Chapter III: Royals.

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 Nós adentramos o casarão, a primeira coisa que notei foi a porta que devia ter sido uma árvore do céu moldada por anjos. Depois, vi o piso lustroso naquele estilo de quadrados brancos e raros triângulos pretos, indicando que aquela era de fato uma construção muito antiga.

 O hall de entrada era mais belo do que eu conseguia descrever, com móveis em madeira pura, detalhes no teto e afrescos em alto relevo que me fizeram perder o ar. As paredes claras, com detalhes em dourado, me fizeram sentir no céu.

 O lustre, pendurado no alto, iluminava as três outras portas que estavam ali. A primeira, do lado direito, completamente fechada; a segunda, do lado esquerdo, com um dos lados abertos; e a terceira escancarada, deixando-se revelar um outro cômodo com uma mesa redonda ampla no centro, onde outro lustre descia em espiral.

 Contei os possíveis diamantes e pedras preciosas grudadas no teto, pensando que tudo ali valia mais que qualquer coisa que eu já tinha possuído na vida.

 Assobiei, admirada e soltei o ar preso nos meus pulmões.

 - Adeus Marketing e olá Relações Públicas - brinquei, ainda olhando cada canto.

 - Eu falei que Marketing dava um bom lucro quando te contratei.

 - Seu pai ser o dono da empresa deve te dar regalias - constatei o óbvio.

 O moreno parou diante de mim e o encarei, havia tirado os óculos escuros que protegiam suas íris esverdeadas do sol, e não pude deixar de notar o belo contraste que sua pele bronzeada causava no ambiente.

 - Não é porque você se envolveu com o seu chefe que queira dizer que você vá ter regalias, Sunayna - fez um bico ladino.

 - Eu não me envolvi, a gente se casou, esqueceu?

 Apontei a aliança no meu dedo da mão esquerda, deslizando o polegar pelo pequeno brilhante discreto.

 - Nós nos casamos porque eu sou de uma família tradicional que pensa que, se a gente transar, a gente tem que casar. Por isso a gente se casou.

 - Eu estar esperando um filho seu não conta?

 Cruzei os braços esperando resposta, mas ele não respondeu, apenas me deu aquela típica encarada mortal, virou-se e entrou no cômodo que tinha uma porta aberta.

 O segui, encontrando a biblioteca mais bela que eu já havia visto na vida inteira. As paredes eram prateleiras, os caminhos em forma de arco eram prateleiras, até os bancos estofados e sofás tinham prateleiras nos pés e apoios.

 Quando dei por mim, três moços vestidos como os "Pinguins de Madagascar" estavam parados ao meu lado. Notei Esiko pegando algo em uma mesinha de centro, retirando um envelope dali e conferindo os papéis rapidamente antes de entregar para um deles.

 - Alteza - ouvi a voz do mordomo mais novo, incerto sobre o termo e me assustei.

 Encarei o alemão recém-conhecido enquanto ele entregava um copo de whisky para o meu marido que bebericou, vendo e ignorando minha expressão atônita.

 - Você é um príncipe?! - Praticamente berrei ao arregalar os olhos.

 - Duque de Anhalt, menina, mais respeito, não é porque casou com ele que vai tratá-lo como bem quer.

 Neguei com a cabeça, tentando tirar aquela voz irritante dos meus pensamentos, achando ridículo que o advogado houvesse nos seguido até ali também.

 - Seu advogado me dá ordens agora? - Debochei e o encarei mortalmente, apontando com delicadeza.

 - Não, mas eu dou - me virei na direção da voz.

Black RoseOnde histórias criam vida. Descubra agora