Capítulo XIV

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A consciência retornou ao seu corpo gradativamente, de modo que o simples ato de entreabrir os olhos parecia exigir um tremendo esforço, como se suas pálpebras pesassem toneladas e quando tentou mover o corpo, o resultado também não foi dos melhores, seus membros doíam como se tivesse participado de alguma batalha.

Quem diria que meras gotas de chuva o contaminariam com um resfriado tão forte? Fazia muito tempo que não se sentia tão doente, talvez estivesse precisando mesmo pisar em terra firme, relaxar e comer algo fresco para variar.

Sentou-se na cama, vendo que estava em sua cabine, ao seu redor, tudo parecia normal, exceto algumas bandejas de alimento e a desordem da "cama" de Sakura, que não se encontrava ali. Reparou em algo desconfortável dentro de suas meias, será que tinham colocado pedras em seus pés? Porém quando as retirou encontrou cebolas, que fedor!

Bem na hora que uma careta se formou em seu rosto, a jovem de cabelos róseos passou pela porta, seus olhos pareciam surpresos e aliviados num primeiro instante, porém assim que reparou no que ele fazia, começou um sermão:

— O que pensa que está fazendo?

— Aposto que isso foi obra sua! — atirou as cebolas na direção dela, que desviou facilmente.

— Pelo que percebo, já está melhor. Pois saiba que essas cebolas o ajudaram durante os dois dias que passou inconsciente.

— Dois dias? — notou que estava ruim, contudo não imaginou que era tanto.

Sem cerimônias, Sakura sentou-se ao seu lado na cama e tocou-lhe a testa, novamente, ouviu um suspiro harmonioso escapar de seus lábios e então ela sorriu, tê-la tão perto o trouxe a nítida lembrança do beijo, se as coisas não tivessem desandado tanto depois, ele não hesitaria em lhe roubar outro nesse momento.

— Pois é, parece que foi mesmo derrubado desta vez. Como está se sentindo agora?

Embora se preocupasse em ouvir a resposta dele, era ela quem não parecia ter dormido muito bem, seus cabelos estavam desgrenhados, os olhos mais fundos e cercados por densas olheiras arroxeadas em sua pele pálida.

— Tirando o fato de que parece que fui esmagado por uma âncora, estou bem, já tive dias piores.

— O que não está nada bom é o seu cheiro, vou providenciar água para que se lave. — tapou o nariz fingindo estar mais incomodada do que realmente estava.

— Pensando bem, meu corpo está tão dolorido ainda, poderia me ajudar com isso.

— Se já está tão bem ao ponto de agir como um pervertido, pode muito bem se virar sozinho. — atirou um dos travesseiros de penas em seu rosto.

Após se limpar, Sasuke recebeu Juugo em seus aposentos com uma refeição, o cozinheiro ficou feliz por ver a recuperação de seu capitão, enquanto Sasuke por sua vez, pôde enfim se alimentar, provavelmente havia perdido peso durante esses dois dias sem comer direito, já que segundo Juugo, eles o alimentaram com sopas bem líquidas.

Ao final da refeição, o ruivo ainda o fez beber um chá de gosto tão amargo, que quase colocou o que havia comido para fora ali mesmo.

— Desse jeito, terei que chamar Sakura para impedi-lo de passar mal. — o cozinheiro comentou com diversão em seus olhos.

— Engraçadinho. Ela ficou cuidando de mim, por acaso? — tentou disfarçar a curiosidade, porém aquilo só parecia entreter ainda mais o cozinheiro.

— Ah sim, na verdade o que fiz foi preparar este chá e as sopas, Sakura fez todo o trabalho sozinha, ela mal pregou os olhos esses dias enquanto fazia a febre abaixar ou acompanhava suas crises de tosse.

A Cerejeira dos maresOnde histórias criam vida. Descubra agora