Wandinha

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— Tem uma coisa que precisa ver Srta Addams.

Enid nos seguiu até a enfermaria, mesmo após meu pedido para ficar quieta no quarto.

Quando chegamos, senti meu estômago afundar, e era uma sensação nova. Foi a primeira vez na minha vida que não fiquei feliz em ver um corpo.

Eugene estava deitado inconsciente na maca. Tinha feridas profundas no rosto e nos braços e curativos por toda a parte. E era tudo culpa minha.

— Eugene... – eu disse, me aproximando da maca.

— O xerife disse que o encontrou assim enquanto fazia uma ronda na floresta. – disse a diretora, parecendo sentir pena de mim. – Ele não está morto, vai ficar bem.

Ela saiu.

— Me desculpa. – sussurrei, encarando os olhos fechados do meu melhor amigo.

— Ei, o que aconteceu não foi culpa sua. – disse Enid. – Você estava tentando impedir isso.

Me virei pra ela, sentindo uma queimação desconfortável nos olhos. Não chore, merda.

— Eu tava investigando com o Eugene. Mandei ele esperar pra irmos na floresta amanhã, mas ele parecia desesperado demais... Deveria ter percebido.

— Pretendia ir pra floresta? Por que não me contou?

Ela não parecia triste e nem decepciona, mas irritada.

— Porque eu não queria que você me pedisse pra ir junto. Eu odeio dizer isso, mas não consigo dizer não pra você. Você iria fazer essa cara estúpida de cachorro chorão e iria me convencer.

Enid sorriu, mas não de um jeito bom. Parecia... provocação?

— Então eu mando em você?

— Não. Cala a boca.

Ela riu, mas eu continuei séria. O meu jeito de ser séria, melhor dizendo.

— Tá, foi mal. O assunto é sério. Olha só, Wan, não tinha como prever isso. Olha pelo lado bom, agora temos uma pista e o Eugene está bem.

— É...

Me virei novamente para o Eugene, sentindo meus olhos molhados. Pisquei rapidamente, tentando conter as lágrimas, mas já era tarde. Senti uma gota descendo pelo meu rosto.

— Vamos, Wan. Wan?

Outra gota desceu. Depois, não consegui mais me segurar.

— Wandinha?

Enid me virou e arregalou os olhos. Não por não saber como me consolar, mas por eu estar chorando.

Ela me abraçou muito forte e eu chorei em seu ombro. Diria ser um momento constrangedor da minha vida se eu não estivesse com a Enid.

Não chorei por muito tempo. Quando voltamos para o dormitório, já tinha minha expressão de tédio e minha cara pálida de volta. Mas Enid fez questão de segurar minha mão durante todo o percurso até o nosso quarto. Revirei os olhos, mas não soltei.

O sol e a Lua - Wenclair CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora