€-- Sentia uma dor enorme nas costas. É claro. Minha mãe era pesada e eu tinha dez anos.
€-- Não preciso de ajuda. Não somos iguais!
€-- Mas isso não duraria muito mais tempo. Logo ela se libertaria de mim. Logo logo, sua vida voltaria a ser como...
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O barulho de algo caindo me acordou.
Levantei num salto assustado. Olhei para o relógio na escrivaninha, 4 da manhã.
Meu coração errou a batida quando ouvi o próximo barulho. O som de alguém vomitando.
Corri em direção ao barulho. No banheiro, a porta estava trancada. Eles vinham daqui. O choro, o vômito.
- Mãe! - Gritei. - Abre a porta.
Isso já aconteceu antes. Ela se trancava no banheiro, para não me encontrar. Para não me preocupar.
Bati na porta com os punhos fechados. Uma. Duas. Três vezes.
O barulho ficou mais alto. Minha visão ficou embaçada, lágrimas já ameaçavam cair.
- Mãe por favor - minha voz falhou. - Não faz isso - bati na porta mais uma vez. - MÃE!
Minha respiração acelerou. Quanto mais eu batia na porta mais rápido ela ficava. Minhas mãos ardia muito.
Gritei, supliquei para que ela abrisse. Esmurrei a porta com toda a força que eu tinha. Eu era fraco.
Os barulhos continuavam.
- Me deixa te ajudar - falei.
Ela não respondeu. Bati na porta de novo. Me pergunto quando foi que parei de respirar. Meus pulmões tinham se fechado.
- Mãe - bati na porta. - Abre isso!
Parei com as batidas, não adiantaria. Dei dois passos para trás, em seguida joguei todo meu corpo nela. E a porta abriu bruscamente, quase caí no chão.
Todas as lágrimas apareceram quando levantei a cabeça.
Tinha um pouco de vômito no chão. Minha mãe estava em frente ao vaso. As pontas de seus dedos estavam brancas de tanto apertar a borda. Ela chorava e vomitava.
Corri até ela. Me ajoelhei e segurei seu cabelo. Assim que ela me viu, chorou ainda mais.
- Levi - sussurrou. - Saí daqui.
Balancei a cabeça, tentando ao máximo expulsar minhas lágrimas.
- De jeito nenhum - respondi. - Vou cuidar de você.
Ela soluçou. Não conseguiu responder, começou a vomitar novamente. Não tinha o que sair mais, ela vomitava o líquido verde da bile.
- Eu estou cansada, faz isso parar - suplicou.
- MÃE !! - Gritei, abrindo os olhos e sentando na cama.
Eu estava suado e tremendo. Não conseguia respirar.
Foi um pesadelo.
Levantei e fui até o quarto dela. Abri a porta lentamente.
Minha mãe dormia tranquilamente. Agradeço por seu sono ser pesado.