de ver. Mas Xavier percebeu.

— Quase não vejo um sorriso estampado aí. Mas é lindo. - Um grande sorriso surge em seu rosto.

Bonito por sinal.

— Não merecem ver, e eu não tenho motivos para mostrar. - Desviei o olhar dele, para o chão.

— Eu vou comprar a pipoca enquanto isso. Aqui o dinheiro dos ingressos. - Se afastou e foi para a outra fila.

Comprei os ingressos para a próxima sessão de um dos filmes da trilogia "Jogos Mortais".

Senti estar sendo observada, e pensei ser Xavier. Mas quando o olhei ele estava pedindo a pipoca. E eu ainda sentia um olhar pesar em mim. Decidi ignorar e fui até o Thorpe.

— Pronto? - Perguntei olhando em volta.

— Sim. - Me olhou estranhando. - O que houve?

— Sinto estar sendo espreitada.

— Deve ser impressão. - Me entregou um balde de pipoca, e passou o braço pelo meu ombro.

Senti um frio na barriga. Deve ser o tempo, ou fome. Não sei dizer.

— Agora eu digo: "Vai com calma". Bem ousado. - Dissertei e tirei o toque do meu corpo.

Fomos para a sala do cinema e nos sentamos.

Logo o filme começa.

Quando coisas maneiras aconteciam no telão, Xavier parecia assustado. Eu ria com sadismo. Fraco.

Quando a sessão acabou, ele me olhou ainda um pouco horrorizado.

— Por que vocês são tão frágeis? São coisas bizarras. Ou seja, maravilhosas! - O olhei confusa.

— Para você! Veja só, uma gótica que gosta dessas coisas. Eu, um designer que gosta de filmes animados. Se unem de tal forma! - Foi debochado.

— Eu acho que unem. - Me levantei.

Ele riu e saímos da sala, logo saindo do cinema. Já estava de noite.

— Quer beber algo no Cata Vento? - Me olha e eu apenas assinto.

Atravessando a rua sinto a brisa gélida bater em minha pele pálida, me arrepiando.

Chegando lá, lembrei-me daquele garoto sórdido. Acabei rindo sem humor.

Nos sentamos e logo o novo garçom veio.

— Já sabem qual será o pedido?

— Um capuccino, e... - Xavier me olhou querendo que eu complete.

— Um quádruplo.

Eu e o Xavier ficamos conversando sobre o filme, os nossos cafés chegaram e o diálogo continuou a fluir.

Até meu celular vibrar sobre a mesa.

Mensagem de número desconhecido. Abro e confirmo as minhas suspeitas. Eu estava sendo observada. Mostrei as fotos para o Xavier, que ficou boquiaberto. Eu achava que o stalker me seguia apenas na escola.

São três fotos no total: Uma tirada no exato momento que o Xavier laçou seu braço em meu ombro na fila do cinema, outra já na sessão do filme, e a última aqui no Cata Vento. O safado, ou safada, tirou pelo lado de fora.

Acabei balançando a cabeça em negação encarando o lado de fora pelo vidro. Acabei estremecendo de frio, até aqui está.

Em uma mão eu segurava o café, e a outra estava vaga em encima da mesa. Quando eu menos esperava Xavier pegou na mesma me causando um choque pelo corpo todo, mas desvencilhei de seu toque.

— Está com frio? Suas mãos estão como pedras de gelo. - Encarou as mesmas.

— Talvez um pouco. Mas quem liga? - Dei de ombros fingindo não me importar.

— Eu ligo, tome a minha jaqueta. - Fez menção de tirar.

— Não precisa.

— Claro que sim. Eu não me importo, pegue. - Insistiu.

Meu olhar se intercalou entre seus olhos e a jaqueta. Peguei a mesma e vesti. Que mal teria? Está mesmo frio.

— Obrigada. - Falei simples.

Ele pagou os cafés e fomos embora.

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Próximo é continuação, com o Xavier narrando.

𝘄𝗲𝗱𝗻𝗲𝘀𝗱𝗮𝘆 𝗲 𝘅𝗮𝘃𝗶𝗲𝗿Onde histórias criam vida. Descubra agora