As luzes de Natal iluminavam todo o caminho do longo corredor já muito iluminado no shopping, com as decorações pendendo em verde, vermelho e dourado.
— Jujuba! Jujuba! Já é minha vez? — uma criança perguntava no tom de voz mais animado que só aquela época do ano permitia.
A garota deu risada, olhando a criança que ainda estava conversando com o Papai Noel, com uma lista enorme de pedidos que o "bom velhinho" ouvia pacientemente, comprometido com seu papel.
— Só mais um pouquinho. — Ela tentou tranquilizar o pequeno, que não conseguia conter a animação. Por mais estranho que fosse, aquele era um dos momentos mais felizes do seu dia, a garota realmente gostava do seu trabalho e de como o Natal conseguia fazer tudo parecer verdadeiramente mágico.
— Elfa Jujuba?
— Pois não, Papai Noel? — ela respondeu, com um sorriso travesso.
— Parece que temos muitas crianças hoje aqui, você acha que todas foram boazinhas esse ano?
— Acho que eu tenho que testar. — A garota ajeitou seu cabelo sob a touca que pendia um pouco desajeitada em sua cabeça, tirando do bolso de seu casaco um objeto que parecia mais uma ferramenta pintada de dourado, que ela usou pra passar por cima das cabeças das crianças que estavam esperando ansiosas na fila. — Bip. Bip. Bip. — Ela fez o barulho com a boca, fazendo as crianças gargalharem. — Parece que estão todas verificadas, podemos seguir.
— Ótimo — o bom velhinho chamou o próximo com a mão e a garotinha foi correndo, entusiasmada fazer seus pedidos.
— Já fez sua pausa do almoço? — Alguém chegou perto da elfa e falou baixinho, para que não fossem ouvidas. Ela se virou, negando com a cabeça. — Vai lá, eu te cubro aqui.
— Valeu! — As duas garotas trocaram de lugar discretamente, para não criar uma algazarra maior do que a que as crianças já faziam e a garota se distanciou, arrancando a jaqueta quente demais pra usar no verão, enquanto ia na direção da praça de alimentação.
O lugar estava lotado, como de costume, mas ela já sabia encontrar seu caminho para ficar numa mesa longe da bagunça, para que pudesse comer sossegada e aproveitar o seu intervalo tranquilamente.
Enquanto espetava com o garfo em uma mão o macarrão em seu prato, ela digitava na conversa com seus amigos com a outra.
"Quando acabar o seu horário, a gente pode tomar um café?" Emma mandou, na conversa, com um emoji sorrindo.
"Por favor!" Miguel completou, com um emoji de olhinhos brilhantes.
Antes que ela pudesse responder, no entanto, alguém tropeçou ao lado de sua mesa, caindo contra ela e derrubando todo o seu prato sobre ela e sobre a jaqueta que estava ali, sujando tudo de molho de tomate.
— Perdão! Perdão! — o rapaz pediu, desajeitadamente, erguendo-se o mais rápido que conseguia, ajeitando o óculos que tinha ficado torto em seu rosto e olhando horrorizado para o que ele causara.
— Meu Deus, minha jaqueta! — A garota arregalou os olhos, vendo o estado que a roupa tinha ficado. — Minha chefe vai me matar!
— Eu converso com ela! Explico que foi minha culpa, eu mando lavar, eu compro outro almoço pra você! Desculpe de verdade! — o rapaz disse, um tanto aflito demais, fazendo-a rir. Aquele riso quebrou a tensão do momento e ele sorriu. — Eu sou Fábio! Você trabalha aqui no shopping... Jujuba? — Ele fez uma pausa, contendo o riso também e ela franziu o cenho, antes de vê-lo apontar para a etiqueta que ainda estava colada na sua roupa, identificando-a como "elfa Jujuba".
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Contos, Dragões e Luzes de Natal
NouvellesDezembro vem com uma data linda, recheada de histórias. Várias delas deixam nossos corações quentinhos e esperançosos, com toques de fantasia, dramas e romances. Também há histórias sinistras para os mais corajosos. Todas elas te convidam a se aconc...