Samantha
Eu não quero ir para a faculdade. O que é irônico, considerando que hoje tenho um trabalho que vale seis pontos com o professor Marcelo. Nunca fui a aluna que tirava menos de sete e meio em nada, mas hoje...?
Hoje eu só queria desaparecer.
- Filha. - minha mãe chama - Você precisa se levantar. Está na hora.
Abraço Fred mais fortemente, já que ontem ele dormiu comigo de conchinha.
- Eu sei. - murmuro. Penso em contar que não quero ir, mas ações levam a perguntas... perguntas levam a respostas...coisa que não sinto a mínima vontade de fazer... - Eu vou levantar.
Tentei chorar ontem, mas não consegui. Quando tento chorar por mim mesma, nunca sai nada. Então, pensando em Fred, fui assistir a um filme sobre um cachorro que se perdia, passava por uma grande jornada de auto-descoberta e no final voltava para casa. Deu certo, eu diria. Chorei no instante em que ele reencontrou o dono.
Porém isso tudo me levou a uma simples pergunta.
Por que o cachorro volta para casa?
Se acham que foi por amor, eu lhes digo que não foi. Não. Porque amor não se sustenta sem confiança.
Se aquele bichinho não tivesse dado um voto de confiança ao dono, nunca teria criado amor por ele. Então, amigos, se ninguém nunca contou isso, eu irei contar. Não existe amor sem confiança. Uma lição importante que aprendi.
Que se você confia nas pessoas erradas na tentativa de criar amor, irá se despedaçar.
Confiança é algo que você recebe e nada mais. O cachorro foi inteligente o bastante para perceber isso.
Mas eu?
"Estudar esses mitos faz com que eu preserve as memórias dele."
"Você disse que ela estava fora de condições. Não é justo que Samantha nos tenha colocado pra fazer a maquete enquanto ia encher a cara."
Eu não tive essa inteligência.
(...)
Entro no ônibus, percebendo somente agora a roupa que vesti. Fiz tudo de forma mecânica, comi sem ver o que eu estava ingerindo.
Estou completamente gótica. Coloquei meus tênis all-star(s) pretos, minha calça social preta com bolsos largos e uma camisa cinza.
Cores nem um pouco alegres, mas acho que é assim que estou me sentindo.
"Eu sabia que você estava sendo bonzinho demais. Almoçando perto de mim, me dando carona no seu carro...Eu fui uma imbecil!"
"Achei que dessa vez, só dessa vez...Eu pudesse confiar em você."
A culpa foi minha.
Porque eu baixei a guarda.
Como posso usar cores alegres se me odeio tanto agora?
Não percebo muito o tempo passar, confesso. Só me lembrei de descer no ponto porque um colega da minha turma me reconheceu no ônibus e avisou que era hora de saltar.
Enquanto caminho, ponho as mãos nos grandes bolsos, pensando se estou mais séria do que o normal. A cópia da pasta de apresentação está na minha bolsa, e sinto que devia combinar as partes faladas com Leonardo, porém sou incapaz de interagir com ele.
Vou até a sala, vendo meu grupo conversando, porém não me aproximo. Eu prefiro ler tudo sozinha antes de ir lá para frente e complementar o que Leo não explicar.
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1000 motivos para eu (não) amar você
RomansaLeonardo e Samantha se conhecem desde o ensino médio, porém nunca tiveram a melhor das relações. Ambos sempre foram extremamente grossos um com o outro, prezando por discussões agitadas e estressantes. Quando a faculdade chega, finalmente se veêm li...