Anahí entrou no apartamento e sorriu ouvindo o barulho dos filhos. Ia pro corredor dos quartos quando viu dois pés cobertos por meias, suspensos no braço do sofá. Ela se aproximou e Alfonso estava largado lá, ainda com a roupa do trabalho, um dos braços cobertos pelo linho branco da camisa tapando os olhos.
Ele não conseguia seguir em frente. Simplesmente aceitar que aquela criança estava perdida, e que era assim que as coisas seriam, porque ao contrário da maioria das coisas ele não podia alterar. Ele fechava os olhos e podia ouvir seu choro. Não dormia direito a noite, e o luto não deixava trabalhar direito; o sufocava. Ela não sabia de nada. Nunca saberia.
Anahí: O que você está fazendo? – Perguntou, debruçada no sofá, e ele se sobressaltou, tirando o braço do rosto e piscando sobre a claridade. As olheiras continuavam profundas no rosto, como se tivessem sido talhadas ali.
Alfonso: Eu estou... Estou... Estou na minha casa. – Disse, indignado, e ela sorriu.
Anahí: Casa essa que eles vão tocar fogo se você não for supervisionar. – Apontou pro corredor, onde a bagunça corria solta. Alfonso gemeu, se levantando – Tudo bem, eu faço isso. Durma um pouco, você parece um zumbi. – Disse, com uma careta, e ele viu ela entrar no corredor. Se afundou no sofá de novo.
Nate e Blair ficaram mais que felizes ao vê-la ali. Era a semana de Alfonso, logo eles não esperavam vê-la. Anahí mandou o filho pro chuveiro e foi dar banho na menina. Só tinha esquecido de como era difícil extrair alguma informação exata de Blair.
Anahí: Bee, o que o seu pai tem feito? – Perguntou, molhando o cabelinho da filha com cuidado pra não molhar as olheiras. A espuma começou a cair, revelando o cabelo escuro. Blair analisou.
Blair: Ele toma café, arruma a gente pra escola... – Começou, contando nos dedinhos – Daí eu não sei, porque eu fico com a minha pró de dia, daí de noite ele chega, arruma a gente, ensina a lição... – Anahí fez uma careta.
Anahí: Não, isso eu sei. Mas ele faz alguma coisa de noite? Na hora de dormir? – Tentou, espalhando condicionador no cabelo da menina. A franjinha caiu na testa, lambida, e a menina analisou de novo. O cheiro do condicionador de morango tomou conta do banheiro.
Blair: A gente janta. Às vezes brinca um pouco. Ele ajuda a escovar os dentes... – Ela mostrou os dentinhos de leite – Depois coloca na cama e conta uma história. – Disse, satisfeita.
Anahí: E... – Incentivou, enxaguando o cabelo da menina.
Blair: Depois disso eu tô dormindo, mamãe. – Constatou, com um biquinho frustrado, e Anahí riu consigo mesma.
Anahí: É claro que você está. – Disse, dando um beijo na bochecha da menina, que sorriu – Vamos, vou secar você e ensinar o dever. Vamos deixar seu pai descansar um pouco hoje. – Blair assentiu.
Anahí ficou com Blair e Nate um bom tempo. Os ensinou o dever, os alimentou e por fim os colocou na cama. Quando os dois dormiram voltou pra sala. Alfonso estava no mesmo lugar, na mesma posição. Ela se aproximou, puxando a camisa dele de dentro da calça e abrindo o cinto, pra que ele pudesse dormir melhor.
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Antes Que Termine o Dia (Efeito Borboleta - Livro 3)
FanfictionQuando você é enganado, traído e machucado a certo ponto, só existem duas opções: Esquecer e perdoar, ou esperar o momento e a hora certa de se vingar. Essa não é uma história sobre perdão. "O bater das asas de uma borboleta pode desencadear um tuf...