€-- Sentia uma dor enorme nas costas. É claro. Minha mãe era pesada e eu tinha dez anos.
€-- Não preciso de ajuda. Não somos iguais!
€-- Mas isso não duraria muito mais tempo. Logo ela se libertaria de mim. Logo logo, sua vida voltaria a ser como...
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Eram seis da manhã. Já estava pronta. Afinal, eu acordo mais cedo do que isso. As pessoas costumam dizer que os finais de semana são feitos para acordar tarde e fazer o que quiser. Em parte eu concordo. Porém, não acho necessário acordar tarde, se eu madrugo nos cinco dias da semana não vejo motivos para não acordar cedo nos outros dois também.
Mesmo se eu quisesse, já estou acostumada.
- Estou te esperando no estacionamento.
A voz de Levi saiu rouca no áudio que ele tinha mandado, talvez seja porque tenha acabado de acordar. Ou não, ele acorda mais cedo também.
Peguei minha bolsa no sofá e as chaves na mesa. Desci as escadas do prédio mais rápido que o normal.
Confesso que estou animada, eu nunca tinha treinado antes.
Levi estava com os braços cruzados rente ao peito. Encostado em um carro preto, batia o pé direito no chão com certa rapidez.
Usava uma calça legging preta, uma blusa preta e uma jaqueta quadriculada cinza escuro. Seus cabelos soltos como sempre. E um tênis preto.
Parei na sua frente, levantando a cabeça para ver seu rosto.
Ele sorriu.
Levi me olhava nos olhos, de uma forma carinhosa, mas não demorou muito para a preocupação tomar seus olhos. Começou a esfregar meus dois braços com suas mãos.
- Não está com frio? Você vai congelar com essa blusa fina.
Arqueei as sobrancelhas, sorrindo com escárnio.
- Está preocupado, Levi?
Diferente do normal, Levi não respondeu a provocação a altura. Ele não falou nada.
Nada.
Suas bochechas coraram, ele virou para o lado e me soltou. Começou a andar para a outra porta do veículo.
- Claro que não. Entra no carro.
Sentei no banco da frente e coloquei os cintos. Levi ligou o aquecedor, não estava me olhando.
Ele estava envergonhado.
Talvez porque Levi estivesse acostumado a ficar com garotas e nada mais. Garotas que não lhe faziam sentir nada mais do que prazer. Talvez porque ele nunca chegou a se importar com outra pessoa que não seja sua mãe ou Louise, sua primeira amiga.
Sorri, era minha vez de provoca-lo.
- O que foi Levi? Ficou acuado do nada, você não ficou com vergonha, ficou?
Ele me olhou com tédio.
- Só fui educado.
- Não seja modesto. Pela primeira vez seu coração amoleceu e você ficou envergonhado porquê eu percebi, não foi?
