Capítulo II

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Debaixo do nosso sangue ruim

Nós ainda temos um santuário

Lar, ainda é um lar, ainda é um lar aqui

Não é tarde demais para reconstruir ele

Porque uma chance em um milhão

Ainda é uma chance, ainda é uma chance

E eu prefiro apostar nessa chance

Remendar o que foi quebrado

Desdizer estas palavras ditas

Encontrar esperança na falta de esperança

Me tirar desse desastre

Desfazer as cinzas

Desencadear as reações

Eu não estou pronto para morrer, ainda não

Me puxe para fora do desastre

Me puxe para fora, me puxe para fora

Me puxe para fora

Me puxe para fora, me puxe para fora

Me puxe para fora

Train Wreck - James Arthur

Uma mulher forte e gentil. Foi o que Sakura havia se tornado nos dez anos que se seguiram desde a morte de seu pai. A inestimável perda de Kizashi nunca foi amenizada, porém, para os que ficam, a luta da vida é diária, de forma que a jovem seguiu em frente.

Vivia com sua mãe na mesma casa desde aquele tempo, as noites eram muito frias, pois o telhado estava cheio de rachaduras e telhas faltando. Não pagavam impostos para viver ali, mas trabalhavam para se alimentar, ou melhor, essa função agora era toda de Sakura, pois desde que Mebuki tinha desenvolvido algum tipo de relação com o senhor das terras, a mulher tinha se resignado ainda mais dentro da própria casa, de forma que mal saia ou conversava com os vizinhos. Então cabia a Sakura trazer a comida para a mesa, enquanto se esforçava para ignorar o que ouvia a respeito da própria mãe.

No início, por ser muito jovem, ainda não entendia o teor que as palavras maldosas possuíam, mas ao longo de sua experiência, foi tendo a noção do que diziam a respeito de sua própria mãe. Vadia, amante e interesseira eram os nomes mais leves que costumavam usar para se referir à Mebuki e isso mais do que feria a filha, a deixava enfurecida.

Sakura continuava com seu gênio forte e impulsivo e não hesitava entrar em discussões para defender a honra da mãe, então os aldeões passaram a ser mais cautelosos com suas ofensas, ao menos na presença da jovem, embora ela ainda conseguisse ouvir alguns sussurros e perceber olhares de reprovação sempre que a viam.

Havia até mesmo quem inventasse coisas terríveis sobre ela, pois Sakura trabalhava o dia todo no porto, vendendo o caldo de peixes que sua mãe havia lhe ensinado. Todos os dias, ela transportava um carrinho de mão, com um grande caldeirão contendo a receita já pronta, então improvisava uma fogueira e a ascendia para deixar o caldo aquecido e vendia porções dele em tigelas feitas de cocos.

A Cerejeira dos maresOnde histórias criam vida. Descubra agora