Capítulo XVI

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Da mesma forma que havia chegado ao céu, fora derrubada com uma queda funda e desenfreada. O que tinha feito questão de esquecer enquanto se entregava aos prazeres da carne agora a chamava à realidade de forma inevitável. Sasuke havia até mesmo se vestido para continuar a conversa, ela mal notou o fato até se sentar e envolver o próprio corpo no lençol branco.

— Sasuke... — começou, sem conseguir disfarçar o nervosismo que a contagiava.

— Não me venha com ladainhas, Sakura. Me explique como acabei de deflorar uma ex-prostituta. — se exaltou.

Sabia que não era nem um pouco cortês ou sensível de sua parte indagar a questão depois da intimidade que dividiram, no entanto era o sinal físico de que ela havia mentido para ele e se foi capaz de esconder a verdade sobre algo tão único e particular, o que mais poderia ter sido uma invenção dela?

— Não diga como se fosse algo ruim, ou se tivesse alguma culpa, eu quis que fosse assim! — apressou-se em sua defesa.

— E o que mais tem sido um capricho seu? — perguntou com o rosto bem próximo ao dela, parecia realmente consternado com a situação.

"Entrei em seu bando para assassinar o seu tio e vingar a morte de meu pai", seria essa a resposta verdadeira, porém por mais que Sasuke apoiasse a ideia de liberdade, provavelmente não se oporia ao próprio tio, ainda mais quando a real intenção dela era enfiar uma adaga em sua garganta.

De modo que não podia dizer a verdade por inteiro, porém ainda poderia abrir a parte que realmente era verídica e que lhe doía todos os dias. Endireitou-se na cama, a vontade era de se vestir, mas pela feição impaciente de Sasuke, imaginou que ele não esperaria para obter sua resposta, visto que a encarava com o cenho franzido.

— Sou filha de pescadores, sempre trabalhei arduamente para ajudar a minha família, mas não na profissão que aleguei.

— Nos vimos no porto uma vez, não tinha certeza até os seus primeiros dias no navio. — ele interveio, se ele recordava de vê-la vendendo caldo no porto, talvez sempre tivesse duvidado da história contada por ela no fim das contas.

— Então já desconfiava de que eu não era nenhuma prostituta?!

— É você quem deve respostas aqui. — a cortou, enquanto cruzava as pernas.

— Naquela noite, realmente havia sujado minhas mãos com o sangue de um homem desprezível e precisava de uma fuga. Quando vi o seu navio, não pensei duas vezes. — talvez ele nunca a perdoasse por mentir novamente, porém agora qual escolha possuía?

— Era um barco com a bandeira pirata que poderia conter outras dezenas de homens desprezíveis. — debochou.

— Só precisava de uma fuga, ele era o senhor daquelas terras e tinham brutamontes sob suas ordens em meu encalço, era isso ou saltar no mar e orar para não ser vista. Sabia que eles teriam poder para revirar qualquer outro navio, mas não o seu.

— E o que a levou a matar um homem tão importante?

Um nó se apossou de sua garganta ao se lembrar da dolorosa imagem de sua mãe e tudo o que a mulher teria suportado para mantê-las em segurança.

— Descobri que ele estava abusando de minha mãe, ele nos ameaçava e a chantageava para ter o que queria dela. — nesse momento, até se apressou em limpar rapidamente as lágrimas que começavam a escorrer. — Ela passou por tudo isso sem que eu percebesse e mesmo que eu tivesse notado antes, teria feito justamente o que fiz, não tenho arrependimentos quanto a isso.

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⏰ Última atualização: Oct 21, 2023 ⏰

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