1000 motivos para eu (não) amar você

Cap. 60: "Nós vamos ficar juntas para sempre."

Jéssica

Samantha me convidou para ir a sua casa.

Acho que tem que me contar alguma coisa.

Pensei em dizer não, eu admito. Afinal...

"Você quer sair comigo?!"

Uma parte minha quer fugir.

Fugir do que eu fiz.

E fugir do fato de que talvez eu seja uma péssima melhor amiga.

Mas a Sam precisa de mim, e no fundo eu também sei que preciso contar tudo.

Por mais que eu não queira.

Chego perto do portão e não me dou o trabalho de tocar a campanhia, já que...

- Fred?! - é a voz dela.

Fred, como bem sabem, é o cachorrinho da Sam. E como um bom fofoqueiro, sempre late quando alguém se aproxima da casa.

- Ei, garoto. - abro um sorriso e coloco a mão perto da fresta- Eu estava com saudades.

Sinto sua nítida euforia transbordar, com o focinho no chão me cheirando e os agudos latidos de alegria.

Em seguida...

- Graças à Deus você chegou!!! - ela exclama, me puxando- Vamos, entre.

Faço o que Sam pediu e depois pego o cachorrinho no colo.

- Ainda bem que você voltou, ele estava sentindo muito a sua falta.

Solto risadas ao sentir suas lambidas carinhosas em meu rosto.

- Eu também estava com muitas saudades. - admito- Ele é uma pequena bolinha de algodão.

Ambas rimos e depois entramos. Já na casa, coloco Fred no chão.

- Vá dormir um pouquinho, está bem?- Samantha fala enquanto faz carinho em sua orelha- A mamãe precisa conversar com a titia Jessi.

E vice-versa.

Ela só não sabe disso ainda.

- Ai, eu estava com tantas, tantas saudades!!! - finalmente sinto seu abraço, mais forte e intenso dessa vez- Fazia tempo que não nos víamos pessoalmente.

- Pois é. - concordo, a abraçando de volta- Também senti sua falta.

Antigamente, no colégio, costumavam nos chamar de ímãs, já que nunca nos separávamos.

E por mais que o apelido não fosse com intuito de ser fofo, acabamos gostando, eventualmente.

Jessi e Sam, a dupla inseparável.

Nada pode nos derrubar, dizíamos para todos que perguntassem.

O meu medo...

"Você quer sair comigo?"

É que talvez agora algo possa.

- Aceita uma água? - ela pergunta.

Pisco duas vezes.

- O quê?

- Água, Jess. - a vejo rir um pouco- O que deu em você? Parece estar com a cabeça na lua.

É porque de fato estou.

- Hãm... -começo, hesitando- Enfim. O que você tem para me dizer?

Sua expressão parece desconfiada, como se soubesse que estou escondendo alguma coisa.