Alfonso: Nate. – Chamou, acariciando o cabelo do filho – Você ainda não precisa acordar, mas está pensando nisso. – Brincou, e Nate fez uma careta.
Nate: Mamãe voltou? – Perguntou, sonolento.
Alfonso: Não, filho. – Respondeu, acariciando o menino – Mas você precisa ir pra escola.
Nate: Não tô pensando nisso. – Dispensou.
Alfonso não caíra tanto quanto Anahí. A vida o havia ensinado a lidar com a dor. Ele se levantava todos os dias, seguindo sua rotina normal, cuidando pra que os filhos seguissem a deles também. A única evidencia de seu sofrimento era que a cor sumira de seu rosto. Estava pálido, e com olheiras que pareciam ser permanentes. Falava muito pouco: Dava ordens com olhares, erguidas de sobrancelhas e gestos com a mão.
Anahí deixou a casa de Joseph naquele dia. Estava um caco, mas dirigiu de volta ao apartamento de Ian. Chegando lá, descobriu todos os moveis. O duplex de Ian tinha paredes brancas, os sofás e poltronas da sala eram azul marinho, e o resto dos moveis eram baseados em vidro e metal. Ela olhou a cozinha superficialmente (branca, com um balcão de mármore claro, tudo muito asséptico), e apanhou as malas, subindo. A escada era de mármore claro, começando na sala, dando pra uma pequena varanda no primeiro andar. O corrimão era de metal. Lá em cima ficavam os quartos. Os padrões eram os mesmos: Vidro e metal. Era bem a cara de Ian. Ela se alojou no quarto principal, desarrumando as malas. O closet de Ian não era um cômodo separado, mas sim uma parede do quarto com portas de vidro embaçado de correr. Ela pendurou as roupas nos cabides que haviam lá, arrumando tudo. No fundo da primeira mala encontrou a montagem que fizera anos atrás, com as fotos da revista. Ela estava sorridente com Alfonso e Nate por toda a parte. Pendurou a montagem na cabeceira da cama, olhando-a, saudosa e pensando que precisava colocar fotos de Blair ali. Terminou de guardar as malas (e os infinitos lençóis brancos), colocou o celular pra carregar e foi pro banheiro. No caminho pra casa comprara o que precisava pra higiene pessoal. Tomou um longo banho e se aprontou. Queria ver os filhos logo, mas sabia que a essa hora já estavam no colégio. Saiu de casa pensando que precisaria abastecê-la ainda hoje e aprender a cozinhar algo que prestasse. Era fim de semana, e ela esperava levar os filhos pra ficar com ela.
Funcionário: Bom dia, senhora Herrera. – Se apressou, abrindo a porta do ateliê. Ela assentiu com a cabeça, tirando os óculos escuros. Não tinha vontade de falar também.
Anahí: Café e o relatório dos últimos dois dias. Na minha mesa. – Ordenou, passando em direção ao elevador.
Logo estava lá. Ela dedicou o dia a trabalhar. A semana de moda logo viria, e ela queria seu nome naquele catalogo. Nem almoçou; o dia passou voando. Quando se deu conta, já era o fim da tarde. Encerrou o expediente e saiu as pressas. Ficou parada na porta da escola, até que as crianças começaram a sair. Ela usava uma blusa de manga cumprida, preta, jeans escuros e salto alto, os cabelos soltos nas costas. As pessoas estavam olhando, ela sabia, mas tivera a precaução de se certificar de que ninguém teria pena da mulher no espelho antes de sair. Por dentro ela era migalhas, mas por fora estava impecável. Como sempre.
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Antes Que Termine o Dia (Efeito Borboleta - Livro 3)
FanfictionQuando você é enganado, traído e machucado a certo ponto, só existem duas opções: Esquecer e perdoar, ou esperar o momento e a hora certa de se vingar. Essa não é uma história sobre perdão. "O bater das asas de uma borboleta pode desencadear um tuf...