OND 8

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Ramon narrando...

_Se liga, patrão! Visita aqui, querendo te ver!

Ouço o Macarrão falar no rádio e penso na mesma hora que era ela, Alice.
Sei bem o que ela tinha vindo fazer.

_Manda subir! - Dou a ordem sem me certificar de quem era.

Sento na cadeira, e aguardo, aqui nesse escritório que era do Deco antes, e onde eu uso até hoje pra resolver questões mais estratégicas.

Hoje era um dia quente e importante pra caralho, definição de algumas coisas.
Eu sabia que ela viria tirar satisfação, era certo isso!
Eu estava a espera.

A porta abre e eu tenho uma surpresa.
A Flávia está na minha frente!

Eu vou matar o viado do Macarrão!

_Bom dia!

Eu balanço a cabeça, sem dizer nada.

Ela olha ao redor, como se estivesse avaliando algo que não era da conta dela. Nada ali era da conta dela, o que ela está fazendo aqui?

Ela puxa a cadeira e senta, ainda olhando pro armário, pra janela e depois, pra mim.

Eu acendo um cigarro, a conversa vai ser longa.
Ela me odeia e isso é recíproco.

Jogo o isqueiro na mesa ; ela está com o cotovelo no braço de madeira da cadeira, sustentando a cabeça com a ponta dos dedos.

Puta mulher soberba do caralho!

_No que posso te ajudar? - pergunto, jogado na cadeira de frente pra ela; a mesa era nosso muro de Berlim.

Ela dá um sorriso de quem estava puta pra caralho, mas tinha muitos anos de guerra pra não perder o controle.

Maneiro, eu também tinha!

_ Minha filha saiu com amigos ontem, para o show do Mirante... - Eu ouço e continuo olhando pra ela, jogando a fumaça; "com amigos"... Ela veio me questionar?

_ ... E um dos amigos dela foi agredido de madrugada, após deixa-la na minha porta...

Mais um trago, olhar permanente; todas as vezes que estive frente a frente com essa mulher, ela fez questão de me menosprezar de todas as formas possíveis.
Me achava um nada...E hoje está aqui, veio até mim.
Ela continua.

_ ... A mãe do Pablo saiu agora há pouco da minha casa...

Eu jogo a fumaça mais uma vez, e levanto a sobrancelha , balançando a cabeça sutilmente, mostrando que estou entendendo o que ela está dizendo.
"A mãe do Pablo saiu agora há pouco da minha casa"

Realmente ela já estava traçando bem o destino da filhinha dela.
Ela tá brincando de Barbie, deve ser, tramando a perfeição.

_ E eu quero saber agora quem foi, quero que você mande seus soldados buscarem quem fez isso, porque quem fez Ramon, será cobrado!

Ela tá bolada, dá pra ver no tom de voz. Será que ela tá percebendo a minha bolação também?

_ Fui eu! - Respondo, tranquilo e calmo.

A Mão dela vai descendo da posição inicial, como em câmera lenta e ela desencosta da cadeira, estreitando os olhos pra mim.

_Eu-Não-Acredito-Nisso! - Ela fala cada palavra com entonação firme, meio entre os dentes.
Eu gosto de ver a cara que ela fez.

_Porque você fez uma coisa dessas?

Eu levanto a sobrancelha e continuo encostado na cadeira.

Todos os meus sentidos desafiam ela agora, sei que ela sabe disso, sente isso.
Esse jogo é meu, e eu não jogo pra perder!
Ela não me intimida, nem um pouco!

O NOVO DONOOnde histórias criam vida. Descubra agora