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Em dias de folga eu costumava ir ao centro, ia pedalando pela cidade com uma bolsa de tecido presa no meu ombro

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Em dias de folga eu costumava ir ao centro, ia pedalando pela cidade com uma bolsa de tecido presa no meu ombro. Nela eu trazia meu caderno favorito, qual eu o usava para escrever poemas e desenhar algo baseado, às vezes desenha o que via.

Foi quando me sentei no banco de madeira do parque, as pessoas passeavam no aglomerado. Caminhavam entre desconhecidos para um destino abrangente. No centro, haviam inúmeras tarefas e eu adorava jogar adivinha enquanto fitava certa pessoa e imaginava o porquê de estar aqui.

Mas então, meus olhos pousaram-se à ela. Uma morena que estava na companhia dos amigos. Eram um trio, pareciam estar conhecendo o local por tirarem foto de tudo. Ela usava um chapéu engraçado na cabeça, tinha um formato de flor.

A morena parece me avistar, buscando o caderno e rabiscando enquanto a vejo. Ela retira o chapéu de imediato, entregando ele ao amigo, a observo colocando seus airpods na cabeça. Por fim, noto que já tem um esboço da sua face ali no papel.
Parecia ser mais uma paixão, eu sempre tive isso de me apaixonar por um estranho, de certas vezes imaginar uma vida ao seu lado e depois, nunca mais o vê-lo. E eu até gostava disso pois nunca se tomou uma proporção maior, você só olha e depois não se lembra.

Ela some pela multidão, sendo puxada por um dos amigos, temo que seja um namorado e mesmo assim não me importo. Uma paixão é só uma paixão, pela vivência, posso dizer que atração é algo passageiro.

 Uma paixão é só uma paixão, pela vivência, posso dizer que atração é algo passageiro

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Só nesta tarde, passaram-se duas horas que estou desenhando e escrevendo poesia. A fome chama, sinto a minha barriga roncar e uma queda de pressão ao levantar, deve ser por não comer à mais de seis horas. Recolho os lápis dentro de um estojo e ponho na bolsa junto com o sketchbook. Pego a bicicleta e começo a guiá-la sem ter que subir em cima dela. O pequeno parque era rodeado por estabelecimentos, alguns eram restaurantes e lanchonetes locais, por tanto não seria um problema ter que caminhar.

Atravesso a rua e prendo a bicicleta em meio ao poste de luz, ainda com a alça da bolsa sobre o ombro e adentro o lugar.

─ com licença, ─ digo pondo o cardápio de lado e solicitando a atenção da garçonete com o meu falar. ─ eu quero o pedido três.

─ claro, mais alguma coisa? ─ pergunta ao anotar o pedido em um bloquinho de papel.

─ não, só isso. Obrigada.

Me acomodo no banco do balcão, em alguns instantes, uma mão aparece e desliza o cardápio para si, no meu lado esquerdo. As unhas vermelhas, e os dedos delicados. Me seguro para não ver quem é, mas por sorte, alguém faz um barulho ao entrar e aproveito a oportunidade para ver quem está ao meu lado.

Sinto o meu coração gelar, como uma pontada. E antes que eu desvie o olhar, ela está me olhando dentro dos olhos. Algo dentro de mim pulsa mais forte e podem haver estrelas amostra na minha íris, parece que estou presa nesse momento, algo que durou oito segundos parecia uma eternidade.

─ moça, ─ ela fala, eu olho ela de volta e fico desapontada, percebo que não falava comigo. ─ eu quero o pedido cinco, mas um dos hambúrgueres sem picles, por favor.

Antes que terminasse a frase, eu já estava sentada em uma das mesas. Sozinha e a espera do meu almoço, mas com o momento tedioso, pego o caderno de desenho mais uma vez e uma lapiseira de ponta fina. Precisava escurecer o cabelo da morena, no desenho é claro.

─ oi, desculpa te atrapalhar mas você é a menina do parque? ─ escuto por fim, e a morena está aqui, diante de mim.

─ e-é, claro, sou eu. Eu sou a menina do parque. ─ percebo que o sketchbook está aberto na página do desenho, temendo que ela tenha o visto. Eu fecho ele e o coloco no canto.

─ Oi, eu sou a Jenna, posso me sentar? ─ eu faço que sim com a cabeça e ela exerce o ato. ─ então, qual o seu nome?

Na hora em que esperava por uma reposta minha, a atendente me serve o pedido e eu fico agradecida pelo acontecido, não era o fato de estar com fome, mas eu estava tão nervosa que nem reparei de sentar perto de quem estava tentando evitar. Eu não queria que tivéssemos contato visual e nem uma coisa parecida, mas agora, com ela bem a minha frente é inevitável.

─ meu nome é Alisson, Bukley.

Um sorriso surge na curvatura de seus lábios e aparenta que estou a deriva, pois eu realmente nem sei o que dizer ou o que pensar. A minha paixão de cinco minutos está na minha frente, e logo a qual eu estava conformada de nunca mais vê-la na vida.

─ isso que tem no seu caderno, é um desenho meu? ─ perguntou e envergonhada, sinto as minha bochechas queimarem e eu apenas faço que sim com a cabeça, sem demonstrar o pânico que estou por dentro. ─ pode me mostrar?

─ sim, eu posso sim. ─ minha voz sai baixa e o tom parece sair desafinado. Naquele momento eu queria enfiar a cara na bolsa.

Abri a página com o desenho dela, estava inacabado pois o cabelo continuava claro demais ainda. Com o pesar de toda minha autocrítica, Jenna apenas corou, olhou para mim de novo com uma estrela nos olhos que de longe, jamais pensei que tivesse.

─ adorei, o que você fez. Inclusive esse trecho de Labyrinth.

─ quê? Que trecho. ─ tomo o caderno de volta sem ser rude, vizualizo escrito no canto da página: "estou me apaixonando, achei que o avião estivesse caindo, como você conseguiu reverter?".

Acontece que eu não me lembrava desse maldito trecho, lembro de ter escrito um poema haver com um beija-flor que se encontrava no bebedouro do parque. Acontece que agora, acredito que o maldito poema tenha sido um deja-vu e se eu já estava querendo sumir do mundo, não tinha sequer mais consciência de saber o que eu queria naquele momento.

Eu evito olhá-la, buscando pelas fritas sobre a mesa. Até sentir a sua mão tocar a minha e lá estava ela de novo, a pontada no peito. Era pior do que borboletas no estômago.

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autora: Alisson é uma swiftie fanfiqueira sim, igual a mim e eu espero que igual a muita gente. Queria agradecer aqui a quem leu e avisar que não sei se vou dar continuamento na história, fiz isso por causa do tédio. Mas se quiserem eu posso continuar.

MEELTING - Jenna OrtegaOnde histórias criam vida. Descubra agora