The best of me-Jemma

5 Qual o problema?

POV Emma

— Hunter? — chamo por ele quando o filme começa e ele chega na velocidade da luz — Colocou sal?

— Sim. Hollywood e lá vamos nos! — quase grita me fazendo rir, mas Marie abre levemente a porta do quarto.

— Porta aberta, crianças! — sorri para a gente e sai, olho para minha gay e caímos na gargalhada.

— Só se eu for a passiva. — empurro o idiota enquanto ainda rimos — Amiga, tu tem cara de santa mas deve ser uma soca forte.

— Pelo amor de Deus, Hunter! — começo a ficar vermelha feito um pimentão, sinto isso porque meu rosto queima.

— Quem foi seu primeiro beijo? Exatamente, foi eu e naquele dia você me empurrou na parede, fiquei igual uma lagartixa seca. — caímos na risada de novo e nada de assistir o filme.

— O que a gente tinha na cabeça? Está na cara que eu e você somos coloridas. — questiono realmente em dúvida.

— Admite que eu sou um gostoso e o beijo foi ótimo. — se gaba me fazendo revirar os olhos — Pega leve com a Babycakes, okay? Ela é pequenininha, um mini bebê.

— Já ouviu o ditado "Dessa água eu nunca beberei!"? Acho que nunca vou matar minha sede nela. — mastigo a pipoca sem muita vontade.

— Ihhh... Está uma gay emocionada, hein! Você nunca nem deu em cima da garota, Emma. — eu tenho que concordar com ele — A situação de vocês é complicada, são melhores amigas em meio a uma mentira e para piorar, vocês são duas gays sem atitudes!

— É, eu beijo ela e se não for recíproco eu tomo uma dentro do meu... Deixa baixo! — resmungo fazendo Doohan rir — Ela é tão linda e divertida, Hun...

— Eu tenho que concordar, se eu fosse hétero... Deus me livre! — faz uma expressão de nojo engraçada — Não consigo ter os finalmente, só beijo e olhe lá.

— Me da um beijo, gay! — faço biquinho agarrando Hunter que quase grita desesperado para me afastar e eu consigo arrancar um selinho — Que homossexual gostosa.

— Sua idiota! — começamos a rir e enfim prestarmos a atenção no filme que não vimos o começo.

(...)

Adentro minha casa depois de passar horas na casa do Hun e encontro Isabella fazendo a unha da mamãe e Tommy cuidando do cabelo dela. Beijo os três dando um cheirinho em Tommy que ri se encolhendo e vou para o meu quarto ajeitar algumas coisas minhas.
Quando enfim me jogo na cama, levanto novamente lembrando que tem tarefa da faculdade para terminar, merda. Resmungo feito criança batendo pé e me ajeito na escrivaninha no canto do quarto, é uma pesquisa não vou conseguir fazer sem internet. Me levanto indo atrás da minha salvadora que tem um celular, minha mãe até sugeriu que dividíssemos, mas neguei fingindo desinteresse pelo aparelho, não quero invadir a privacidade dela de jeito nenhum.

— Mãe? A senhora me empresta o celular para eu fazer um trabalho? É rapidinho. — peço um pouco sem jeito e ela sorri me estendendo o aparelho — Obrigada!

— Não precisa ficar pedindo, meu amor. — aceno envergonhada, voltando para o quarto começando a fazer o trabalho.

Em meio a minha dor de cabeça que é essa tarefa, uma notificação chega no celular e vejo que é do Instagram. É de algum famoso fazendo vídeo ao vivo e uma curiosidade me bate. Será que ela tem Instagram? Entro no aplicativo procurando seu nome e encontro, o que me arranca um sorriso é que na descrição está escrito "Babycakes💍", mas não entendi o lance do anel ao lado, Jenna tem algum ficante que a chama assim também? Respiro fundo segurando o possível ciúmes e uma dorzinha de tristeza no peito ao pensar nessa possibilidade.
  Começo a ver algumas fotos, todas lindas obviamente até que uma me chama atenção, clico em cima e olho toda a foto vendo Jenna embolada em uma bandeira lgbt feito um canudinho de doce de leite e em baixo na descrição "eu apenas amo". Encontrei mais algumas fotos suspeitas e que me deixaram surpresa até, mas o que me chamou atenção mesmo foi uma foto nossa postada a qual eu estou deitada com a cabeça no colo dela e Jenna me faz carinho nos cabelos. Eu lembro desse dia, estávamos na aula de basquete mas preferimos não fazer nada nesse dia e eu ganhei uma sessão de carinhos da morena. A frase embaixo da foto me fez sorrir feito uma idiota que sou "Se você tem a melhor pessoa, não deixe de fazer o melhor por ela" eu sou tão boiola e gay, não vou mentir, tudo nesse perfil está me deixando radiante.
  Saio dessa vida iludida e volto a fazer meu trabalho para finalizar o restante, mas eu ainda fico pensando no perfil da Jenna e na frase dedicada a mim.

