2 Vida real

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POV Emma






— Hoje vamos ficar roxas, Marie! — minha mãe conversa com a mãe de Hunter enquanto eu me concentro em não estragar o tecido — Emma também.

— Sorte que estamos de máscaras, essa poeira de tecido roxo mata qualquer um. — Joyce ri junto as demais mulheres, do outro lado fica os homens com o serviço de empacotar e jogar para o caminhão.








Eu queria empacotar também, é menos chato e eu até tentei fazer parte do grupo deles, mas eu só não sabia que cada pacote pesa mais que duas de mim. Na primeira tentativa eu quase pari uma criança que nem tinha ao tentar tirar o pacote do chão e na segunda e última, William jogou um para mim do caminhão e adivinhem, sim, fui com pacote e tudo para o chão. Desde esse dia eu me concentrei em limpar e organizar tecidos, só Deus sabe o quanto Hunter riu de mim nesse dia, essa gay desalmada que mal aguenta também.








— Olha o que eu consegui para nós, lobinha! — Doohan chega perto do nosso grupo e tira um pendrive do bolso — Cinco filmes gravados, filmes novos!

— Que máximo, Hun! — bato palminhas contente. Juntamos uma graninha para conseguir as últimas edições de alguns filmes e enfim ele conseguiu trazer.

— Me ajuda a empurrar os carrinhos ali. — acena com uma expressão de que tem algo a me contar, deixo o tecido em minhas mãos de lado e acompanho ele para o outro canto do balcão.

— O que foi? — pergunto desconfiada arrastando os carrinhos para empilhar junto com ele.

— Então... Eu não tenho certeza, mas eu acho que vi os Ortegas por essas bandas. — avisa com cautela e eu arregalo os olhos — Respira, você está ficando pálida!

— O que eles fazem aqui? — quase entro em desespero mas tento disfarçar — Se Jenna me ver aqui e abrir o bico, eu estou fodida naquele inferno de faculdade!

— Ela não vai descobrir nada, calma! — acaricia os meus braços e eu respiro fundo várias vezes — Eles devem estar associando com alguém daqui, a filha não deve nem estar com eles.

— Ela trabalha meio período para eles. — conto, Hunter faz uma careta e continua por um tempo tentando me acalmar.







Surtei em silêncio por bons minutos e depois continuei meu trabalho, mamãe notou minha troca de humor e comentou sobre eu estar assim, mas só expliquei que era preocupação com o estudo.
  No final do expediente caminhamos de volta para casa conversando com Marie e Hunter, a cada carro que aparecia nas ruas eu praticamente colocava Doohan na minha frente, o filho da mãe ria feito hiena de mim e nossas mães sem entender nada.
   Nos despedimos dos Doohan's e adentramos nossa casa, minha tia praticamente correu dizendo que estava atrasada para um encontro com um boy esportivo. Liberei minha mãe para o banho e fiquei com os pequenos, Isabela logo grudou em mim no sofá e Tommy aproveitou para pegar os brinquedos da irmã e juntar com os seus, formando uma pilha.
   Meu maior medo em relação a minha família é não poder realizar nossos sonhos, minha prioridade é fazer eles felizes, eu preciso disso e sei que meu pai faria de tudo para tornar isso uma realidade também. Somos felizes com o que temos, mas não é o suficiente quando se tem duas crianças em casa, quero poder chegar em casa com guloseimas de diferentes tipos, um bom lanche para eles, crianças gostam disso. Sair para lugares legais, comprar presentes, tornar a infância deles feliz e normal. Não tem sido fácil administrar tudo, medicina acaba com o psicológico de qualquer um e quando você tem que ser algo que não é por medo das consequências, tudo fica mais difícil.
  No começo foi apenas uma mentirinha ali e aqui, quando percebi já tinha virado uma bola de neve e para a escola eu era só mais uma garota bem de vida que não gosta de viver socialmente.







— Pode ir tomar banho, meu amor. — mamãe me assusta ao retornar para a sala enxugando os cabelos.

