Cap. 31: "Ela também é um enigma para mim."

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Leonardo

Já passaram pelo famoso quadro constrangedor?

Aquele velho, velho cenário no qual você sente ânsia na ponta do estômago e logo em seguida vontade de vomitar?

Pois é.

Me encontro nele agora mesmo.

Neste momento, estou sentado no sofá, enquanto a mãe de Samantha lava o balde de pipoca que nós dois usamos.

Quanto a Samantha?

Ainda está dormindo.

- Vocês assistiram a algum filme? - ela me pergunta.

- Isso. - respondo, acordando de meu próprio transe. - Como a senhora sabe?

- Samantha só faz pipoca quando assiste a filmes. - explica- É algo natural, minha filha nem se quer percebe.

Abro um sorriso, já que foi exatamente o que aconteceu. Porém ao perceber que a sua mãe está voltando, fico sério.

- Me diga...- ela começa, mexendo em algumas xícaras da cozinha- Você bebe café?

Pisco duas vezes, confuso.

- Hãm... - hesito- Bebo sim.

A mesma despeja o bule de café sobre os dois recipientes de porcelana.

- Gosta de café doce?

- Não. - nego.

A vejo pegar a colher enquanto despeja açúcar em uma das xícaras.

E após um tempo...

- Aqui está. - me entrega.

Nota: Tanto Samantha quanto a mãe adoram oferecer bebidas aos seus convidados.

- Obrigado. - agradeço.

Há um pequeno momento de silêncio enquanto ela toma o café.

- Então, eu gostaria de me desculpar. - pede - Quase não reconheci você.

Bebo um gole do meu café.

- Sem problemas. - a tranquilizo - Se eu visse um menino no quarto da sua filha, também estaria preocupado.

Outro gole.

- Sabe, não parei de pensar em você desde aquela noite. - confessa. - Você sabe, a noite em que Samantha...

- Eu sei. - a interrompo- Não precisamos falar daquele acontecimento tão ruim.

Ela concorda.

- Bem, o fato é que nunca consegui te agradecer. - afirma. - Sabia que era amigo de Jéssica, porém Samantha nunca te mencionou aqui em casa.

Omito o fato de que ela provavelmente mencionou, só não de uma maneira positiva.

- Senti muito medo naquela noite. - me conta. - Quando a vi naquele estado, no seu colo... - há uma longa pausa - Eu não sei. Nem consigo expressar meus sentimentos com clareza.

Encaro a xícara, sem saber o que dizer. Normalmente sou bom com essas coisas, mas definitivamente perco essa habilidade quando se trata dela.

Samantha vive me dizendo que não consegue me decifrar, que eu sou um grande enigma.

Mas a verdade?

A verdade é que ela também é um enigma para mim.

- Quando eu a segurei em meus braços, senti algo muito estranho. - desabafo, pondo esses sentimentos para fora pela primeira vez em semanas - Senti total fragilidade.

1000 motivos para eu (não) amar vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora