"Jingle bells, jingle bells, jingle all the way! Oh what fun it is to ride in a one-horse open sleigh!"
Hana estava balançando a cabeça, bagunçando os longos e lisos cabelos cor-de-rosa, e remexendo os quadris ao som da batida. O que, por si só, já indicava que ela estava relativamente bêbada, pois em plena consciência ela estaria reclamando da falta de My Chemical Romance naquela festa.
De fato, ela mesma sabia que já estava meio copo além do seu limite de sobriedade. Por isso mesmo teve que piscar duas vezes quando viu uma figura familiar se aproximando, infiltrando-se na multidão, mas de forma discreta. Era ele: Cedric Heartnet.
Hana conheceu Cedric no último ano do colegial, quando ainda morava em Boston. O sobrenome dele chamou a atenção, por ser o mesmo do famoso cientista, dr. Alaric Heartnet, que, bem, fazia parte de uma longa história do seu passado. Quando descobriu que Cedric era seu irmão mais novo, adotou como objetivo conquistá-lo a qualquer custo. Estava sempre mandando indiretas, que nunca foram devidamente correspondidas. Tentou arranjar outro homem para esquecê-lo, o que não funcionou — e ela ainda terminou levando um pé na bunda.
Um ano depois, ela entrou para a Faculdade de Música da Universidade de Maryland, em Baltimore, Estados Unidos, para onde havia se mudado recentemente. Uma nova vida, adulta (ou quase) e solteira. Sua grande surpresa foi descobrir que Cedric Heartnet estava fazendo o mesmo curso, e morava do outro lado da cidade. E ele também tinha uma banda, o que era muito maneiro. Quem sabe ela arranjasse uma vaga, quando estivessem namorando firme.
Quando ele estava quase alcançando Hana, ela percebeu que não podia falar com ele naquele estado de semiembriaguez. Então, tomou a atitude mais lógica: virou as costas e fugiu em direção ao bar, relembrando como tinha chegado naquela festa.
Era noite do dia 25 de dezembro e, como de costume, já tinha comemorado a véspera de Natal no dia anterior em Nova York, onde morava a maior parte de seus familiares. Um típico natal clichê, cheio de crianças brigando e tias perguntando: "Como vai a faculdade? E os namoradinhos?" Pois é. Nem mesmo uma família tradicional, de descendência japonesa, era imune aos efeitos das festas de fim de ano.
Quando chegou em casa, caiu exausta na cama. Acordou quando estrelas já brilhavam no céu, mas felizmente ainda dava tempo de ir à festa que estava esperando há tanto tempo. Uma balada fervorosa que misturava música eletrônica e natalina. Open Bar até a meia-noite. Não podia ficar melhor do que aquilo.
Ela só queria beber até literalmente vomitar todo o estresse. Não conhecia muitas pessoas na cidade ainda, então não se importava muito em zelar por uma reputação que sequer existia.
Alcançou o bar faltando um minuto para a meia-noite. Precisava escolher seu último drink com sabedoria.
Mas sabedoria não estava nos seus planos.
Pediu um Daiquiri caprichado e bebeu como se fosse água.
A próxima música a tocar era uma versão dançante de uma de suas preferidas do Linkin Park. Ela se empolgou demais e voltou para a pista, onde pulava tão freneticamente que mais parecia um duende do Papai Noel.
Sentiu uma mão quente tocar seu ombro, e ao se virar deu de cara com Cedric. "Oh, não, tudo menos ele!", pensou consigo. "Será que, se eu ignorar, ele vai embora?" Ela virou de costas como se não estivesse ali, mas Cedric deu a volta para ficar de frente para ela.
— Hana Kinomi. Me ignorar não vai fazer eu ir embora.
— Cedric? O que faz aqui? — Foi o melhor que conseguiu pensar.
— Eu estava prestes a perguntar o mesmo. Aqui não é lugar para garotas sozinhas. Ainda mais no seu estado...
— Eu não estou bêbada! — Ela cambaleou, sem cair ou derrubar o copo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Contos, Dragões e Luzes de Natal
Short StoryDezembro vem com uma data linda, recheada de histórias. Várias delas deixam nossos corações quentinhos e esperançosos, com toques de fantasia, dramas e romances. Também há histórias sinistras para os mais corajosos. Todas elas te convidam a se aconc...