€-- Sentia uma dor enorme nas costas. É claro. Minha mãe era pesada e eu tinha dez anos.
€-- Não preciso de ajuda. Não somos iguais!
€-- Mas isso não duraria muito mais tempo. Logo ela se libertaria de mim. Logo logo, sua vida voltaria a ser como...
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Tomei meu café, observando a vista que minha janela proporcionava. Sendo mais específico, observando a janela de Lizie.
Isso tem se tornado um hábito, por vários motivos. O principal deles era irritar ela. Sempre que Lizie me via na janela, fechava a cara e mandava um dedo do meio.
Ela não tinha me visto ainda. Estava de pé, olhando para um lugar que ia além da visão de sua janela.
- Observando sua amante?
Dei um pulo assustado, olhando para a pequena mulher atrás de mim.
- Que susto - coloquei a mão no peito. - Pare de aparecer assim do nada.
Minha mãe dispensou minha reclamação balançando a cabeça. Estava muito interessada na pessoa que eu olhava.
Mais interessada do que eu mesmo.
- Qual o nome dela?
Chutadora de lixeiras - pensei.
- Lizie - respondi.
- Um belo nome.
Ela se virou para mim, com um sorriso irônico e maligno no rosto. Merda.
- Por acaso está apaixonado, filhote?
Engasguei com minha própria saliva.
- Claro que não!
Recebi uma leve cotovelada. O mini grito de minha mãe penetrou meus ouvidos logo em seguida, me assustando, de novo.
- Já estava na hora de desligar seu modo galinha - disse rindo.
- Mãe!
- É sério! Aquela última foi a pior, a Milena.
- Mia mãe - murmurei - Não me lembro de ter ficado com nenhuma Milena.
- São tantas - me olhou com seu rosto sonolento - não tem como lembrar de todas.
- Você não vai a academia hoje? - tentei mudar de assunto.
Ela não respondeu. Tomou o café da minha mão e deu um longo gole.
Mulher atrevida.
- Mas essa parece legal - voltou seus olhos da janela - olha Levi! Tem mais alguém lá.
- Onde?
Olhei a janela. Uma mulher mais alta que a chutadora de lixeiras tinha se aproximado. Passou por ela e encostou no sofá.
- Será que é a mãe dela? - Perguntei para mim mesmo.
A senhora usava um vestido vermelho, e seus cabelos estavam presos em um coque.
- Eu conheço ela.
Olhei para minha mãe, pedindo uma explicação. Sem tirar os olhos da janela ela segurou minha mão me puxando mais para perto.