(...)

— E aí, gata! — imito um garoto jogador de basquete e prendo Ortega contra o armário da universidade —Tudo bem?

— Você não combina como garoto idiota, Emms. — ela ri e eu acompanho me afastando — Estou bem e você?

— A garota mais bonita de Los Angeles está andando comigo, creio que estou ótima. — imito um flerte e Ortega fica vermelha.

— Que galanteadora... — me puxa para mais perto e beija minha bochecha, o que me deixa mole mole — Assim eu me apaixono, Myers!

— Vocês são esquesitas. — Hilary quase mata a gente de susto tirando nós duas da nossa bolha — Vamos para um rolê no shopping amanhã?

— Fechou! As quatro da tarde? — Jenna combina com a morena enquanto eu me mantenho quieta, como sempre — Estaremos lá!

— O que? — questiono alarmada vendo Hilary sair saltitante pelo corredor — Eu não vou poder ir, não dá.

— Não vou aceitar nenhuma desculpa mais, você vai sair com a gente já está decidido. — por todas as nuvens, por todo céu, eu não queria brigar com ela.

— Não da... — nego, os olhos pretos intensos me avaliam por alguns segundos longos e isso me faz tremer — M-Minha mãe cortou meus cartões e tudo que é regalia.

— Eu te busco em casa e eu tenho dinheiro, não se preocupe. — acha uma solução que para mim é o fim.

— Não é não, Ortega. — notei que fui grossa no momento em que vi a tristeza chegar em seus olhos escuros — E-Eu...

— Tem vergonha de mim, né? Não gosta de sair com a gente, não tem celular, ou talvez tenha mas não queira contato com ninguém e toda vez é isso! Eu sei que sou uma garota descolada, meio perturbada, gótica as vezes e que gosta de garotas, tudo o que provavelmente você odeia. — o tamanho da merda que fiz apareceu quando ela continuou falando — Foi tão legal me divertir com você fora da universidade, mesmo que tenha sido em uma droga de metrô lotado e tem um ano que você leva essa amizade no parcial, Emma. Quer mesmo ser minha amiga? Ou isso tudo é só para manter uma imagem?

— Se tem uma coisa na minha vida que é verdadeira, com toda certeza é a nossa amizade. — sinto um nó se formar na minha garganta de imediato. 

— Então amanhã às quatro da tarde a gente vai ao shopping se divertir! — respiro fundo e acabo concordando obrigada, fiquei totalmente sem saída pela primeira vez.

— Vamos de radical? Te encontro na estação do seu condomínio. — seus olhos se iluminam quando sugiro e Jenna pula em meu pescoço.

— Sim! — sorrio fraco contra seu ombro e aceno para que caminhamos para a sala de aula.

Estou com um pressentimento ruim de que a qualquer momento essa mentira vai cair e eu sei que não estou preparada. Quando descobrirem vão ser pontapés todos os dias, bullying, façanhas no armário, brincadeiras com tintas, balde de água, prender no armário, dar toquinho no pé quando estiver distraída e só Deus sabe mais o que. Os únicos que passam por isso são os bolsistas e como eles sofrem, as vezes sinto um arrepio passar pelo meu corpo quando presencio tal cena, em breve será eu ali. Não sei o que eu tinha na cabeça ao pensar que conseguiria levar isso por seis anos, estou no início do segundo e já está prestes a desmoronar tudo.
Resmungo baixinho na minha carteira enquanto coço a merda do pulso o vendo com um arranhado e toda área com vermelhidão. Cubro com minha blusa fina de frio e foco na aula que já se iniciou, preciso aguentar o máximo que for.