XXVI- Esperto

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Rowena preparava o feitiço, tinha todos os ingredientes necessários para fazê-lo.

A cada segundo que passava mais ansiava ver Fergus, ela queria consertar as coisas com ele.

A mesma sabia que não fora uma boa mãe, sua consciência pesa a cada vez que vê o desgosto do filho ao vê-la.

Mas ela sabia que merecia, não é como se ela nunca o tivesse trancando no porão, ou enfeitiça-lo para ter seus piores pesadelos como punição.

Conforme inseria os itens para o feitiço, se lembrava da infância de Crowley, que havia sido péssima por sua culpa.

O boneco voodoo ao lado da sua cama a fez lembrar da vez em que Fergus queimou o arroz, e ela pegou um fiapo de seus cabelos, enquanto o mesmo suplicava por perdão, e começou a alfinetar o boneco.

Ainda podia ouvir os gritos de dor filho, que implorava para que ela parasse.

Precisou que Lúcifer pisoteasse sua cara para descobrir que ama o filho, depois de já tê-lo perdido.

A brisa gélida passou por si, arrepiando todos os fios presentes em seu corpo. Ela olhou para janela, o tempo nublado a fez lembrar de quando abandonou Fergus, por mas que chovesse no dia, sentia-se feliz por ir estudar magia.

Ah! Se ela soubesse.

Afastou seus pensamentos, não queria borrar sua maquiagem com falhas do passado, agora teria a oportunidade de tentar concertar sua relação com o filho.

Antes mesmo de conseguir terminar o feitiço, sentiu uma presença atrás de si.

- Olá, Fergus, como vai? - início uma conversa, ainda com a atenção no saquinho de feitiços.

Crowley suspirou profundamente, pôs as mãos no bolso da calça, rolando o olhar pelo quarto da bruxa.

- Poderia estar melhor. - respondeu com indiferença.

Rowena podia sentir o nó em sua garganta aumentar, proferiu o feitiço, segurou o saquinho e se virou.

Crowley estendeu a mão, o rosto fechado fazia a bruxa perder as esperanças.

- Está esperando o que? - indagou, arqueando uma das sobrancelhas - que eu peça? -

Rowena ajeitou sua postura, repondo o ar nos pulmões, ela encarou o filho, que a olhava com desdém.

- Fergus. - começou, tentando criar alguma frase em sua mente - Me desculpe por tudo o que eu fiz, eu sei que não fui a mãe que você merecia, mas eu quero mudar as coisas com você. -

Crowley continuou igual a antes, indiferente, queria apenas pegar o feitiço e sair dali, por em prática o plano e voltar a sua vida normal no inferno.

- O que você quer? - perguntou, enquanto suspirava pesadamente.

O rosto da bruxa parecia cair em tristeza, toda e qualquer gota de esperança se desfez com a resposta do filho.

- Concertar as coisas com você. -

Sentia seu coração pesar dentro do peito, seu maior pecado era ter falhado com Crowley.

- Se me lembro bem. - sua voz continha um pedaço de sarcasmo - Da última vez que você disse que queria meu perdão, você tentou me matar.-

A ruiva suspirou, entregando o objeto para o filho.

- Eu mudei, Fergus. - tristeza era presente em sua intonação - Eu quero recomeçar com você, eu sei que você não acredita em mim e eu não vou te julgar por isso, eu fui uma péssima mãe.... Mas, dessa vez, eu prometo fazer diferente. -

Crowley fitou o chão, não conseguia encarar os olhos úmidos da mãe, seu discurso o fez pensar, ela tinha mesmo mudado algumas atitudes, talvez estivesse sendo verdadeira consigo, a primeira vez em muito tempo.

O demônio logo se recompôs, olhou diretamente nos olhos da mãe, e disse:

- Fique atenta ao telefone. - e sumiu do quarto.

Rowena suspirou, mas fez questão de afastar os maus pensamentos, a execução do feitiço poderia dar errado se ela estivesse fragilizada.

A bruxa pegou seu celular e telefonou para Sam, a mesma contaria tudo o que visse por ligação.

"Rowena." Disse o Winchester do outro lado da chamada.

- Olá, Samuel. Fergus já esteve aqui, estou apenas esperando uma mensagem dele para começar. -

Explicou, puxava a barra das mensagens, a procura da de seu filho, mas nada apareceu.

"E ele já mandou?" Perguntou, o que parecia ser a voz de Dean.

- Ainda não. - disse, enquanto fitava as conversas com o filho.

"Será que aconteceu alguma coisa?" Perguntou Gabriel, parecia ter se direcionado mais a os outros do que a ela.

Os rapazes conversavam do outro lado da chamada, Rowena não dava bola a eles, era como se eles estivessem no mudo, sua mente focava no perigo em que Fergus corria ao fazer isso.

"Talvez não tenha sido uma boa ideia." Pensou, já tinha se passado dois minutos desde que ele fora embora, o feitiço não precisava de muita coisa, era só chegar e largar.

Sua mente criava cenários terríveis com o filho, até ouvir o barulho de notificação do telefone.

Ela o agarra, vendo a mensagem de seu filho.

Fergus:
Tudo pronto, mãe, me desculpe a demora, a internet do inferno é ruim.

Suspirou de alívio, comunicou o ocorrido com os rapazes e pediu por silêncio, os mesmos obedeceram.

Rowena respirou fundo, e começou a vizualizar a sala de Mammon.

- Eu vejo, rapazes. - disse, olhando para ambos dos lados, em busca de algo que os ajudasse.

"Rowena, tenta procurar por alguma coisa, talvez um armário." Sam deu ideia.

A bruxa começou a "andar" pela sala do demônio, ela parou ao lado de uma mesa de madeira, havia alguns frascos por cima, mas nada que dissesse como ele sobreviveu.

Tentou a proposta de Sam, havia um armário do outro lado da sala. Foi até ele e o olhou atentamente as portas abertas, roupas e perfume.

- Não tem nada aqui, Sam. -

Ela se virou, atrás de si tinha uma prateleira, alguns livros de magia, nada que a surpreendesse.

"Continua procurando, tem que ter alguma coisa."

Rowena desviou seu olhar, começou a fitar o chão agora. Em um canto mais escondido tinha um lixo, ela se aproximou dele.

Um lixo pequeno, cinza e sem tampa. A bruxa parou a sua frente, estreitou o olhar, os itens jogados foras são usados em algum feitiço.

Ela começou a gravar os itens, tentando lembrar em qual magia era usado.

A bruxa se desconectou do feitiço, sabia exatamente que magia Mammon tinha usado para sobreviver.

- Rapazes. - ela chamou - Nunca achei que viria um demônio apelar tanto a magia, esperto. -

Uns murmúrios de surpresa foram ouvidos do outro lado da linha.

"Você sabe o que é?" Perguntou Sam.

A bruxa ajeitou-se na cadeira, e disse:

- Mammon não morre porque usa o mesmo feitiço que eu. -

Um silêncio se fez na chamada, pareciam que estavam de luto.

- Sinto muito, rapazes, mas não vão conseguir matá-lo. -

Um suspiro se fez presente do outro lado da linha.

"Eu sei, Rowena, obrigado pela ajuda." Disse Sam, desanimado.

- Não a de que, estou a disposição caso precisem, até logo. -

"Até." E desligou a chamada.

Intercourse - DestielOnde histórias criam vida. Descubra agora