Chapter XXV: Smile for me.

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Respirava profundamente enquanto observava os números dos andares irem diminuindo, ansiando por logo chegar no térreo. Sabia muito bem que se minha irmã tivesse uma arma, atiraria em mim do andar em que estávamos.

Assim que as portas se abriram, a estranha sensação de liberdade me embalou ao sentir a brisa que entrava pelas janelas amplas da enorme recepção me embalar.

Dei uns passos confiantes em direção a saída, mas um burburinho e olhares curiosos em direção a um dos andares que a escada elegante deixava revelar, me fez parar de imediato e virar para tal direção.

Senti meu rosto queimar de vergonha. Era Aranella, furiosa e debruçada sob a pequena parede. De alguma forma, ela havia conseguido descer as escadas na velocidade do elevador, e isso me assustava.

- "Não tem mais nada pra mim aqui"?! Sério?! - Ela berrou e todos no meio da empresa a encararam.

Vi o rosto de Esiko surgir, ofegante, e depois o de Cássio atrás dela. Eles se preparavam para segurá-la caso tentasse pular, o que eu achava pouco provável, considerando que ela era mais dramática que eu.

- Você é a porra de uma puta, por acaso?! Ele te usou e agora você sai sem mais nem menos?! - Apontou para o duque, atrás de si. - QUE MERDA! "Não quero dinheiro"? A gente só fez isso por dinheiro, sua idiota! Você não pode fazer isso comigo!

Alguns olhares se viraram para mim e vi uma das recepcionistas comentando e apontando para mim. Revirei os olhos e tentei soar o menos pateticamente possível:

- Arrisque você agora, Aranella - foi tudo que disse, sabendo que demoraria até a escada rolante a levar para o térreo.

Simplesmente saí dali, sabendo que não veria mais nenhuma daquelas pessoas.

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Seattle, September 10th.

Estava me achando o ser mais organizado da face da terra por ter, finalmente, terminado de desempacotar a última caixa de mudança.

O apartamento estava a coisa mais linda do mundo. Não era tão grande, mas o cômodo que era a sala dividida com a cozinha americana era muito confortável, com direito a uma pequena lareira para os dias frios. Só tinha um quarto e um banheiro, mas ambos eram espaçosos o suficiente para caber minhas poucas coisas que trouxe do outro apartamento.

Não era tão no subúrbio, pelo menos agora eu não acordava com a polícia ou uma briga de viciados, ou até uma de marido batendo em mulher.

Não sabia que sentia falta de vizinhos decentes até conhecer aqueles do B13, B14, B16 e B17. Eram em sua maioria pequenas famílias sem filhos, mas que tinham um grande coração com espaço suficiente para serem pais de pets.

Também não sabia que sentia falta de um gato até ganhar um do casal do B14, minhas conhecidas Magda e a Paola, que me convidaram todos os domingos para comer a "lasanha de domingo" no almoço.

Parei na frente da porta de entrada e coloquei as mãos nos quadris, observando o espaço de paredes laranja pastel, com quadros divertidos e tapetes felpudos. Não havia sobrado muito do dinheiro que consegui com os dois trabalhos, mas pelo menos conseguiria me manter o suficiente até os próximos pagamentos.

Era sábado e eu só tinha a agradecer por pelo menos ter uma patroa compreensiva por me dar a tarde de folga. Finalmente poderia pôr o sono atrasado em dia.

Me sentindo estranhamente mais caseira, fui até a geladeira e tomei um pouco do suco de laranja que eu mesma havia feito.

Permiti-me andar pelo espaço enquanto saboreava o líquido laranja, parando no quarto, de frente ao meu novo guarda-roupas aberto, exibindo todas as novas peças que eram as velhas, mas reformadas.

Black RoseOnde histórias criam vida. Descubra agora