Capítulo 10

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COM O tempo, eu me acostumei com a presença da Olga, ainda ficava muito chateado com o Peter por ele a trair e sem nenhuma dor na consciência, mas também com o tempo, eu percebi que o namoro deles era bem estranho, eu não deveria e não iria me meter, se eles estavam felizes daquela forma, o que me importava?

Esse tempo foi necessário para que eu conhecesse ainda mais o Peter, tinha época em que ele desaparecia e não dizia a ninguém onde estava, só me restava como sempre, respeitar. Sabia que não era com mulher que ele estava, afinal, ele não escondia isso de mim, mesmo que em muitas das vezes, eu não gostasse e aconselhasse ele a encontrar uma mulher para se apaixonar e entregar o seu coração, assim como liberar a Olga para ter ao lado dela alguém que a valorizasse e a amasse.

Um dia, ele me confidenciou que ia visitar orfanatos quando sumia daquela forma, eu achei um gesto muito bonito da parte dele, mas não entendi o porquê de ele esconder isso até mesmo dos pais. A partir daquele momento, somente eu e Olga sabíamos onde ele estava quando desaparecia. Eu já conseguia sair para jantar com eles, fazer programa de amigos, mas até aquele momento, a Olga não havia sacado quem eu era de verdade.

Num feriado, como de costume, eu fui visitar os meus pais e acabei contando ao meu pai que havia me matriculado em uma universidade em Nova Iorque para o curso de arquitetura, ele ficou tão feliz, mas tão feliz, que parecia que era meu primeiro curso. Com o salário que eu recebia na JJohnson dava para pagar o curso, minhas contas e ainda me sobrava o suficiente. Até pensei que o Peter e o senhor Jacob, me pagavam um salário diferente dos demais funcionários no mesmo cargo que eu, mas pesquisando entre os outros funcionários, percebi que era igual ao de todos, ou seja, a JJohnson tinha um excelente plano de carreira e remuneração.

Passei o feriado com eles, quando voltei, fiquei ainda mais enrolado, trabalho, faculdade e ainda mais reuniões, jantares... meu tempo era muito escasso e eu fiquei um bom tempo sem ver os meus pais. E nisso, passou-se quase dois anos, quando consegui ir para o natal em casa, foi um dos natais mais legais e bonitos que passei com eles, digo isso pois, quando voltei, passei quase um ano sem ir em casa, já estava cursando o sexto período na faculdade, tinha feito curso de línguas, dentre elas, eu já falava espanhol e árabe, além é claro, da minha língua nativa, que era inglês, então cursei francês e italiano e o Peter estava me ensinando português. Então era muita coisa acontecendo. Cheguei à empresa às 7h da manhã, e fui para a sala que dividia com o Peter, acreditem, ele me colocou para trabalhar na mesma sala que ele, disse que tava me treinando para trabalhar como o seu braço direito. O salário ficou um pouco melhor e eu já pensava em comprar um carrinho no fim da faculdade.

O telefone tocou na minha mesa e eu atendi.

— Alô?

Senhor Parker, há uma chamada da senhora Parker na linha dois - era a secretária do Peter que atendia a nós dois.

— Pode passar, senhorita Scott - no mesmo instante, a chamada foi passada — Mãe, tudo bem?

Oi, meu filho... - ela soluçou.

Parei o que estava fazendo e ajeitei minha postura na cadeira em que estava sentado.

— Mãe, a senhora tá chorando? - Peter que estava na outra mesa parou de mexer no computador e olhou pra mim — O que houve?

É o seu pai...

— O que houve? - perguntei já me levantando da cadeira, Peter fez igual e se aproximou. Minha mãe chorava e meu coração desesperado — Mãe?

Filho, você precisa vir pra cá.

— Mas me diz o que tá acontecendo.

Ele sofreu um acidente no trabalho.

— Tô indo praí.

Desliguei e me virei para o Peter, ele só passou o braço em torno dos meus ombros e disse:

— Pode ir, nem precisa me dizer o que houve, sei que não deve ter sido nada bom, já que sua cara está péssima.

Peguei meu casaco apoiado no encosto da cadeira, vesti, peguei minha mochila, coloquei apoiada no ombro e fui direto para o aeroporto.

Quando cheguei em casa, minha mãe não estava em casa. Tirei o celular do bolso e liguei para ela, que me disse que estava no hospital, eu deveria ter imaginado, assim iria do aeroporto direto para lá. Peguei um táxi e fui para lá, quando cheguei, ela estava no corredor acompanhada de um senhor que eu não sabia quem era.

— Mãe...

— Filho - ela se aproximou e me abraçou chorando.

— O que houve?

— Seu pai sofreu um acidente de trabalho.

— Como?

— Ele estava mexendo com um dos guinchos e acabou que uma barra de ferro caiu sobre ele. Trouxemos ele o mais rápido que conseguimos - disse o senhor que estava ao lado dela — A propósito, me chamo Carlton Turner, chefe do seu pai.

— Sou Raffael.

Apertei a mão do cara e fiquei aguardando junto com ele e minha mãe, até que um médico apareceu para nos dar notícias.

— Senhora Parker, nós sentimos muito, mas...

Naquele instante eu parecia que fiquei surdo, pois não ouvi mais nada do que ele dizia, meu pai não sobreviveu aos ferimentos causados pelo acidente e veio a óbito. Foi horrível, pois eu estava devastado, minha mãe, nem vou dizer como estava e eu tinha que ser forte para dar apoio a ela.

Liguei para o Peter avisando que precisaria ficar por mais tempo do que o esperado e o informando do que aconteceu, ele apareceu na minha casa pouco mais de duas horas depois.

O Peter não pode ficar tantos dias, mas compareceu ao funeral que ocorreu quatro dias depois. Eu ainda fiquei com minha mãe por mais uma semana, liguei para o Peter dizendo que voltaria ao trabalho em poucos dias, mas ele me disse para ficar com minha mãe por ao menos um mês, e eu fiz.

Durante aquele mês, foi péssimo ver minha mãe cuidando das coisas do meu pai, onde ela colocava tudo em caixas para colocar na garagem até ter coragem de se desfazer.

— Mãe, a senhora não quer vir morar comigo? Ou posso pedir demissão e voltar a morar aqui e cuidar de você.

— Filho, eu vou ficar bem, só preciso de um tempo para me acostumar sem a presença dele - ela olhou para o porta retrato sobre a lareira e limpou uma lágrima solitária que escorria por seu rosto — Quanto ao seu trabalho, seu pai jamais iria aceitar que você desistisse dele, eu estou bem aqui, não se preocupe, pode ir... só lembre de vir me visitar e me ligar de vez em quando.

Dois dias depois dessa conversa, eu parti de volta para Nova Iorque e prometi para mim mesmo que manteria minha promessa de cuidar de minha mãe, ligar sempre para ela, assim como vê-la e continuar seguindo os meus sonhos e orgulhando o meu pai.

Dois dias depois dessa conversa, eu parti de volta para Nova Iorque e prometi para mim mesmo que manteria minha promessa de cuidar de minha mãe, ligar sempre para ela, assim como vê-la e continuar seguindo os meus sonhos e orgulhando o meu pai

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𝙼𝚛. 𝓟𝓪𝓻𝓴𝓮𝓻  - Spin-off do Livro 3 da Trilogia: POR QUE NÃO?Onde histórias criam vida. Descubra agora