Desperdiçando tempo

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Era uma tarde de sexta-feira monótona e Cassie estava tentando terminar as demandas do dia, não que houvesse muita coisa para fazer. Ela tinha um conjunto de slides para terminar e algumas legendas de um de seus colegas de trabalho para revisar, mas nada daquilo era urgente.

Ela brincou com o colar no pescoço — um pequeno pingente de prata com uma gravação — enquanto a mente vagava, tentando rever quais eram seus planos para o fim de semana sem uma corrida para acompanhar.

Ela trabalhava com o marketing de uma equipe de automobilismo. Não era qualquer equipe de corrida, mas a equipe tricampeã de Fórmula 1 Mercedes. Ela estava se encaminhando para o  sétimo ano com o time, tendo começado ali como estagiária de marketing logo após se formar em Cambridge, depois que a equipe Brawn GP foi comprada pela Daimler e se tornou Mercedes GP.

Cassie se recordava de como os pais tinham ficado horrorizados, não apenas pelo fato dela ter ingressado no curso de administração em Cambridge em vez de continuar o curso de literatura clássica como tinha concordado no início da graduação, mas por ela conseguir um estágio e, pior ainda, um emprego.

Ela estava vivendo o tipo de vida que eles temiam que ela vivesse. Ela tinha 35 anos, estava solteira e não tinha filhos. Mas, apesar disso, ela tinha construído uma vida de que gostava, o que era a única coisa que importava. 

Cassie tinha um trabalho que amava, um flat adorável em Oxford, um bom grupo de amigos e uma vida social ativa. Ela viajava bastante também, mas não tinha mais contato com a família, com exceção de uma tia e da irmã mais nova. Ela havia terminado com o último namorado sério há três anos, mas ia em alguns encontros ocasionais aqui e ali.

Ela despertou dos próprios pensamentos com o telefone vibrando em sua mesa. Ao virá-lo para verificar as notificações, viu o ícone do Tinder. Cassie odiava aplicativos de namoro, mas essa parecia ser a maneira de conhecer pessoas hoje em dia. Apesar de não gostar deles, de vez em quando as perspectivas eram promissoras. 

Recentemente, ela tinha começado a conversar com um homem chamado Peter. Ele era alguns anos mais velho que ela, mas era gentil e engraçado, e eles pareciam ter muito em comum. Eles trocaram mensagens regularmente ao longo da semana anterior, e os assuntos ficaram surpreendentemente profundos para um aplicativo de namoro. Cassie tinha realmente gostado dele e sempre ficava ansiosa para falar com ele, apesar de não terem se encontrado pessoalmente até ali. Porém, isso parecia estar prestes a mudar considerando a mensagem que ele tinha acabado de enviar, perguntando se ela queria se encontrar para jantar na noite seguinte.

"Fiz uma reserva no Pierre Victoire", ele escreveu. "Pras 18h, amanhã à noite, então espero que você goste de comida francesa".

"Eu amo", Cassie respondeu para ele. Verdade seja dita, ela não tinha nenhuma opinião sobre comida francesa, mas ela gostava dele e realmente queria que o encontro deles corresse bem. Apesar do que ela pensava sobre o plano dos pais para a vida dela, ela vinha pensando que encontrar alguém seria bom, assim como começar a própria família. 

No entanto, tudo dependia se o seu potencial parceiro respeitasse sua independência e o fato dela gostar do próprio trabalho. Ela nunca seria uma mera dona de casa. Ela gostava demais do emprego que tinha e tinha se esforçado muito para chegar até onde estava.

Até ali, Peter parecia se encaixar nesses requisitos.

No dia seguinte, Cassie passou a manhã descansando no apartamento dela, respondendo alguns e-mails e arrumando um pouco o ambiente, lavando a louça da noite anterior e colocando as roupas que havia usado durante a semana para lavar. Ela trocou algumas mensagens com Peter, que afirmou estar ansioso pelo encontro deles mais tarde. Cassie não podia negar que estava começando a sentir frio na barriga também.

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