Lutando contra a apatia

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Cassie acordou na manhã seguinte sem muita ressaca, o que a surpreendeu, considerando a quantidade de vinho que ela havia bebido — duas taças no jantar e uma garrafa inteira depois que ela chegou em casa.

Ela se espreguiçou e bocejou um pouco antes de verificar o telefone, lembrando-se de que havia deixado um lembrete antes de dormir.

Ela abriu as Notas no celular, tentando se lembrar do que havia sido tão importante.

"Pesquisar fertilização em vitro em Oxford".

"Um bebê? Que bobagem", pensou.

Enquanto ela seguia o dia normalmente, no entanto, pequenos sinais continuavam aparecendo, quase como se o universo estivesse tentando lhe dizer algo. Logicamente, ela sabia que era algum tipo de ilusão de frequência — ela estava pensando em bebês, então é claro que começou a notá-los mais. 

Ela assistiu um episódio de um programa da BBC que mostrava uma grávida indo ao médico. Seu feed do Instagram tinha mais um anúncio de gravidez, postado naquela manhã, da esposa de alguém que ela conhecia que trabalhava na Williams. Ao sair do prédio, Cassie viu uma luva pequenininha caída na calçada. Os vizinhos do andar térreo haviam tido um bebê há alguns meses, então, era muito provável que fosse deles. Ela pegou a luvinha e colocou no bolso do casaco, com a intenção de devolvê-la mais tarde.

Mas, o que realmente a chocou foi a ida ao supermercado. Enquanto procurava o melhor cacho de bananas — ela gostava que estivessem maduras, mas ainda com um pouco de verde e sem manchas marrons — na seção de hortifrutigranjeiros, ela sentiu alguém puxar a sua jaqueta. Ao olhar para baixo, Cassie viu uma menininha olhando para ela, segurando o braço de um coelho de pelúcia. Ela ficou sem palavras.

— Oi! — a garotinha disse, olhando com expectativa para ela.

A garotinha era adorável — ela usava um casaco e um gorro rosa que combinavam bem como uma meia-calça roxa com pequenas botas de inverno, as mechas de cabelo loiro encaracolado saindo debaixo do tricô e enormes olhos verdes. Ela era possivelmente uma das crianças mais adoráveis que Cassie já tinha visto.

Cassie estava prestes a responder quando foi interrompida pela mãe da menina correndo freneticamente até ela, pegando a criança nos braços.

— Ada! Eu te disse pra ficar do lado da mamãe e não incomodar a moça.

Ela levantou a garota — Ada, aparentemente — e a colocou no assento de seu carrinho de compras e se virou para Cassie.

— Desculpa, eu tô tentando ensinar ela a não fazer isso, mas ela adora conversar com qualquer pessoa que encontra.

— Ah, tudo bem, não é nenhum incômodo, sério. Prazer em conhecê-la, Ada — ela disse à garotinha. Ada riu e acenou com sua mão adoravelmente pequena enquanto sua mãe empurrava seu carrinho para longe da seção de bananas.

Antes de sair do supermercado, Cassie passou na farmácia e comprou um frasco de vitaminas para grávidas. Ela tinha lido que as mulheres que estavam pensando em engravidar deveriam começar a tomar suplementos de ácido fólico e, mesmo que não passasse pelo processo de fertilização in vitro, aparentemente seria bom para seus cabelos e unhas.

Depois de voltar para casa, Cassie se sentou com seu notebook no sofá e começou a fazer pesquisas. Ela havia considerado a adoção, mas uma olhada superficial indicou que ela provavelmente não seria aprovada. Claro, sua carreira era estável e ela tinha condições financeiras, mas como uma mulher solteira com um emprego em tempo integral, ela não era a candidata ideal, pelo menos para um bebê. Ela pode ser uma boa candidata para uma criança em idade escolar, mas não era isso que ela queria. Era possível, mas parecia que o processo seria longo e caro, e se ela iria passar por um processo longo, difícil e caro de qualquer maneira, ela preferia gestar o próprio filho.

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