MEELTING - Jenna Ortega

six

Jenna se foi, deixando-me sozinha.
Em mim, talvez haja uma muralha rochosa que de tanto suportar esteja desabando aos poucos. Fiquei em negação, mesmo que meus olhos tenham derrubado tantas lágrimas, e por fim, me sentei no chão em frente à noite estrelada com os joelhos dobrados.

Eu queria conseguir poder falar ou até mesmo gritar o que estava sentindo. Temo a isso pois eu me sinto uma tola, que ao menos sei explicar. A história se repete novamente, tenho os olhos tão pesados que as minhas pálpebras se forçam a levantar. Durante uma semana, rejeitei a felicidade, pode parecer bobagem isso, afinal, não tínhamos nada além de uma amizade que tampouco tempo parecia ser de anos. Tive um pressentimento, antes dessa coisa toda acontecer, de que Jenna nunca, em toda a sua vida, olharia para alguém como eu com interesse. Eu consigo olhar o brilho do sol ao invés de me olhar no espelho, quando me apaixono, minha inseguranças vem à tona.

Me culpo por tudo, pelo que eu faço de ousado, pelo que deixei de fazer por medo, as coisas comigo são muito confusas. E eu realmente confundia tudo, talvez por ser uma pessoa com carência afetiva, eu achava que qualquer manifesto de gentileza significava amor.

Queridissíma Jenna.
não sei o que sinto, não sei o porquê de ainda sonhar contigo. De torcer para que fale comigo. As vezes sinto que estou em um palco, com holofotes voltados para mim e uma imensa plateia com todos aqueles olhares. Sinto que estou a deriva do mundo. Eu sinto a sua falta. Eu sinto vontade de debruçar no seu corpo e nunca mais sair. Eu me sinto triste pois sei que há outro alguém realizando o sonho que tenho com você.

Com amor,
Alisson Bukley

─ eu acho que você deveria parar com isso, bola pra frente Alisson. ─ Amy deu dois tapinhas amigáveis nas minhas costas para me encorajar.

Ela e Phoebe vieram saber como estou depois de todo o ocorrido, na verdade, as duas me buscaram de taxi no museu. Me trouxeram até em casa, e um dia depois, cá estamos nós. Três desprovidas jogadas no sofá da sala, com a tevê ligada e ninguém dando a mínima para o que se passava.

─ porquê você não perguntou se ela gostava de você logo no início? ─ Phoebe prossegue com a fala e Amy faz que não com a cabeça.

─ tudo bem, Amy. ─ falei ao me ajustar no sofá. ─ você sabe como eu sou e outra, nenhuma de vocês viram ela.

─ a gente não viu, mas você é linda e qualquer pessoa seria sortuda em ter você.

─ é fácil falar, vocês duas não são tímidas como eu. Phoebe pode ter quem ela quiser e na hora que quiser e você tem o mesmo namorado desde os treze anos. Eu não ligo se eu tenho ou não alguém, mas às vezes eu me importo porquê sei que ninguém nunca vai gostar de mim.

─ tudo tem o seu tempo, Aly. Acha mesmo que eu queria ter começado a namorar cedo? ─ Phoebe disse ao colocar a almofada nas costas e deitar-se. ─ se eu pudesse teria esperado, mas eu só tinha onze anos e queria ter validação.

─ e Aly, às pessoas tem que gostar de você pelo que é, não importa como você finge ser. Acho que essa Jenna pode até ser linda, mas ela é sortuda por você ter se apaixonado por ela. ─ Amy advertiu, nunca a vi falar tão sério.
E confesso que nunca vi Phoebe falando sério.

─ eu queria tanto que meu sentimento fosse recíproco, pra fazer uma dessas loucuras como no filme Imagine eu e Você. ─ desabafei. Em um ato banal, Phoebe pulou do sofá e em um mesmo movimento, se deitou sobre mim e Amy.

─ quer saber, coloca o filme da Viúva Negra pra melhorar o astral dessa menina. ─ Phoebe põe sua cabeça deitada em seus braços.

─ quer que eu chore mais do que já chorei?

─ escolhe qualquer filme, a Amy faz pipoca e eu compro refrigerante.

Agradeço tanto por Phoebe e Amy estarem comigo, não sei o que teria feito se ambas tivessem ido embora. Mas sei que envolveria, choro e Jenna, e por mais de duas horas de filmes sequer eu cogitei em fazer um dos dois.

Acontece, que em alguma hora, finalmente voltei a ficar sozinha. Minha mãe estava sabe-sei-lá-aonde com o seu namorado, eu estava num quarto bagunçado. Procurando motivação entre ter que fazer nada ou fazer alguma coisa.
Despejei as roupas do guarda-roupa no chão, e pus de volta cada peça, uma por uma dobrada. Foi assim por horas enquanto escutava músicas e cantava como uma cabra por berrar tão alto.

Minha fome teria retornado, e eu já estava com uma tigela de cereais de frente ao computador. Ficar sozinha para mim voltou à ser o que era antes, uma completa paz. Coloquei uma foto de uma atriz qualquer e tentei usá-la como referência, apesar de todo o esforço, vendo que a foto e o desenho não tinham nada a ver um com o outro, comecei a rir sozinha. E com um momento de desleixo, fui para o Twitter mostrar o que estava fazendo para os meus duzentos e três seguidores. Foi quando no meu Explorer, uma pessoa usando a foto de Lana Del Rey no perfil publicou o trecho de cinnamon girl.

"há coisas que eu quero te dizer, mas vou apenas deixar você ir, mas se você me abraçar sem me ferir, será o primeiro a fazer isso."

Jenna reapareceu em meus pensamentos de novo. Mais uma vez, relembrei da primeira vez que a vi no parque e de como eu fiquei estupidamente apaixonada por ela. Como um descaso, meus lábios começaram a se curvar porquê lembrei de repente que Jenna, apesar de toda a sua compostura de ser, ela ama lírios cor-de-rosa e a sua pele tem aroma de colônia para bebês. Tenho derretido como sorvete, cada vez que pensa nela com a sua leveza.

────────── « ✧ » ──────────

autora: gente, o que foi aquele outro capítulo? Vocês são meus fãs ou haters? *risos*

sério, eu nem consegui processar o que eu tinha feito e escrevi meio que, essa bomba. Obrigada por lerem e pelos elogios sobre a minha escrita, significa muito pra mim. <3