Os últimos dias vinham sendo monótonos, por esse motivo os piratas tendiam a ser tão festeiros, já que o número de coisas para fazer durante suas viagens eram bem limitadas. O serviço braçal era garantido, mas reservado aos tripulantes novatos ou ainda, como forma de castigo e não eram todos os marujos que tinham interesse ou disposição para treinar suas habilidades físicas, a maioria vinha das ruas e tinham a malícia da sobrevivência, um ritmo de luta que não era facilmente aprendido em alguma academia militar.
A origem da tripulação também era diversificada, entre eles, haviam nobres que caíram nas dívidas com jogos e se tornaram delinquentes por pura ganância, homens que nasceram na extrema pobreza e que não tinham mais nada a perder, a não ser encarar a chance de se aventurar no mar, tinham os garotos órfãos que se infiltraram no bando, os velhos que saqueavam em busca de um pouco de emoção nos dias que lhes restavam de vida, aqueles que seguiam e admiravam os passos de Madara e ainda, aqueles que só buscavam um sentido para viver.
Sasuke sabia o passado de todos eles quando assumiu a tripulação com quase quarenta homens, o mesmo cresceu dentro de um navio ainda maior, sabia bem como o mundo funcionava e os poderes capazes de mover todos os homens: riqueza, violência e fé. O resto eram vias inventadas por eles, meras ilusões para manipular ou ensinar o que era certo ou não: amor, sentimentos, empatia e outros valores tão pregados, mas até que ponto tudo isso não era apenas um sentimento egoísta de alguém?
Bem, Sasuke gostava de pensar que dava aos outros a chance de serem o que mais almejam, os que buscam por lutas e mortes têm a sua vez, os que querem alguma chance de encontrar a riqueza também e aqueles que buscam uma família ou um porto para se firmar, podem contar com o bando. Não que todos os membros sejam confiáveis, ele próprio sabia o quão invejoso Danzou poderia ser, contudo era melhor ter a velha raposa ao seu lado, do que no assento oposto da mesa.
Ainda se lembrava de quando trouxe Suigetsu para o bando, o homem de armas que era um dos seus braços dentro do navio era um rapaz jovem, hábil e competente, mas não tinha nenhum propósito, preguiçoso demais para trabalhos pesados, vivia às custas de pequenos roubos até o dia em que viu homens do exército do país da chuva dizimarem uma população inteira por estarem se recusando a arcar com os impostos e tarifas do senhor feudal. Sasuke o conheceu nessa época e aproveitou-se da aversão do jovem à sujeira da sociedade para trazê-lo para o seu lado.
Com Juugo havia sido diferente, desde pequeno, sempre teve músculos avantajados e um tamanho fora do comum para garotos da sua idade, por isso, foi vendido pela própria mãe como escravo e mantido assim ao longo de toda a sua adolescência, até o dia em que um bando pirata atacou o casarão em que ficava e não se contentou apenas com a liberdade recém ganha, mas também optou por seguir aquele que o libertou.
Cada um de seus homens, incluindo ele mesmo, possuíam cicatrizes do seu passado, alguns as expunham com suas ações grosseiras, outros se mantinham mais reservados, porém todos tinham em comum o desejo de perpassar tais muralhas. Sasuke via isso em Sakura desde o começo, havia uma parte misteriosa em sua história, no entanto por mais fosse corajosa, se compadecia pelos outros talvez mais do que deveria, afinal, não existiam pessoas totalmente inocentes nessa vida, cada um possuía pecados traçados em suas peles ou ancorados sob suas costas.
E ele não a recriminava por isso ou por sua origem, ele não era digno de apontar julgamentos, apenas seguia em sua missão de dar um lar a quem precisasse e ela lhe parecia tão perdida quanto os outros, embora a audácia de se juntar aos piratas já tivesse sido um ato de grande determinação.
Ainda assim, ele adorava provocá-la, ver suas bochechas ficarem tão rosadas quanto os seus cabelos, enquanto ela transbordava em vergonha alheia, era divertido, de forma que as implicâncias entre eles já tinham se tornado uma boa válvula de escape ou distração dos dias monótonos. Tais brincadeiras escondiam um fundo de verdades, pois como costumava deixar claro, se em algum momento, ela demonstrasse interesse genuíno, ele não seria tolo de lhe negar uma investida, afinal, era inegável que seus traços exóticos lhe chamaram muita a atenção desde o início.
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A Cerejeira dos mares
FanfictionSakura Haruno era apenas uma criança quando descobriu o quão cruéis os piratas poderiam ser e graças a esses criminosos, sentiu na pele o peso das injustiças. Dez anos depois, o ódio que ainda guarda dentro de si eclode e sem rumo, decide seguir o ú...