Capítulo X

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Quando anoiteceu, Sakura optou por não ir até a cabine do capitão tão cedo, pela tensão que tinha tomado conta no último momento entre ambos. Ele tinha sido sagaz ao notar a sua intenção, provavelmente a assistiu enquanto lançava provocações a Arlong e apenas esperou o momento certo para agir, no fim das contas, ela ficava um pouco mais aliviada, sabendo que ele não tinha a confrontado na frente dos outros, o que seria ainda pior.

No entanto, ainda tinha em mente que Sasuke seria uma ferramenta útil para o andamento da sua vingança contra os piratas e mais ainda, para a sua proteção contra Danzou e seus lacaios. Não concordava com a ideia de agradá-lo, quanto menos obedecê-lo, porém ao menos até alcançar um pouco mais de sua confiança, teria que se comportar do modo que lhe fosse mais conveniente.

Admirava o silêncio raro na proa da embarcação, enquanto as ondas balançavam vagarosamente e as estrelas contemplavam o céu com o seu brilho e resplendor, a experiência de ter toda aquela imensidão de águas ao seu redor era reconfortante, a fazia se sentir tão livre quanto a brisa que refrescava sua pele e mantinha seus cabelos bailando ao vento.

Foi então que avistou no horizonte a luz de outra embarcação, parecia um navio pouco menos imponente quanto os dos Uchiha e velejava em silêncio, como quem busca apenas uma pacífica viagem. Sakura se arrepiou ao lembrar do ataque ao navio de mercadores e nos horrores presenciados, de modo que preferiu não fazer alarde, ao passo em que ninguém mais parecia ter notado a presença do outro barco.

Contudo, por mais que tentasse ignorá-lo, o barco parecia cada vez mais próximo, como se quisesse os alcançar de alguma forma. Na embarcação em que estava à bordo, a bandeira negra com o crânio e o leque estava hasteada, mas talvez não fosse visível em meio ao breu da noite. "Se for apenas um barco de comerciantes, que se afastem o mais rápido possível" - Sakura torcia em seu interior, mas então o baque aconteceu.

Um estrondo, seguido pelo balançar ainda mais acentuado do chão sob seus pés e o cheiro de pólvora queimando o ambiente, tinham mesmo atirado uma bala de canhão no navio pirata? O quão loucos poderiam ser os atacantes, embora naquele quesito, Sakura também não ficasse para trás, afinal, era ela quem estava infiltrada no bando Uchiha por vingança.

De repente o movimento se intensificou no navio, xingamentos e gritos de ordem preenchiam a noite, os que estavam dormindo, se levantaram prontos para a ativa e se via tudo, menos temor na face de qualquer um dos tripulantes. A jovem decidiu sair da linha de fogo e cruzou com Sasuke com feições nada amigáveis, enquanto organizava seus homens:

— Aos canhões, disparem enquanto não os alcançamos! Preparem um bote, vamos invadir. — então, seus olhos se voltaram para Sakura. — Não vai se jogar de novo no mar, vai?

— C-Claro que não! — respondeu envergonhada.

— Pois então saiba que hoje será um teste prático da sua aptidão.

Engoliu em seco, ela se recusaria a machucar qualquer pessoa inocente, ainda que sua vida corresse risco por isso, aquele era um limite que nem mesmo a sua mentira e invenção a fariam ultrapassar. No entanto, assim que esbarrou em Juugo, sentiu-se mais segura para perguntar:

— Quem são eles, mercadores?

— Nada disso, para terem nos atacado com tamanha audácia devem ser corsários.

O grande homem ruivo desceu para o convés inferior, provavelmente ajudaria os outros a carregar os canhões de pólvora para rebater o tiro que levaram. Desequilibrou-se com o movimento do navio, quando as velas foram descidas e o curso invertido, a embarcação que antes seguia para o sul, agora ia de frente, tão imponente e corajosa quanto os homens sobre ela.

A Cerejeira dos maresOnde histórias criam vida. Descubra agora