Estrela de Belém

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Bernardo observava os clientes passeando pela loja em busca de objetos de decoração natalina. Era início de dezembro e as pessoas já estavam garantindo os presentes. Trabalhava desde o começo do ano naquela loja e nunca a tinha visto tão lotada.

Já era quase fim de expediente quando um menino de oito anos entrou no estabelecimento todo animado. Seus olhos brilhavam ao avistar as árvores de Natal enfeitadas com pisca-piscas, bolas coloridas, guirlandas, bonecos de Papai Noel e todos os demais enfeites natalinos.

— Miguel!

O menino voltou sua atenção para o balcão e avistou Bernardo. Foi correndo abraçar o irmão mais velho.

— Bernardo, a decoração está linda.

— Está mesmo! — Bagunçou os cabelos do menino.

Os dois deixaram a loja e caminharam pela avenida central daquela pequena cidade. A decoração naquele ano estava impecável. De uma ponta a outra da avenida, havia pinheiros decorados com luzes e enfeites gigantescos.

— Queria muito aquele carrinho de bombeiros. — Miguel havia se encantado com o brinquedo que avistou em uma vitrine.

O coração de Bernardo ficou apertado.

— Não temos dinheiro para esse brinquedo, sinto muito.

Miguel ficou cabisbaixo. Então, seu rosto se iluminou.

— Já sei! Posso pedir para o Papai Noel.

— Papai Noel não existe, já conversamos sobre isso.

— Existe sim — teimou Miguel. — A mamãe me disse.

— Já é bem grandinho para acreditar nisso, não acha? — Bernardo falou, impaciente.

— Não deveria dizer isso a uma criança.

Uma voz grossa fez os dois irmãos pararem e se virarem para saber de quem se tratava.

Um homem negro de cerca de sessenta anos, com uma barba comprida e olhos castanhos, observava uma das enormes árvores de Natal. Seus olhos refletiam as luzes do pisca-pisca dourado. Vestia uma camisa e uma calça, ambas da cor branca e um sapato social preto.

— Perdão... como disse? — indagou Bernardo.

O senhor finalmente olhou para os dois irmãos e sorriu. Voltou então sua atenção para Miguel; depois, para a estrela dourada na ponta da árvore de Natal.

— Dizem que a estrela cadente é mágica. Se fizermos um pedido com toda nossa fé, ele é atendido.

Esse senhor só pode ser maluco, pensou Bernardo, já começando a ficar impaciente.

Miguel, porém, sentiu emanar uma energia tão boa vinda daquele senhor que olhou para a estrela no galho mais alto da árvore e fez o pedido. Seu coração se encheu de paz.

— Vamos, Miguel. — Bernardo queria se afastar o mais rápido possível.

Miguel sorriu para aquele homem antes de ser arrastado pelo irmão.

— Vamos, deve ser algum maluco, ou pior, um bêbado.

— Boa sorte com seu pedido, Miguel.

Os dois irmãos estacaram. Miguel sorriu encantado e Bernardo ficou apavorado. Como aquele homem sabia o nome do seu irmão? Os dois se viraram, mas o homem já não estava mais lá.

***

— Foi muito estranho, mãe. Aquele homem começou a conversar conosco e dizer umas coisas estranhas. Ele sumiu do nada e sabia o nome do Miguel — relatou Bernardo.

Contos, Dragões e Luzes de NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora