RONALD
Eu estava ansioso, parecia um menino à espera de um presente no papai Noel, mesmo já tendo dezoito e uma barbinha rala que insistia em nascer todos os dias, eu sabia que aquele Natal em especial iria mudar tudo.
Meu nome é Ronald, eu moro em um bairro simples no Rio de Janeiro, como disse no início, tenho dezoito anos e sou técnico de futebol no sub-9 em um clube aqui do bairro. Minha mãe morreu há alguns anos e eu vivia em um abrigo, já que meus avós não quiseram minha guarda, não faço disso um drama, já que graças a esse fato eu conheci meus melhores amigos e estudei em uma boa escola.
Posso dizer que sou um tipo de cara simpático e popular, eu tento sempre ver o lado bom das coisas, gosto dos meus vizinhos e a garotada do clube me ama, não podiam me encontrar na rua que era grito e aceno na certa:
― Hei, tio Ronald! ― Um dos meninos gritou quando me encontrou no mercado.
― Oi. ― Acenei de volta, com um sorriso no rosto.
― Você tem muita paciência. ― Patrick disse.
Patrick era meu melhor amigo, nos conhecemos no primeiro ano do ensino médio e desde o primeiro dia de aula fechamos uma parceria daquelas que parecem ser destino.
― Você também vai ter que ter, quando se tornar um professor. ― Respondi, enquanto analisava alguns enfeites de Natal.
Ele estava no segundo período de Educação Física.
― Não pretendo trabalhar em escola de jeito nenhum.
Ele fez uma careta.
Eu apenas sorri soprado e voltei o foco para os enfeites.
― O que você acha disso? ― Mostrei um conjunto de algodão que prometia imitar neve.
― Péssimo. ― Outra careta. ― Essa coisa de imitar Natal de gringo é totalmente ridícula.
― Nós somos patéticos comprando enfeites de natal. ― Reclamei, colocando o pacote novamente no lugar. - Onde ela está? - Olhei em volta.
― Já deveria ter chego. ― Patrick olhou no relógio e depois na mesma direção que eu.
― Atrasada... ― Falei.
― Como sempre. ― Ele concordou.
Ela estava entrando na loja, com os cabelos presos em um rabo de cavalo perfeito, usando suas tradicionais havaianas, uma regatinha verde e shorts jeans.
― Neve de mentira? Sério? ― Ela pegou o pacote, e nos acordou de nosso estado. - O que seria de vocês sem mim? Vamos.
Fabiana passou na nossa frente, indicando outro corredor, Patrick e eu nos olhamos e sorrimos.
Ambos sabíamos que éramos apaixonados pela mesma menina, ela provavelmente também sabia, mas escondia muito bem por qual dos dois seu coração batia mais acelerado.
Fabiana
Compramos todos os enfeites de Natal para a casa do Ronald e voltamos juntos de ônibus para nossa rua, Patrick e eu éramos vizinhos, já ele morava a umas duas quadras da nossa casa.
― Você já vai começar a enfeitar? ― Perguntei, estávamos sentados os três no fundão do ônibus, eu como sempre esmagada no meio.
― Sim. ― Ele sorriu sozinho, olhando para os enfeites. ― Faltam apenas três dias para a chegada dela, tudo tem que estar perfeito.
Concordei com a cabeça enquanto desviava o olhar, virei para Patrick e perguntei:
― Você pode ajudá-lo?
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Contos, Dragões e Luzes de Natal
Short StoryDezembro vem com uma data linda, recheada de histórias. Várias delas deixam nossos corações quentinhos e esperançosos, com toques de fantasia, dramas e romances. Também há histórias sinistras para os mais corajosos. Todas elas te convidam a se aconc...