Wandinha

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— Enid!

Acordei ofegante e com muito medo. Olhei ao redor, atordoada, e vi que estava na enfermaria. Eugene estava correndo até mim, talvez porque eu havia gritado o nome da minha namorada enquanto acordava.

— Wan, calma! – ele disse. – Enid está bem. Ela tá bem ali.

Olhei para o lado e vi Enid dormindo tranquilamente em sua maca.

Não consigo descrever muito bem o medo que senti quando vi Enid se transformar e lutar contra o Hyde. Era uma espécie de pânico de perdê-la misturado com o pânico de morrer e fazer ela sofrer ao me perder, o que tiraria o prazer de chegar ao inferno. De qualquer forma, eu não senti dor quando Tyler perfurou suas garras em mim.

Enid estava com alguns curativos no rosto, o que me fez engolir em seco. Minha visão havia se realizado, afinal. E não teria acontecido se eu não tivesse inventado de investigar a toca de Tyler.

Depois de um tempo, ela acordou. Eu saí da maca tão rapidamente que senti uma dor enorme onde Tyler me arranhara e quase caí no chão.

— Wandinha! – Eugene briga, como se eu fosse criança. – Não pode levantar tão rápido!

— Wandinha. – fala Enid, sorrindo enquanto abria lentamente os olhos.

Não pensei em nada pra fazer além de beija-la, então foi o que fiz. Ela retribuiu e se afastou quase imediatamente, parecendo sentir dor.

— Eu te machuquei?

— Ele arranhou minha boca.

— Você quer alguma coisa? Eu faço qualquer coisa.

Sim, eu estava desesperada. Obviamente não demonstrava, mas estava.

— Quero que fique comigo. É assustador lembrar do que fiz quando me transformei.

— Eugene, junte nossas macas.

— Mas...

— Agora.

Ele fez o que eu mandei e eu sentei na minha maca. Enid sorriu, agradecida e sem conseguir se levantar, e eu senti meus olhos arderem. Toda tensão e adrenalina havia passado, eu estava vulnerável demais para não chorar.

— Eugene, pode sair daqui?

Ele não disse nada, apenas saiu da enfermaria. Enid me abraçou, já sabendo o motivo e ainda deitada, e eu desabei. O que essas garota fez comigo?

Quando parei, o que não levou tantos segundos quanto pensei, ela enxugou minhas lágrimas com o polegar e disse:

— Nunca te vi chorar assim antes. Sou tão especial assim?

— Cala a boca. É.

Enid deu risada, mostrando o sorriso mais belo de todo o planeta, e nos beijamos. No segundo seguinte, a diretora entrou na enfermaria e nos afastamos.

— Vocês têm alguma ideia do que fizeram? Você tem alguma ideia, Srta Addams?

— Deixe Enid fora disso, diretora. Eu a obriguei a ir comigo e...

— Não. – ela quase gritou, o que pareceu muito difícil de fazer. – Wan, não vou deixar você levar toda a culpa. Estamos investigando esse caso juntas.

— Levar toda a culpa? Do que estão falando?

Nos olhamos confusas e ela deu um sorriso simpático. Detesto quando as pessoas fazem esse suspense de propósito.

— Vocês salvaram a cidade, meninas. A única coisa que me chateia é que não vieram me procurar pra pedir ajuda. Eu teria ajudado, sabe.

— Não pensei nisso. – admitiu Enid.

— Mas tudo bem, o que importa é que vocês precisam descansar.

Ela saiu.

Enid tentou se sentar, mas soltou um uivo de dor.

— Minha perna!

— Fique deitada, vou chamar ajuda.


O sol e a Lua - Wenclair CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora