Chapter V: Village.

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 - ELE É O QUE?! - Minha irmã berrou do outro lado da linha.

 Afastei o celular, tentando amenizar o impacto da voz dela nos meus tímpanos, mas não deu muito certo.

 - O Esiko é um duque, o Duque de Anhalt - repeti, vendo como aquelas palavras surtiam menos efeito e ficavam menos interessantes cada vez que eu as dizia.

 Ouvi a gargalhada estrondar do outro lado da linha e pude visualizar como minha irmã estaria naquele exato momento: deitada no sofá, com as roupas do ex, assistindo o noticiário e comendo legumes inapropriados para o consumo.

 - Você é a porra de uma duquesa, maninha! E a gente vai ficar muito rica! - Destacou e tive certeza que berrou novamente.

 Eu sabia que Esiko podia estar ouvindo, mas era uma exigência do lugar: mensagens só quando muito necessário, a prioridade eram as ligações que eram francas e audíveis.

 Aproveitei disso, eu queria provocá-lo, e sabia que ele já me conhecia o suficiente para saber que eu também não gostava nadinha do jeito que me tratava.

 - Quer saber, Nell? Só se passou um dia, eu sei, mas já estou louca pra voltar para Seattle.

 - Calma, maninha. O contrato é de um ano. Só um ano e você pode pedir o divórcio e ficar com todo o dinheiro dele.

 - Eu sei, mas o cara só me trata mau, só falta me matar - abaixei o tom de voz. - Não, tenho certeza que ele quer isso.

 - É claro, o que você esperava?! A gente separou ele da namoradinha perfeita. Mas ele não vai te matar, porque você está esperando o filho dele.

 Soltei um riso nasalado. Eu já não estava tão segura quanto a isso. Talvez, assim que a criança nascesse, ele ainda pudesse se ver livre de mim.

 Me despedi de Aranella o mais breve possível e apaguei as luzes, deixando a da lua tomar o lugar e envolver meu sono.

 Tudo era lindo demais. Chique demais. Era surreal demais. Estava dando muito certo.

 Eu tinha a impressão de que algo estava errado, sabia que era o que eu havia feito, que era eu ali e não a Cora, mas eu não podia voltar atrás, aliás, nem queria.

 Tinha uma meta, e precisava cumpri-la.

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Ballenstedt Castle, Germany, November 22

 Não havia ninguém além dos mordomos que eu vi no dia anterior, dois dos seguranças que eu já conhecia e algumas empregadas circulando pelo espaço.

 Nem sinal do "Trio do Terror", nome que eu havia dado a junção de Emília, a governanta, o advogado-babaca Cássio e o duquezinho após algumas horas de profunda reflexão.

 Eu havia recebido mil e uma instruções por mensagem de um número não registrado, mas que continha o brasão do reino, que eu vira logo na entrada do castelo.

 Tinham tantas regras sobre vestimenta que percebi que, dentre todas as opções de roupas que eu havia trago, eram poucas as que se enquadravam ali.

 Sinceramente, eu não ligava muito, mas precisava fazer aquilo direito.

 Sem querer abandonar meu estilo e sabendo que eu não poderia sair por aí nua para comprar roupas, coloquei um vestidinho branco, puríssimo, com babados na ponta que ia até acima dos joelhos, mangas bufantes e busto de elástico.

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