Chapter XVI: Stay a Little Longer.

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Ballenstedt Castle.

 A madrugada fria proporcionava o embriagante choque térmico ao soprar contra minha pele quente, quebrando ondas e mais ondas de meus cabelos ondulados e brincando com o tecido de meu vestido.

 Em outras épocas, me recusaria a tirar a peça, ansiando sempre um pouco mais de tempo vestida feito princesa, entretanto, tudo o que eu precisava naquele momento era me livrar daquela roupa.

 Entrei em meu quarto como um atleta rompendo a fita da chegada, e tive a impressão que poderia comemorar tanto quanto, se não fosse o cansaço extremo que me assolava.

 Arranquei os saltos de qualquer jeito, os deixando ao lado da penteadeira com cuidado, na promessa de depois levá-los ao closet. Tirei os poucos acessórios e depois o vestido, me emaranhado na água quente que preencheu a banheira em questão de segundos.

 Permiti ao meu corpo relaxar, sentindo o efeito tranquilizante de estar dentro daquela fortaleza, intensamente protegida e constantemente vigiada. Foi quando estava quase pegando no sono que ouvi a porta de acesso sendo aberta.

 - Sunayna?

 - Banheiro... - disse, num fiapo de voz, fazendo o drama que tanto amava.

 Em questão de segundos, o garoto de olhos verdes apareceu, enrolado numa toalha, de cabelos molhados e com uma cara de frustração que me fez querer rir.

 - Minha corrente prendeu - apontou para o objeto dourado em seu pescoço - gargalhei e fiz um gesto para que se aproximasse.

 Com cuidado, se sentou no mármore ao meu lado, virando de costas e exibindo o nó que havia se formado na peça. Murmurei um palavrão e tentei desmanchá-lo com a ponta das unhas.

 Depois de uns segundos de reclamações sobre eu estar quase o enforcando, finalmente soltei o nó, desabotoando o cordão.

 - A próxima vez que você fizer isso, eu corto sua cabeça, daí a corrente vai sair - voltei a encostar a nuca na banheira, fechando os olhos despreocupadamente.

 - Não tem nada no contrato falando sobre você ficar com a herança caso fique viúva, ainda mais se a assassina for você - neguei com a cabeça e soltei um riso fraco.

 Minha esperança de que ele tivesse o bom senso e saísse do meu banheiro, vendo que eu estava exausta, foi frustrada ao eu abrir os olhos depois de uns segundos, concluindo que a porta de acesso não havia feito nenhum barulho, e o encontrar me olhando fixamente, com os braços cruzados na frente do corpo.

 Notei que estava nua, porque, é claro, ninguém toma banho com roupa, e aquele fato estranhamente me deixou corada.

 - O que?

 - É minha esposa, não posso olhar?

 Revirei os olhos e me levantei, querendo acabar com meu constrangimento e espantar a lembrança de que ele realmente nunca havia me olhado por tanto tempo.

 - Não é porque me viu sem roupa algumas vezes que agora tem passe livre para ver sempre - me enrolei na toalha.

 Ao erguer o pé para sair de dentro d'água pelos degraus, Esiko estendeu a mão para que eu a pegasse, e me ajudou a descer, também temendo um tombo. Mas ele não largou minha mão depois disso.

 Estávamos perto de qualquer forma, de modo que eu não ligasse para um ou dois curtos passos que ele avançou em minha direção. Sua mão encontrou meu rosto, afastando os fios soltos pelo coque, e liberando minhas bochechas.

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