Capítulo VI

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O ruivo se surpreendeu ao encontrar logo tão cedo uma ajudante solícita em ajudá-lo. A alimentação dentro do navio não era das melhores, visto que eles poderiam ficar até meses sem pisar em terra firme para garantir alimentos frescos e saudáveis, então cada um tinha uma porção dosada para si, alguns até apostavam as suas nas mesas de jogos ou trocavam por doses de rum.

Ainda assim, o cozinheiro se empenhava para manter tudo em ordem e fazer o melhor com os recursos que possuía, em geral, seus companheiros não eram muito zelosos, exigentes ou até mesmo, agradecidos, mas isso não era motivo para que Juugo não desse o melhor de si sempre.

— Como passou a noite? Espero que o movimento do navio não tenha lhe deixado enjoada.

— Fiquei enjoada, mas não por conta do balanço das águas, estou acostumada com ele. Já não posso dizer o mesmo dos seus colegas, eles não me deram paz alguma durante a noite, são um bando de pervertidos nojentos, isso sim! — por um momento, Sakura deixou sua frustração escapar, sem se dar conta de que estava diante de um deles, mas Juugo apenas a observou com seus olhos cheios de compaixão.

— Sinto muito por isso. Posso tentar escondê-la aqui na cozinha durante a noite, temos apenas que tomar cuidado para que Sasuke não a veja.

— Ei, não se preocupe, não quero que arranje problemas por minha causa, vou ficar bem.

Observou as mãos grandes do rapaz enquanto picava uma cebola com maestria e precisão, de fato, cozinhar não parecia ser o tipo de coisa que um homem daquele tamanho se proporia a fazer, será que ele era obrigado? Ou talvez só se sentisse mais à vontade naquela posição, de qualquer forma, Juugo parecia muito diferente dos demais e Sakura não conteve sua curiosidade:

— Como consegue ser tão oposto aos outros? Digo, tão calmo e gentil.

O ruivo a observou perdido, como se não fizesse a mínima ideia do que responder, mas então se lembrou do passado e dos motivos que o trouxeram para o navio e lhe fizeram conhecer seu comandante.

— Uma mão me foi estendida quando mais precisei, então tento retribuir o gesto em relação aos outros.

— E essa mão presumo que era de Sasuke.

— Ele me encheu de esperanças e vontade de viver quando eu já não tinha mais nada.

Enquanto falava, o olhar do jovem parecia cheio de admiração e respeito, o que não a comovia em nada, já que para ela, Sasuke deveria ser apenas mais um pervertido ao qual havia negado sua proposta indecente.

— Enfim, Sakura, preciso que leve essa bandeja até os aposentos do comandante.

E por falar no diabo... Sakura não estava nenhum pouco disposta a encontrá-lo depois da noite anterior, mas se quisesse continuar com o seu plano, deveria fazer a sua parte.

Atravessou o convés e bateu na porta duas vezes, sem obter resposta alguma. Suspirando já sem paciência, abriu a porta com a mão desocupada, a claridade do sol ainda não entrava tão diretamente pelas janelas, contudo podia ver a sombra de alguém estirado sobre a cama. Notando que ninguém a observava do lado de fora, fechou a porta atrás de si, sem fazer ruídos.

Uma ideia rodeou seus pensamentos enquanto depositava a bandeja sobre a mesa, sorrateira como uma ladina prestes a cometer o roubo de sua vida. Madara não estava naquele barco, contudo não significava que não sentiria a perda de seu sobrinho, afinal, por mais temível que fosse, o homem deveria ter alguma consideração por Sasuke para torná-lo comandante de uma de suas divisões.

Ela poderia cortar o pescoço alvo do jovem e então se jogar no mar, antes que notassem o que havia feito, talvez isso não fosse o suficiente para aplacar seu sentimento de vingança, mas serviria de início.

A Cerejeira dos maresOnde histórias criam vida. Descubra agora