— Vou dar banho neles e tomo o meu, pode ir descansar. — carrego Isabella que está mais sonolenta e dou um bom banho neles, certeza que a sujeira é da escolinha.







Depois da geral neles, os vesti com pijamas iguais e fofinhos só que de cores diferentes, mamãe fez a janta e enquanto isso eu fui tomar o meu banho. Encarei meu reflexo no espelho e fiz careta ao ver os bicos dos meus seios sensíveis, era nítido a vermelhidão nos mamilos. Choramingo sabendo que o mar vermelho está próximo e o pior disso tudo é a sensibilidade que sinto lá embaixo, a forma como eu desejo Jenna vinte e quatro horas por dia não está escrito.
   Tomo meu banho para relaxar os músculos e tiro o máximo de manchas roxas do meu corpo por causa do trabalho. Me arrumei devidamente e passei meus protetores corporais, gosto de me cuidar da melhor forma possível. Fui para a cozinha encontrando meus irmãos à mesa comendo sopa de legumes com frango, acompanhei eles quando minha mãe terminou de servir.






— Mamãe... — Tommy murmura um pouco acanhado e eu suspiro já sabendo que é para pedir algo, mas seu receio é grande — A tia montou uma festinha na sala e pediu para a gente ajudar com alguma coisa.

— Tudo bem, meu bebê. — mamãe sorri tranquila, mas sei que seu coração está apertado como o meu.






Tommy não deveria ter medo de pedir e eu sei que esse receio vem porque ele vê muito eu e mamãe combinando o que pode ou não comprar a cada mês. Escuto o celular da minha mãe apitar e em seguida ela me entregar dizendo ser Hunter.
  Ligo para ele enquanto finalizo o meu jantar, essa gay atende me contando direto que os Ortegas viraram sócios da construção aonde seu pai trabalha, por isso eles estavam por essa área. Desconheço pessoa mais fofoqueira e informativa que Doohan.







Amiga, conta logo a verdade para o seu chaveirinho! Você não disse que ela é diferente das outras? Confie nela e beija aquela boca! — escuto um pequeno baque e noto que o mesmo bateu em alguma superfície — Ai...

— Ela é carinhosa, uma boa pessoa... Mas Hunter, ela tem uma vida totalmente diferente da minha e nenhum dos amigos dela tem condições financeiras baixas, isso significa que ela não lida com pessoas do meu nível. Jenna lida comigo pelo o que eu apresento ser e não o que sou de verdade! — digo tudo após sair da mesa e ir para o meu quarto, respiro fundo sentindo a mesma dorzinha de sempre no meio do peito — Eu tenho medo da rejeição dela, é o meu maior medo.

Eu te entendo, ser rejeitada em vários níveis pela pessoa que está apaixonada dói mais que uma facada. Como essas "amigas" sua não desconfiaram de nada? Você não sai com elas, raramente na verdade, não tem celular... Rede social? Sabe nem o que é isso! — busca alguma explicação, na verdade nem eu entendo aquelas garotas.

— Estão mais preocupadas com a vida social delas. Por falar nisso, faz uma semana que Jenna não para de me pedir para comprar um celular, ela diz que tenho que parar de ser tão antisocial e pelo menos conversar mais com ela fora da universidade. — resmungo, escutando Hunter rir de mim.

Ela quer mandar nudes, mas você não facilita o trabalho da coitada! — sinto meu rosto queimar com o que o idiota diz.

— Ela é um anjo, seu gay! Enfim, amanhã podemos ver os filmes, hun? Hoje eu estou totalmente e completamente exausta. — explico me jogando na cama.

Combinado, puguenta! Estou tentando conseguir um celular diferente, pretendo dividir de trinta e seis vezes se for preciso, se você quiser esse que uso, está em perfeito estado! — um sorriso cresce em meus lábios ao escutar o mais velho, Hunter é tão fofo.

— Você é incrível, sabia? O melhor de todos! — ficamos só mais alguns minutos conversando e logo me despedi devolvendo o celular para minha mãe, que queria fofocar com Marie.

The best of me-JemmaOnde histórias criam vida. Descubra agora