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Meu coração bateu forte quando vi aqueles olhos marrons, como o de um predador. Ele olhava para o time rival com um sorriso maldoso e as sobrancelhas arqueadas, um desafio escondido por debaixo daquelas sombrancelhas loiras.

Eu me arrepiei no minuto que ele levantou de uma mão para o outro lado da quadra, era isso, ele conseguia fazer o impossível. Odiava que minha inveja me fizesse prestar atenção apenas nele. Eu poderia sentir inveja de cada um daquele time, altos, fortes, que conseguiam chamar atenção de todos com seus jogos, mas ele... ele tinha alguma coisa que me irritava, uma coisa inexplicável. Ah, eu sabia o que era.

Malícia

Tudo isso vinha do olhar dele, seu jeito esnobe era o que mais deixava qualquer um inquieto com sua atitude, e eu não era diferente.
Sim, eu era uma das milhares de pessoas que estava vendo aquele jogo espetacular. eu e meu time, naquelas arquibancadas cheias.

— Não suporto isso — a garota cacheada e baixa com os olhos puxados falou um pouco brava —

Bem, essa era a koda.
Eu a conheci a 3 anos atrás, quando entrei pro time. Ela tinha cabelos cacheados, longos e marrons, seu rosto era fino com uma boca carnuda que era muito bonita. ela morria de ciúmes tanto quanto eu, eles eram os queridinhos do MSBY e nós sabíamos disso.

— Eu os odeio — falou a yoshi mordendo o canudo com força, com fogo nos olhos.

Mais uma garota do time, e essa era simplesmente a que mais marcava presença com seus cabelos escuros e totalmente lisos me deixavam apaixonada, ela não tinha uma feição angelical como a da koda, não, ela era totalmente o contrário, seu rosto era impressionantemente sexy, com sua boca vermelha e seus olhos super puxados.

Nós três sempre fomos um trio, uma junção de três personalidades completamente distintas, mas que juntas davam certo.

Não fomos com o time inteiro ver o jogo, as únicas que se sentiram na necessidade de ver eles jogando fomos nós, e eu não me arrependia.
Nosso time dizia que isso era besteira, e que não deveríamos dar tanta importância para isso, porque de acordo a elas estávamos sendo infantis.

Sim, estávamos.

— Como aquele baixinho consegue fazer isso? — falou a koda, vidrada, revoltada olhando um garoto ruivo —

Sinceramente, eu não sabia o nome de nenhum deles e nem me importava muito, exceto por meian que era meu irmão mais velho, o número 4 e hinata o garoto com quem eu tinha uma imensa admiração. A única forma que eu conseguia diferencia-los ou nomeá-los eram por suas camisas com números e nomes em suas costas.

Eu ficava animada nas partidas, claro que ficava, minha inveja conseguia ser menor, era meu irmão jogando e eu sempre iria apoiá-lo, e eu sabia disso, ele era brilhante, sempre foi impecável enquanto jogava, qualquer um notaria isso.

E como esperado, eles ganharam. Eu não me sentia mal, eu estava muito feliz pelo meu irmão, era uma nacional e isso era perfeito para todos nós. Ontem a noite ele foi no meu dormitório pedir para que eu entregasse sua medalha caso ganhasse. sempre foi assim, em todas as minhas competições ele colocava a medalha no meu pescoço e eu no dele.

Eu suspirei me levantando com um sorriso imenso, estava suando frio, jogos me deixavam nervosa, ainda mais quando estou assistindo. Assim que eu me preparei para andar a yoshi me parou, e falou com sua voz grave

— Onde vai? — falou curiosa —

A única coisa que eu respondi foi "meu irmão", o que fez com que a mesma concordasse. Eu me virei para falar com a koda, mas ela parecia não querer muito conversar, pois estava com um bico enorme, de braços cruzados na cadeira me fazendo rir e ela me olhar brava, fazendo com que eu virasse o rosto assustada.

Eu passo a mão no cabelo e acelero meus passos até o corrimão da escada, onde eu passo por inúmeras pessoas me olhando confusas, mas que dei pouca importância. eu chego na grade que dividia a quadra e paro ali procurando meu irmão, logo aceno mas ele parece não me ver.

Eu não era a única familiar que estava para poder entregar a medalha, de longe eu podia ver algumas garotas e alguns pais na quadra.
Em pouco tempo ele me procura e consegue me achar, dando uma pequena corrida até mim, tentando abrir a grade desajeitado, afobado e aliviado.

Eu estava louca para abraçá-lo, e é isso que eu faço assim que ele abre a grade que nos separava, eu não me importava nem um pouco com as pessoas vendo aquilo, eu estava tão feliz e aliviada que ele tinha vencido que esqueci de tudo isso.

Ele agarra minha cintura e ri no meu ouvido, ofegante, sem me soltar por um bom tempo. Eu ficaria um tempo com ele se o técnico já não estivesse quase explodindo de raiva da nossa demora ali, o que fez com que rapidamente nós corressemos até o resto do pessoal.

O técnico foi entregando a medalha na mão de cada familiar que ali estava, inclusive na minha. Fazia um tempo desde que sentia o metal gelado assim na minha mão, logo que eu sinto o peso em minha mão eu sorrio para o meian que sorri de volta.

Em ordem todos foram colocando, um por um assim como eu quando chegou minha vez, mas eu fiquei precisando olhar o gêmeo do garoto dos olhos marrons colocar a medalha em seu pescoço.

Eu conhecia o miya, não eramos tão próximos, mas nos conheciamos, dividimos o departamento, ou seja, eu precisava vê-lo no treino as vezes, era separado por gênero mas mesmo assim eu o via por causa do meu irmão, o que não era muito agradável, afinal em todas as vezes eu o respondia grosseiramente pelo seu sorriso maldito, aquele sorriso que fazia com que eu me sentisse inferior, e o que ele fazia questão de lembrar toda vez.

"Deveria treinar em vez de ficar indo atrás do seu irmão"

"você é uma boa menina, mas não chega aos pés do seu irmão"

Ou todas as vezes que eu escutei ele falar críticas não construtivas sobre tudo e qualquer coisa que eu fazia.
o que o meu irmão achava disso? Ele estava pouco se fodendo, nunca ligou para o quanto o miya era irritante, afinal ele não era malcriado com meian, apenas com os que ele sabia que ligariam para as provocações dele, e eu era um alvo fácil.

Raivosa, violenta e com sérios problemas em calar a boca. Eu era tudo isso quando não queria, e qualquer coisa me fazia explodir por alguma coisa que nem tinha tanta importância assim.

— Fico feliz que tenha vindo ver o jogo — ele susurra —

— Nunca vou perder um jogo seu — falei ajeitando sua medalha, sorrindo para o mesmo —

 Trouble Maker- あつむ - Atsumu Miya Onde histórias criam vida. Descubra agora