CAPÍTULO 59

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Depois de devorar as batatinhas e todas as latas de refrigerantes, mostro o lugar para Mia. Sim, uma tour em um túnel abandonado se tornou o local mais romântico do mundo.

E sinceramente, qualquer outro serviria, contando que ela estivesse comigo.

Seu olhar curioso a cada passo, sua mão apertanto a minha cada vez que um rato surgia do escuro. Quando finalmente saímos dali, estava mais frio, provavelmente o sereno da madrugada, não tenho ideia da hora.

- Eu tenho uma pergunta.-Mia se enrola no lençol.-Como nós vamos embora?

- Boa pegunta.-Olhamos de um lado para o outro.

- Quando você vai aprender a voar?-Debocha.

- Ha! Ha!

Andamos abraçados até chegarmos de volta ao caos noturno que é Nova Iorque. Já vi que teremos um longo caminho até em casa.

- Sem dinheiro para o táxi, com fome, frio, no relento pelas ruas da Big Apple.

- Emocionante.-Respondo sua lamuria.

- Me fala da May, como ela está?

- Ah... Ela está ótima.-Ela suspira, aliviada?-Você parece... Surpresa.-Fico confuso.

- Não, quer dizer, um pouco.-Gagueja.-Desculpa.-Sorrio.

- Ela está namorando.

- O que!?-Arregala os olhos.-Isso é incrível! Ele deve ser um cara muito legal.

- Eh... Ele é muito simpático, respeitoso, trata ela super bem, os dois são felizes juntos.-Sorrio.-Você podia aparecer lá em casa, eles vão adorar te ver.

- Ah... Claro, eu ainda preciso resolver minha vida em Nova Iorque antes de me estabilizar e com certeza quero encontrar eles.

- Estabilizar?-Enfatizo.-Então vai mesmo ficar?

- Olha, a idéia de voltar a morar aqui é assustadora... Eu ainda preciso pensar nisso com mais calma e ver como estar aqui me afeta, mas...-Para de andar. Fico na sua frente.-Para ser honesta, eu não esperava te encontrar.

- Nem eu.-Sorrio.-Não como foi.

- Eu não quero parecer fria ou ingrata, mas eu não esperava nem pelo nosso beijo.-Dou um passo para trás.-Espera eu terminar.-Pede segurando minha mão.

- Estou ouvindo.

- Foi uma noite incrível, reconheço, mas eu não quero que pense que por ter sido dessa maneira que eu vou mudar meus planos.-Assinto.-Você disse que precisava ser honesto, também quero ser...-Respira fundo.

- Mia tudo bem, não precisa mudar nada, confia em mim.-Beijo sua testa.

- Eu não sei como dizer isso...-Abaixa a cabeça.-Eu vou assumir o sobrenome Osborn.-Solto minha mão.-Parker olha, eu não sou o Harry, nós não precisamos disso.

- Então é por isso que veio para Nova Iorque?

- Não.-Se aproxima.-Também...-Admite.-Eu na verdade quero assumir a Oscorp, está na hora de usar o meu privilégio ao meu favor, eu posso ajudar muitas pessoas sendo presidente dessa empresa e imagina se eu pudesse converter todo o mal que meu pai e meu irmão fizeram em bem...-Sorri.-Eu me sentiria melhor sabendo que esse sangue e... Bom, o extremis não correm em minhas veias atoa.

- Privilégio...-Sorrio sem humor.-Soube escolher bem as palavras.-Me viro para ir embora.

- Espera!-Corre parando na minha frente.-Desculpa!-Olha nos meus olhos.-Eu não queria te contar porque...

- Sabe o que está fazendo.-Assinto.-Por isso que não queria contar, sabe que quando associar a sua imagem a um assassino, não vai ter mais volta.

- Parker isso não é justo.-Sua voz embarga.-Eles não se resumem nisso...

- Não mesmo.-A interrompo.-O errado sou eu, por não conseguir salvar as vidas que eles destroem, que eles atacam, sequestram, torturam...

- Eu sei o que acontece.-Me interrompe.-Mais do que qualquer um. Você quer mesmo falar de tortura? Dor?-Sua voz se mistura com raiva e lágrimas.-Eu sei como é, como funciona, eu sei o que é estar tão próximo de quem te destruiu, de quem acabou com tudo de bom que existia na sua vida em um único dia e não poder fazer nada, eu sei muito bem! E agora, eu tenho chance de mudar, fazer mais do que apenas me culpar. Tudo bem, eu posso ter sido covarde por ter ido embora ao invés de encarar a realidade, mas não importa.-Encolhe os ombros.-Porque não há uma noite se quer, que a imagem do meu pai sendo alvejado saia da minha cabeça. E sim, poderia ser evitado, eu sei.-Limpa o rosto.-E niguém... Entende a minha dor, ninguém sabe como é essa sensação, além de você... Por isso, achei que entenderia o meu lado, mas prefere agir como se fosse o único que teve uma parte sua arrancada pelo Harry.

- O que me incomoda...-Limpo a garganta.-É saber que você ainda se importa, pior, ainda consegue chamar ele de irmão, como se fossem uma família a vida toda.

- Eu sinto muito mesmo pelo que ele fez com a Gwen, muito.-Derrama mais lágrimas.-Mas eu não posso esquecer que ele mudou por mim, nem que por um segundo, ele cuidou de mim como um irmão super protetor, do jeito dele mas foi o que aconteceu. Ele teve a redenção dele, formou uma família com a Felícia, está cumprindo com a responsabilidade por cada atrocidade...

- Nada mais justo.-Afirmo.

- Eu concordo.-Limpa o rosto.-Por favor, não me afasta por isso.

- Não vou.-Comprimo os lábios.

- Então me abraça, estou morrendo de frio.-Se aproxima mais. Beijo sua testa e a envolvo em meus braços.-Eu senti falta do seu cheiro de bueiro. Rimos.

Eu amo essa mulher!

PETER PARKER: O ESPETACULAR HOMEM-ARANHA? [REPOST]Onde histórias criam vida. Descubra agora