Cap. 15: "Eu também sempre gostei dele".

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Jéssica

Vocês achariam errado gostar do mesmo menino que a sua melhor amiga?

Se a resposta for sim, saibam que eu concordo cem por cento com vocês. É sério.

Mas...

- Oi, Jéssica.

Eu também sempre gostei dele.

Quando eu conheci Guilherme, ainda tinha 15 anos, no primeiro ano do ensino médio. Nunca tive nenhuma conversa longa ou significativa naquela época, porém sempre o achei muito bonito. Ele se mudou para o nosso bairro e arranjou um emprego na barraca de fast-food onde eu e Samantha sempre comíamos.

Ele é dois anos mais velho do que eu (e três anos mais velho que Samantha), então na época fechei os meus olhos. Afinal, eu era muito nova.

Só que...

"Nossa, eu super sairia com ele".

A minha melhor amiga resolveu pensar igual a mim.

Nessa época Guilherme estava terminando o terceiro ano, e havia arrumado um emprego ao mesmo tempo que se preparava para entrar na faculdade. Seus turnos eram à noite, já que tinha aula de manhã. Então eu e ela podíamos vê-lo.

Naquele tempo ele também tinha uma namorada. Então eu (que já não tinha planos de ficar com ele) desisti ainda mais.

Porém, ano passado, Samantha e eu fomos pegas por uma novidade.

Ele havia terminado com a namorada.

Eu já tinha dezoito anos, então uma parte de mim ficou completamente animada. Mas tudo morreu quando Samantha me ligou e disse que também havia ficado animada.

Começei a enterrar aquele sentimento muito aos poucos, tudo para que eu não me lembrasse dele. Até mesmo porque agora estou na faculdade, e ando muito ocupada.

Ainda sim...

- Oi, Guilherme.

Às vezes encontro tempo para vir vê-lo.

Não deveria estar fazendo isso, eu sei. No entanto, ele nunca olhou pra mim. Por que olharia agora?

- Você anda meio sumida. - ele fala, enquanto frita carnes de hambúrguer.- Tá tudo bem?

- Claro, tudo ótimo. - minha voz sai meio frágil - Eu só tô meio ocupada.

- Foi pra faculdade, não é?

Ele se lembrou que eu fui pra faculdade.

- Isso. - confirmo- Matemática.

- Eca. - sorri para mim - Não sei como consegue fazer isso.

- Bem, eu gosto. - afirmo. - Pode me chamar de doida.

- Ok. - concorda - Jéssica Moraes, você é doida.

Rio, sentindo-me feliz.

- E você? Tem ido bem na faculdade de educação física?

Há uma pausa para ele montar o hambúrguer.

- Tenho. - responde- Minhas notas esse semestre caíram um pouco, mas irei recuperar.

- Hum, anda estressado? - pergunto.

- Um pouco. - admite- Algumas coisas aconteceram, mas vai dar tudo certo. Tem que dar, não é?

- É. - concordo- É, com certeza.

Sorrio por mais tempo que o necessário, até perceber que meu lanche ficou pronto.

- Aqui está.

Não sei se fico feliz pelo hambúrguer ou triste pela conversa ter acabado.

1000 motivos para eu (não) amar vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora