Capitulo 01: Um dragão solitário

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DAEMON I

Uma brisa leve bate em meu rosto, enquanto observo a árvore onde contava minhas histórias de guerra para Laena. Faz seis anos que ela se foi, me deixando neste mundo sem cor. Todos os dias tento não esquecer do rosto dela, do seu perfume, da risada.

- Pai, a rainha está lhe chamando! - Disse Rhaena, minha doce donzela com seus cabelos longos, prateados e sua pele escura como a noite. Ela lembra a doçura e delicadeza de sua mãe.

Acenei em aprovação e segui em seu caminho. Juntos chegamos no pátio onde todos os grandes soldados treinavam. Soldados esses liderados por mim! Ao longe vejo uma roda de cavaleiros lutando contra uma guerreira de cabelos curtos prateados e olhos violetas. Não precisava me aproximar para saber que era Baela, irmã gêmea de Rhaena. Fiquei em pé perto de outros nobres que admiravam a habilidade dela com a espada. Lembrei dos meus 16 anos e quando treinava nesse mesmo lugar com minha mãe, Alyssa. Ainda criança, Baela não pensava em outra coisa e insistiu, teimosamente, que gostaria de lutar. Agora, aos 17, está uma guerreira melhor do que qualquer outro cavaleiro da guarda real.

Após derrubar outro adversário, ela me olha com seu sorriso arrogante e malicioso. Aponta em minha direção, me desafiando com seu dedo indicador.

- Não pequena, você não aguentaria tal desafio - disse provocando-a.

- Está fugindo de uma luta meu pai? Pensei que era mais corajoso! - tão insuportável e estupidamente parecida comigo.

- Sua graça me chama para uma audiência. Talvez outra hora.

- Lembrarei dessa promessa - depois da resposta ela desafia um novo oponente e volta aos seus treinamentos.

Rhaena decide ir para os seus aposentos enquanto caminho para a sala do pequeno conselho. Ao entrar, encontro a mão da rainha, meu irmão, Viserys.

- Finalmente chegou, estávamos a sua procura! Acredito que Rhaena foi a única que conseguiu te encontrar, não é mesmo? - questionou encostando em sua cadeira e indicando para sentar em meu lugar. Os anos judiaram de sua aparência. Parecia que a vida sugou tudo de bom que existia em meu irmão. A falta de cabelos, sua pele com feridas, mas cobertas por luvas e mangas longas até em dias de sol intenso.

- Rhaena sabe onde me encontrar. Tenho uma rotina sagrada que preciso cumprir todos os dias - terminei sentando na cadeira e encostando bruscamente - Onde está a rainha?

- Sor Criston Cole foi chamá-la assim que você chegou. - Viserys estava sério. Na sala havia apenas nós e dois soldados da guarda real, o que me faz pensar que o assunto era urgente, e não esperaria outros do conselho chegarem.

Escuto passos acelerados e em um movimento abrupto, a rainha abre a enorme porta da sala do pequeno conselho. Criston Cole a acompanha em seguida. Levantamos reverenciando-a.

- Encontrar seu paradeiro é difícil primo - Disse a rainha Rhaenys me olhando com um leve sorriso - acredito que estava pensando em nossa Laena.

- Todos os dias, vossa graça. - Ela sempre soube do amor e da saudade que sentia de sua filha e respeitava minhas "escapadas" para refletir em paz.

- Bom, chamei vocês para esse conselho urgente com a intenção de discutir sobre a rebelião que está se formando. - disse enquanto sentava na cadeira principal - Corvos chegaram pela manhã anunciando invasões dos Lannisters em apoio a usurpação do trono. Antes era apenas um boato, mas agora está tomando forma e não posso deixar seguir adiante.

A rebelião se iniciou em Old Town, sede da casa Hightower. Desde o conselho 101 onde Rhaenys foi escolhida por todos os nobres como sua soberana, os verdes, não aceitaram de bom agrado uma mulher sentando no trono de ferro. Isso só piorou, quando meu amado e tolo irmão se casou com a filha de Otto Hightower, Alicent. Seduzido pelos encantos dessa maldita ninfeta, ele casou escondido. Isso há 20 anos. Agora ele tem quatro filhos: Aegon, Helaena, Aemond e Daeron, todos com dragões. Segundo Otto, Aegon II deveria governar os sete reinos. Uma ideia estúpida sendo que nenhum deles está na linha sucessória. Além de Laena, Rhaenys tinha outro filho, Laenor.

Um dragão não é um escravoOnde histórias criam vida. Descubra agora