Chapter XVII: Past.

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Before

 O relógio na parede cinza marcava meio dia, indicando o horário de almoço dos funcionários mas que, para mim, já havia começado no instante em que entrei pela porta daquela empresa.

 Esiko soltou uma gargalhada da sua cadeira, por trás da sua mesa do chefe.

 - Eu conheço bem o tipo de vocês, e não vou me casar com uma aproveitadora golpista - disse, como se fosse óbvio.

 Senti como se uma parede de vidro caísse em cima de mim e, em consequência, quebrasse em meu interior. Mas era verdade, eu havia me empenhado muito para que aquele golpe desse certo, então mantive o sorriso debochado.

 - Vai sim, Esiko - minha irmã-advogada enfrentou.

 O moço sorriu novamente, achando tudo aquilo a maior diversão que sua bunda rica havia enfrentado.

 - Não vou, não.

 - Vai porque ela está grávida.

 - E quem me garante que é meu? - O fato de ele não estar nenhum pouco surpreso me fez pensar em quantas mulheres já não haviam lhe dito a mesma coisa.

 Mas eu não podia ser como elas, não podia somente sair por aquela porta, até porque era a verdade em pratos limpos ali, exposta para nós.

 - O fato de você ter sido o último cara com quem eu dormi, e ainda por cima sem usar proteção - disse, soando firme.

 O sorriso foi sumindo gradativamente dos lábios dele até que ficasse somente a raiva em evidência, enquanto buscava resgatar memórias em meio a bebedeira daquela noite.

 Ele sabia o que havia feito, assim como eu, sabia que a chance era grande, podia até me dar razão, mas não o faria.

 Piscando firme, Esiko estalou o pescoço e se levantou, abotoando formalmente os botões do terno e se dirigindo até a porta.

 - Esperem um minuto. E se tentarem alguma coisa sairão daqui num camburão - saiu, nos deixando só.

 Quis rir, e minha irmã expôs essa vontade, batendo as mãos com as minhas em uma comemoração discreta.

 - Noiva fora do caminho, ok; conquista do bonitão, ok; filho dele, ok! O que falta mais, maninha? - Aranella disse baixinho e com um sorriso de orelha a orelha.

 - Falta ter o dinheiro - abandonei a postura correta. - Ele deve ter ido chamar o advogado.

 - Que venha, eu sou maravilhosa no que faço - a loira levantou, organizando os fios azuis desbotados e caminhando pelo espaço.

 - Ouvi falar que esse advogado é um dos melhores, não sei o que Nanini - fiz careta.

 Aranella se sentou na mesa dele, convencida e confiante demais, até mesmo para ela.

 - Relaxa e deixa comigo.

 Revirei os olhos, notando, ela segurou meu pulso, chamando totalmente minha atenção, já com o olhar repreensivo.

 - Isso vai dar certo, Sunayna, é a nossa última chance. Caso não der - apertou mais minha pele -, nós estaremos mortas, então acho melhor você fazer funcionar. Entendeu?

 Anui com a cabeça, tendo medo daquela versão agressiva e desesperada que se apossava de si em momentos como aquele.

 Mas ela tinha razão, nós estaríamos mortas se aquilo não fosse para frente. Se a primeira parte havia dado certo, as outras seriam moleza. Era simples, rápido e fatal, independente do que o advogado dele propusesse ou de suas condições.

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