Esperança

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Cassie olhou para o relógio e suspirou. Estava ficando muito perto das sete da manhã para seu gosto e a casa inteira estava um pouco atrasada naquele dia. Ela tirou a salsicha da frigideira, colocou um pouco no prato dela e do marido e cortou uma ao meio para a filha.

Ela podia ouvir a garotinha rindo no andar de cima

— Vem, vamos mostrar pra mamãe — ela ouviu o marido dizer.

Ela entrou na porta da cozinha e gritou escada acima.

— Acelerem vocês dois, estamos atrasados!

Ela colocou os pratos de café da manhã de todos na mesa. Torradas, salsichas e ovos mexidos para todos. A filha recebia apenas metade, porque ela nunca terminava de qualquer maneira, e tinha geleia de morango na torrada, em vez de manteiga.

O marido dela, Toto, entrou na cozinha com a filha jogada no ombro, carregando-a como se fosse um saco de batatas. Ela estava gritando e rindo alegremente. O pai dela era um homem muito alto e forte que ela adorava usar como parede de escalada, então era provável que a ideia de ser levada para o café da manhã dessa maneira tinha sido dela e, certamente, não teria sido incomum para eles.

— Aqui está, pequenina — disse ele. A filha dela deslizou de seu ombro e Toto a ergueu pelas axilas, colocando-a delicadamente em sua cadeira habitual à mesa de jantar, com assento elevatório — Vamos comer pra que você não se atrase pra escola, sabemos que a mamãe odeia quando estamos atrasados.

— Sim, porque é pra mim que a diretora reclama — disse Cassie, sentando-se em sua cadeira. Ela notou que o cabelo da filha estava preso em maria-chiquinhas trançadas, presas nas pontas por elásticos azuis claros que se destacavam em seu cabelo escuro. Ela inquestionavelmente tinha herdado a cor do cabelo do pai.

— Seu cabelo tá adorável hoje, querida. O papai trançou pra você?

A garota sorriu enquanto manobrava seu garfo de tamanho infantil para espetar alguns pedaços de ovo mexido.

— Sim, mas eu escolhi os elásticos.

— Ela disse que queria usar os azuis claros hoje, pra combinar com o uniforme dela — disse Toto, encolhendo os ombros.

A família tomou o café da manhã com pressa. Era o dia de Toto deixar a filha na escola, pois Cassie tinha uma reunião pelo Zoom com uma artista que eles contrataram para criar os pôsteres de corrida da equipe para a próxima temporada logo nas primeiras horas da manhã. A agenda da temporada havia sido divulgada e eles queriam discutir ideias para a campanha de marketing visual para as mídias sociais durante as semanas de corrida. Eles tinham trabalhado com a mesma artista na temporada anterior, e seus designs provaram ser um grande sucesso.

— Não se esqueça do seu almoço — disse Cassie, saindo da cozinha e indo para a entrada, com a lancheira quase esquecida da filha na mão. Eles estavam enrolando para sair de casa. Toto ajudava a criança a vestir a jaqueta, fechando-a sobre o vestido azul marinho do uniforme escolar — E do seu beijo.

Se agachando, Cassie deu à filha um abraço e um beijo de despedida.

— Tenha um bom dia, minha querida. Eu te amo muito. Vejo você quando chegar em casa. Se divirta na escola hoje e seja uma boa menina.

— E cadê meu beijo de despedida? — disse Toto, num tom de provocação.

— Você vai me ver de novo em menos de uma hora, quando chegar no trabalho! — Cassie respondeu, exasperada.

— E daí? Quero um pra estrada — disse o marido. Ele tinha um sorriso malicioso no rosto. Cassie revirou os olhos. Ela não sabia que havia se casado com um comediante.

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