€-- Sentia uma dor enorme nas costas. É claro. Minha mãe era pesada e eu tinha dez anos.
€-- Não preciso de ajuda. Não somos iguais!
€-- Mas isso não duraria muito mais tempo. Logo ela se libertaria de mim. Logo logo, sua vida voltaria a ser como...
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- 10 anos atrás -
Eu tinha esquecido a chave de casa. Meu pai provavelmente iria me dar muito mais que uma bronca. Era o que eu achava que iria acontecer. Afinal, era isso que ele fazia.
Estava andando para a minha casa sem olhar para trás, nem para os lados.
- Aquele ali não é o filho do Lorenzo?
Parei meus passos quando ouvi a frase. Dentro do bar da rua, um homem barbudo estava sentado na bancada, olhando para mim.
- É ele sim - o bartender respondeu sem parar de fazer o que estava fazendo. - Passa aqui todos os dias voltando da escola.
- Aí garoto - o outro chamou. - Fala pro Lorenzo que eu vou quebrar a cara dele por ter comido minha mulher - bateu a mão na mesa. - Aquele filho da puta!
- Se começar com essas crises de bêbado eu vou te chutar para fora, senhor - disse o bartender com um sorriso passivo.
O senhor barbudo pediu desculpa e levou a cerveja na boca.
- Senhor barbudo, se serve de consolo meu pai disse que a Suzana foi uma mulher de tirar o fôlego.
Ele cospiu toda a cerveja no bartender. Que por sua vez lhe acertou na cabeça com o pano que estava usando para limpar a bancada.
- Seu homem das cavernas!
- O que você disse garoto?!
Ignorei e voltei a andar para casa. Estava bem próximo. Quando cheguei, já tinha preparado todas as desculpas do porque eu tinha esquecido a chave. Mas a porta estava aberta, escancarada.
Entrei e me deparei com uma menina encolhida, e sua cabeça baixa no canto do nosso pequeno jardim. Andei até ela e abaixei para ficar da sua altura.
- Você invadiu a minha casa?
A menina ergueu os olhos assustados. Percebi que se derramava em lágrimas, e o nariz estava vermelho por causa do frio. Seus olhos castanhos e cabelos bagunçados presos em um coque feio me lembravam alguém.
- Eu só estou esperando a minha mãe - sussurrou. - Não quero atrapalhar.
- Ta bom - dei de ombros.
Os olhos da minha mãe e do meu pai me fuzilaram quando entrei. Minha mãe sempre aparecia aqui para brigar. Estremeci quando meu pai me olhou cínico.