Cap. 36: "O que foi que eu fiz de errado?"

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Leonardo

- Você está esquisito. - Samantha afirma. - A canja não te fez bem??

Não sei se isso é saudável, mas cogitei recentemente pesquisar por uma terapauta. Tenho um dinheiro guardado por conta do bico na loja de ferramentas do meu pai, e...

- Leonardo. - me chama novamente- Cê tá me escutando??

- Ah. - exclamo- Claro, tô sim.

A verdade é que desde o momento em que percebi meus sentimentos por ela, eu ando meio...

- Então por que não me responde??

Perturbado.

Após ouvir sua pergunta, me esforço para manter concentração.

- Desculpa, Samantha. - peço- Tô...um pouco distraído hoje.

- É, eu percebi. - murmura- O que houve? As minhas canjas não te fizeram bem??

- Não! - nego depressa- Pelo contrário, elas ajudaram muito. Até consegui malhar um pouco ontem.

- Mesmo? - Samantha começa a abrir um sorriso. - Ah, que bom. Fico muito feliz.

Pelo amor de Deus Samantha, não sorri pra mim.

Desse jeito eu vou desmoronar.

- Sabe, você deveria parar de usar esse perfume. - digo, aleatoriamente.

E, como esperado, seu olhar é nitidamente confuso.

- Meu perfume?? - indaga- O que tem ele? Você não gosta?

- Eu odeio. - minto. - Eu odeio muito, ele é enjoativo; baunilha deveria ser um aroma absolutamente proibido.

- Mas você até pediu o perfume...

- Mudei de ideia. - respondo depressa- A verdade é que não quero senti-lo nunca mais.

Encaro Samantha, totalmente perdida, e de repente percebo que não posso mais ficar aqui.

É humilhante demais. Afinal...

Como vou conseguir passar mais um segundo perto dela sem beijá-la?

- Tenho que ir, Samantha. - levanto rapidamente. - A gente se fala depois.

- O quê?? Leo...

Não olho para trás, já que não quero ver sua expressão facial.

Aposto que ela está me encarando de um jeito que vai querer me fazer morrer.

O famoso jeito: O que foi que eu fiz de errado?

A verdade, Samantha, é que essa resposta é muito mais complicada do que você pensa.

Não é o que você fez.

E sim o que você faz.

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Samantha

(...)


Ele me ignorou o dia inteiro.

Nos intervalos de aulas, não conversou comigo.

No almoço, me deixou falando sozinha.

Na saída, não me deu uma carona como de costume.

E agora, não atende minhas ligações.

*CHAMANDO: BABACA DESGRAÇADO *

- Vamos, Leo... - peço - Me atende.

1000 motivos para eu (não) amar vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora